Thursday, September 21, 2006

Propagadores de mentiras

Jornal de Piracicaba
OPINIÃO » OPINIÃO PÚBLICA
12/09/2006 » 21h40
PolíticaPropagadores de mentiras
Nos escritos de Voltaire temos o seguinte questionamento: “Acredita, perguntou Cândido, que os homens sempre se tenham massacrado mutuamente, como o fazem hoje? Que sempre tenham sido mentirosos, velhacos, pérfidos, ingratos, malfeitores, fracos, volúveis, covardes, invejosos, gulosos, bêbados, avarentos, ambiciosos, sanguinários, caluniadores, devassos fanáticos, hipócritas e tolos?” (Voltaire, 1998, 101). Seguindo a reflexão de Voltaire, por meio do personagem Cândido podemos perceber que os homens são gaviões comedores de pombos que se massacram mutuamente entre si em torno do poder e da dominação pessoal, do controle e das organizações autoritárias que se perpetuam na vida pública da sociedade brasileira com relações tiranas.Nas palavras de Chevalier de Jaucourt, “É o uso de um poder que é exercido contra as leis, em detrimento público, para satisfazer sua ambição particular, sua vingança, sua avareza e outras paixões desregradas, prejudiciais ao Estado. E, sobre a cabeça de 1 milhão de homens que esmaga, eleva o colosso monstruoso de alguns favoritos que a servem” (Diderot e D’Alembert, 2006, 312). Observando o palco do cenário político brasileiro é perceptível a degradação da esfera pública pela influência do poder autoritário e personalista dos nossos políticos divulgadores de propagandas mentirosas com suas generalizações imaginárias de um mundo fictício capaz de medir forças com o mundo real –– criando ilusões lógicas, organizadas e coerentes de um mundo inexistente com aquelas estatísticas alucinatórias da nossa vida cotidiana que produz números cabalísticos capazes de enriquecer a classe média em propagandas eleitorais. A mentira é o conteúdo proposto por nossos espalhadores de propagandas e, como Platão questiona, “Os que mentem voluntariamente são melhores do que os que o fazem sem o querer?” (Platão, 2001, 371). Se nos orientarmos pelo argumento de Platão podemos confirmar a reflexão de Voltaire ao argumentar que somos malfeitores quando mentimos e ludibriamos alguém.E os políticos –– candidatos à Presidência, ao governo do Estado, à Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa, são o quê? Malfeitores por mentirem tanto e nada fazerem para o bem público? Ou são simplesmente homens embusteiros, mercadores de negócios ilícitos, viciados, bestas-feras que carecem do exercício da cidadania e que regulam a vida em comum? Essa é uma questão para se pensar, refletir e analisar ao fotografar as cenas da vida política brasileira, que vive da exploração das riquezas e conquistas públicas em benéficos privados.Em tempos de eleições, temos que ter cuidado com políticos salvacionistas e que enchem nossos corações de alegria e esperança, mas não têm nenhuma proposta possível de se realizar.Daner Hornich é mestre em filosofia e professor.

Tuesday, September 12, 2006

Qual justiça? Qual racionalidade?

OPINIÃO » OPINIÃO PÚBLICA
01/06/2006 » 21h37
ReflexãoQual justiça? Qual racionalidade?
Qual justiça? Qual racionalidade? –– destruíram a cidade –– “uma explosão comercial, pragmática, calculada, do gosto pelo horror, ou melhor, do mau gosto pelo horror, o mundo sem gosto” (Matos, Olgária. “Vestígios”, 1998, 62). Destruíram pilares –– “uma ordem destruidora e desagregadora do homem, um atentado ao futuro do homem, um sinal de cansaço, um caminho sinuoso para o nada” (Nietzsche, Friedrich. “Genealogia da Moral”, 1998, 65).Qual justiça? Qual racionalidade? Eliminaram nossas ações pelo terrorismo e pela ideologia; destruíram nossas individualidades. “O perigo das fábricas de cadáveres e dos grandes poços do esquecimento é que hoje, com o aumento universal das populações e dos desterrados, grandes massas de pessoas constantemente se tornam supérfluas se continuamos a pensar em nosso mundo em termos utilitários.Os acontecimentos políticos, sociais e econômicos de toda parte conspiram silenciosamente com os instrumentos totalitários inventados para tornar os homens supérfluos” (Arendt, Hannah. “Origens do Totalitarismo”, 1989, 510). Deixamos de falar, de rir, de olhar, de sentir e de pensar, e de querer e de julgar.O cenário tem novos contornos de barbárie, tempos sombrios. Qual justiça? Qual racionalidade? “Espera-se que finjamos para nós mesmos que as classes e contradições de classes já não existem mais ou não mais importam” (Meszáros, István. “Para Além do Capital”, 2002, 39).Memória, bendita memória, quero encontrar-me com Atenas, olhe o nosso retrato, escute o nosso relato sobre a banalidade do mal. Quem são nossas crianças? Quem são os nossos garotos? Quem são? Quem são? Serão propagandas de refrigerantes?Qual justiça? Qual racionalidade? Destruíram nossas praças. Homens e crianças têm armas nas mãos, armas que simbolizam o prazer de matar. Por que tanta intolerância? Sua manifestação é visível, seu vestido é guerra, sua face esta suja de sangue da violência, seu cálice é a destruição. Você usa da força –– vontade de poder e dominar ––, mas que poder é esse? O que elimina as pessoas com bombas? Perdemos a medida e o parâmetro, o caos povoa o nosso imaginário e a ditadura, os nossos olhares.Qual justiça? Qual racionalidade? “O preço que os homens pagam pelo aumento de seu poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder” (Horkheimer, Max. “Dialética do Esclarecimento”, 1985, 24). A democracia esvazia-se e a nova ordem se estabelece: totalitarismo, sistema de destruição, campo de concentração, propaganda de massa, câmara de gás, poder paralelo, tráfico de drogas, guerra civil, corrupção. Somos a marca de um tempo. “A cegueira alcança tudo, porque nada compreende” (Horkheimer, Max. “Dialética do Esclarecimento”, 1985, 24).Qual justiça? Qual racionalidade? A ignorância ronda nossos olhos, penetra nossa alma; a irracionalidade se apodera das mentes corrompendo e banalizando a razão, que não é instrumento de poder, de dominação de mercado e de cálculo empresarial, mas é possibilidade emancipadora, que trava uma guerra contra o fanatismo, o fundamentalismo, a impunidade, a ausência de transparência, a corrupção e a ordem estabelecida pelos ditadores econômicos –– que seduzem a grande massa com o encanto e a feitiçaria, magos e gnomos, sofistas e “tecnocratas palpiteiros”––, que enfeitam esse “cenário emburrecedor” (Romano, Roberto. “O Caldeirão de Medeia”, 2001, 214) da nossa sociedade brasileira. Qual justiça? Qual racionalidade?Um lembrete aos universitários, professores e pesquisadores conformados com as atrocidades humanas e seus significados políticos: “O direito da intolerância é, pois, absurdo e bárbaro; é o direito dos tigres, e bem mais horrível, pois os tigres só atacam para comer, enquanto nós exterminamo-nos por parágrafos” (Voltaire “Tratado sobre a Violência”, 2000, 34)Daner Hornich é mestre em filosofia (PUC-SP) e professor

Tuesday, September 05, 2006

ReflexãoNossos crimes e nossas tolices

OPINIÃO » OPINIÃO PÚBLICA
26/04/2006 » 21h43
ReflexãoNossos crimes e nossas tolices
Voltaire no livro sobre: “Deus e os homens”, entre outras reflexões, expõem o comportamento dos homens no texto: “nossos crimes e nossas tolices” argumenta que “em geral, os homens são tolos, ingratos, invejosos ávidos do bem alheio, abusam de sua superioridade quando são fortes e velhacos quando são fracos” (Voltaire, 2000, 1).Refletindo sobre a argumentação de Voltaire pode-se imaginar quem são em geral os nossos políticos, não que todos sejam farinha do mesmo saco, mas que a maioria dos nossos políticos são criminosos e cometem tolices espoliando e comentando falcatruas contra o povo brasileiro com ações tolas, ingratas e carcomida pela inveja ávida do bem alheio, como argumentaria Voltaire.Pode-se ratificar com Voltaire que na política brasileira estamos vivendo tempos de guerra. Dentro do Estado brasileiro vivemos uma crise de credibilidade e legitimidade; dentro do Estado de Direito, por ausência de transparência no trato das coisas públicas e por desrespeito ao cidadão, numa guerra ideológica de espoliação e imprudência. Voltaire questiona e argumenta: “Por que estamos em guerra desde tanto tempo? Por que cometemos esses crimes sem nenhum remorso? Faz-se guerra unicamente para colher o trigo que outros semearam, para ter seus carneiros, seus cavalos, seus bois, suas vacas e seus móveis é a isso que tudo se reduz, pois é esse o único princípio da riqueza” (Voltaire, 2000, 2).Pergunto: por que estamos nessa guerra que prima pela ausência de ética nas nossas relações políticas? Serão esses os princípios de todos os nossos políticos o da espoliação, da roubalheira, do abuso de poder, da corrupção e da violência como transgressão das coisas públicas em benefícios privados dos nossos representantes no Estado de Direito brasileiro? Para responder tais questões acima, pode-se imaginar a situação do nosso país tirando uma fotografia das nossas escolas, universidades, postos de saúde, habitação, estradas, emprego, polícia, poder paralelo do tráfico de drogas, desenvolvimento econômico, congresso nacional, dos nossos magistrados, sem contar a corja de empresários bandoleiros que vivem da exploração dos trabalhadores brasileiros e da sonegação de impostos que empobrecem o bem público. Citando o nosso iluminista Voltaire pode-se acrescentar que o retrato atual do governo brasileiro é o da matança do cidadão disseminada por “esses atos de banditismo públicos e secretos que desolaram famílias; as calúnias, as ingratidões, a insolência do forte, a velhacaria do fraco” (Voltaire, 2000, 4).A bandeira do nosso governo é a do crime contra o Estado de Direito na calada da noite, na mesada do Valério aos representantes do povo, nos votos secretos, na dança da corrupção, do tapa-buraco das nossas péssimas estradas, das propinas financeiras e estratégicas na aprovação do Orçamento. Em algumas imagens, fotografadas da nossa república, devemos mirar a lama e não o petróleo, a desgraça, o terror, o desrespeito e a corrupção dos nossos políticos que estupram os bons costumes do nosso país.
Daner Hornich é mestre em filosofia e professor.

Friday, September 01, 2006

Por que Heloísa

Recebi esse artigo do professor Hamilton Garcia – e concordo com o artigo.
Acorda Brasil!

Por que Heloísa
Carlos Lessa, economista • Carlos Nelson Coutinho, cientista político • Chico de Oliveira, sociólogo • Dom Tomás Balduíno, bispo católico • Leandro Konder, filósofo • Guilherme Arantes, músico • Leda Paulani, economista • Paulo Arantes, filósofo • Reinaldo Gonçalves, economista • Ricardo Antunes, sociólogo • Vital Farias, músico • Ziraldo, cartunista
Nossa existência, como Nação soberana e sociedade organizada, está em perigo. Há 25 anos a renda nacional por habitante parou de progredir. Uma geração inteira nunca viu o Brasil se desenvolver. Cerca de 65% dosnossos jovens, entre 14 e 24 anos, não estudam nem trabalham. O crime organizado avança. Não podemos perder mais tempo. O PSDB governou o Brasil durante oito anos e agravou a crise brasileira.O PT não teve coragem para mudar.Entre janeiro de 2002, quando tomou posse, e junho de 2006 o governo Lula destinou R$ 530 bilhões para remunerar especuladores financeiros, discretamente, enquanto usou R$ 30 bilhões no Programa Bolsa Família, tão divulgado.A grande maioria dos políticos, no exercício de mandatos, foi cúmplice disso.A senadora Heloísa Helena foi exceção.Por defender os compromissos que havia assumido em campanha, foi expulsa injustamente do PT. Mas soube reagir. Em poucos meses, percorrendo o Brasil, sem financiamentos suspeitos, sem cabos eleitorais remunerados, sem apoio dos grandes meios de comunicação, ajudou a recolher nas ruas 500 mil assinaturas de cidadãos e cidadãs, necessárias para legalizar o Partido do Socialismo e Liberdade (P-SOL).A trajetória de Heloísa nos comove. Sua campanha nos reanima. Permite que reencontremos valores que desapareceram da política brasileira, como simplicidade, honestidade e verdade.Heloísa Helena não mente, não rouba e não trai.Tem apoio de militantes idealistas, de intelectuais honestos, de cidadãosconscientes. Não vote contra o Brasil nem anule seu voto. Ajude essa grande brasileira - mãe, enfermeira, professora universitária, senadora - a cumprir a sua missão, que também é a nossa. A missão de resgatar o nosso orgulho de ser brasileiros e construir o país dos nossos sonhos.Entre na campanha como for possível. Reúna os amigos. Converse com todos, em casa, no trabalho, nas ruas. Some-se a nós.Ajude-nos a ajudar o Brasil, é tudo o que pedimos. Cada novo voto conquistado nos aproxima da hora da virada.
Heloísa Helena, 50 Presidente do Brasil
-- Hamilton Garcia (Sociólogo, Cientista Político e Historiador)

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...