Saturday, December 05, 2009

Contraponto e visões diferentes sobre as questões públicas da sociedade brasileira II

Contraponto e visões diferentes sobre as questões públicas da sociedade brasileira.


Contextualizar é bom começo para ter um posicionamento em questão:

Não sou partidário dos Jornais da TV Globo e muito menos da Revista Fórum que também realiza o seu monólogo com seus especialistas. O interessante é ver, pensar, refletir, analisar e julgar os diversos pontos de vistas, por diversas pessoas que estudam sobre a sociedade brasileira e suas mazelas, por diversos pontos, como: econômico, político, filosófico, histórico, sociológico, físico, biológico, químico, matemático (modelagens) e mediático.
Apesar de não concordar com a visão do Demétrio Magnoli e Marco Antonio Villa (não conheço o pensamento da Antropóloga Yvonne Maggie) são expositores de uma visão de mundo e que também tem sua lógica e que podemos discordar das suas análises históricas, geográficas e raciais (o importante do ponto de vista acadêmico é analisar quais sãos as limitações lógicas desses autores – e isso o autor do artigo não fez, pois o artigo caminha pela proposta do ataque pessoal (tanto quanto parece ser a visão do autor sobre os seus algozes).
Sobre o Roberto Romano conheço os seus artigos, ensaios e livros, mesmo não sendo conhecido internacionalmente – que filósofo era conhecido internacionalmente em sua época? Habermas, Apel, Adorno, Heidegger, Marx, Hegel, Kant, Descartes, F. Bacon, Maquiavel, Erasmo, Aristóteles, Platão, Sócrates. Conheço boas reflexões filosóficas que provavelmente nunca vão estar na mídia por pessoas que talvez nem seja conhecida regionalmente, mas isso não desqualifica a reflexão e o debate ou desqualifica?
O autor do artigo não demonstra qual é o limite lógico das proposições do Romano ou argumenta? Isso sim seria um debate interessante e acadêmico – (demonstrar os limites lógicos das proposições dos debatedores) que gostaríamos de ver, analisar, ponderar e julgar e que não vemos mais na universidade e em outras esferas da sociedade brasileira.
Podemos verificar que o artigo do Idelber Avelar não verifica as bases que fundamenta as visões dos autores, muito menos vi em aulas o próprio professor de filosofia qualificar-se como o maior filósofo brasileiro e nem mesmo em seu blog como fui verificar e muito menos os seus artigos que versa sobre posicionamento fundamentado por uma tradição de pensadores iluministas, renascentistas, cristãos e antigos, como Platão e Aristóteles (uma análise do ponto de vista das bases e dos fundamentos dos textos do Romano - verificar as análises do Newton Bignotto, da UFMG sobre o seu livro O caldeirão de Média).
Em síntese, as visões continuam monolíticas seja na monopolizadora TV Global e na Revista Fórum – só que com pontos de vistas diferentes (o problema é o de alcance mediático).
Mas, podemos concordar em algumas coisas, que é o de questionar e duvidar sempre das visões monopolizadoras (até mesmo as dos cacifes que escrevem na revista Fórum e não só da TV Globo), para criar possibilidades de conhecimento divergentes em questão, a partir de suas limitações e proposições lógicas.
Contudo, não podemos desqualificar o pensamento da Marilena Chauí, por conta da suas opções partidária que se fundamenta em proposições lógicas e reflexões filosóficas da política brasileira, com ataques pessoais, mas com argumentos a suas proposições, para não ficar no jogo da vaidade como em algum momento lembrou Montaigne.

Daner Hornich

Contraponto e visões diferentes sobre as questões públicas da sociedade brasileira: ver, análisar e julgar as duas visões

Notícias


Acadêmicos amestrados

Por Idelber Avelar [Quarta-Feira, 2 de Dezembro de 2009 às 16:26hs]

Se um marciano aterrissasse hoje no Brasil e se informasse pela Rede Globo e pelos três jornalões, seria difícil que nosso extra-terrestre escapasse da conclusão de que o maior filósofo brasileiro se chama Roberto Romano; que nosso grande cientista político é Bolívar Lamounier; que Marco Antonio Villa é o cume da historiografia nacional; que nossa maior antropóloga é Yvonne Maggie, e que o maior especialista em relações raciais é Demétrio Magnoli. Trata-se de outro monólogo que a mídia nos impõe com graus inauditos de desfaçatez: a mitologia do especialista convocado para validar as posições da própria mídia. Curiosamente, são sempre os mesmos.

Se você for acadêmico e quiser espaço na mídia brasileira, o processo é simples. Basta lançar-se numa cruzada contra as cotas raciais, escrever platitudes demonstrando que o racismo no Brasil não existe, construir sofismas que concluam que a política externa do Itamaraty é um desastre, armar gráficos pseudocientíficos provando que o Bolsa Família inibe a geração de empregos. Estará garantido o espaço, ainda que, como acadêmico, o seu histórico na disciplina seja bastante modesto.

Mesmo pessoas bem informadas pensaram, durante os anos 90, que o elogio ao neoliberalismo, à contenção do gasto público e à sanha privatizadora era uma unanimidade entre os economistas. Na economia, ao contrário das outras disciplinas, a mídia possuía um leque mais amplo de especialistas para avalizar sua ideologia. A força da voz dos especialistas foi considerável e criou um efeito de manada. Eles falavam em nome da racionalidade, da verdade científica, da inexorável matemática. A verdade, evidentemente, é que essa unanimidade jamais existiu. De Maria da Conceição Tavares a Joseph Stiglitz, uma série de economistas com obra reconhecida no mundo apontou o beco sem saída das políticas de liquidação do patrimônio público. Chris Harman, economista britânico de formação marxista, previu o atual colapso do mercado financeiro na época em que os especialistas da mídia repetiam a mesma fórmula neoliberal e pontificavam sobre a “morte de Marx”. Foi ridicularizado como dinossauro e até hoje não ouviu qualquer pedido de desculpas dos papagaios da cantilena do FMI.

Há uma razão pela qual não uso aspas na palavra especialistas ou nos títulos dos acadêmicos amestrados da mídia. Villa é historiador mesmo, Maggie é antropóloga de verdade, o título de filósofo de Roberto Romano foi conquistado com méritos. Não acho válido usar com eles a desqualificação que eles usam com os demais. No entanto, o fato indiscutível é que eles não são, nem de longe, os cumes das suas respectivas disciplinas no Brasil. Sua visibilidade foi conquistada a partir da própria mídia. Não é um reflexo de reconhecimento conquistado antes na universidade, a partir do qual os meios de comunicação os teriam buscado para opinar como autoridades. É um uso desonesto, feito pela mídia, da autoridade do diploma, convocado para validar uma opinião definida a priori. É lamentável que um acadêmico, cujo primeiro compromisso deveria ser com a busca da verdade, se preste a esse jogo. O prêmio é a visibilidade que a mídia pode emprestar – cada vez menor, diga-se de passagem. O preço é altíssimo: a perda da credibilidade.

O Brasil possui filósofos reconhecidos mundialmente, mas Roberto Romano não é um deles. Visite, em qualquer país, um colóquio sobre a obra de Espinosa, pensador singular do século XVII. É impensável que alguém ali não conheça Marilena Chauí, saudada nos quatro cantos do planeta pelo seu A Nervura do Real, obra de 941 páginas, acompanhada de outras 240 páginas de notas, que revoluciona a compreensão de Espinosa como filósofo da potência e da liberdade. Uma vez, num congresso, apresentei a um filósofo holandês uma seleção das coisas ditas sobre Marilena na mídia brasileira, especialmente na revista Veja. Tive que mostrar arquivos pdf para que o colega não me acusasse de mentiroso. Ele não conseguia entender como uma especialista desse quilate, admirada em todo o mundo, pudesse ser chamada de “vagabunda” pela revista semanal de maior circulação no seu próprio país.

Enquanto isso, Roberto Romano é apresentado como “o filósofo” pelo jornal O Globo, ao qual dá entrevistas em que acusa o blog da Petrobras de “terrorismo de Estado”. Terrorismo de Estado! Um blog! Está lá: O Globo, 10 de junho de 2009. Na época, matutei cá com meus botões: o que pensará uma vítima de terrorismo de Estado real – por exemplo, uma família palestina expulsa de seu lar, com o filho espancado por soldados israelenses – se lhe disséssemos que um filósofo qualifica como “terrorismo de Estado” a inauguração de um blog em que uma empresa pública reproduz as entrevistas com ela feitas pela mídia? É a esse triste papel que se prestam os acadêmicos amestrados, em troca de algumas migalhas de visibilidade.

A lambança mais patética aconteceu recentemente. Em artigo na Folha de São Paulo, Marco Antonio Villa qualificava a política externa do Itamaraty de “trapalhadas” e chamava Celso Amorim de “líder estudantil” e “cavalo de troia de bufões latino-americanos”. Poucos dias depois, a respeitadíssima revista Foreign Policy – que não tem nada de esquerdista – apresentava o que era, segundo ela, a chave do sucesso da política externa do governo Lula: Celso Amorim, o “melhor chanceler do mundo”, nas palavras da própria revista. Nenhum contraponto a Villa jamais foi publicado pela Folha.

Poucos países possuem um acervo acadêmico tão qualificado sobre relações raciais como o Brasil. Na mídia, os “especialistas” sobre isso – agora sim, com aspas – são Yvonne Maggie, antropóloga que depois de um único livro decidiu fazer uma carreira baseada exclusivamente no combate às cotas, e Demétrio Magnoli, o inacreditável geógrafo que, a partir da inexistência biológica das raças, conclui que o racismo deve ser algum tipo de miragem que só existe na cabeça dos negros e dos petistas.

Por isso, caro leitor, ao ver algum veículo de mídia apresentar um especialista, não deixe de fazer as perguntas indispensáveis: quem é ele? Qual é o seu cacife na disciplina? Por que está ali? Quais serão os outros pontos de vista existentes na mesma disciplina? Quantas vezes esses pontos de vista foram contemplados pelo mesmo veículo? No caso da mídia brasileira, as respostas a essas perguntas são verdadeiras vergonhas nacionais.

Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de novembro. Nas bancas.
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Idelber Avelar

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7823 05/12/2009.

Contraponto e visões diferentes sobre as questões públicas da sociedade brasileira.



Entrevista de Roberto Romano ao jornal O Globo, sobre o Blog da Petrobras.

'Terrorismo de Estado'
Para especialista em ética, Petrobras tenta intimidar Congresso e imprensa com blog

Publicada em 10/06/2009 às 10h41m
Tatiana Farah

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SÃO PAULO - Professor titular de Filosofia e Ética da Unicamp, Roberto Romano classificou o blog da Petrobras de uma ação de "terrorismo de Estado" e acusou o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, de tentar garantir um "passaporte para a impunidade", intimidando a imprensa e o Congresso Nacional. Em entrevista ao GLOBO, Romano afirmou que os jornalistas não são "maquinetas de reprodução dos interesses conflitantes" da sociedade.

Qual sua opinião sobre a polêmica em torno do blog da Petrobras?

ROBERTO ROMANO: Não existe polêmica. O que existe é uma ação da direção da Petrobras no sentido de intimidar a imprensa, jornalistas e tudo o mais.

O senhor vê algum problema na criação do blog para a divulgação de perguntas e respostas dadas aos jornalistas antes da publicação das reportagens?

ROMANO: As empresas públicas e privadas têm um serviço de comunicação para divulgar o que a empresa pensa, faz e o que vai fazer, as suas justificativas. É um direito legítimo. É preciso sempre perguntar por que determinado tipo de veículo foi criado. Quando você tem uma página na internet para divulgar a empresa, tudo bem. Mas, nesse caso específico, o que está ocorrendo é um instrumento de ataque, ao mesmo tempo, à imprensa e ao Poder Legislativo. Vai muito além de uma perspectiva de comunicação pública. Nesse sentido, é absolutamente antiético, ilegal e insuportável que uma empresa mantida pelo dinheiro público utilize um instrumento para pressionar o Poder Legislativo e a imprensa.

A empresa também está divulgando os dados antes que a imprensa publique as reportagens. Em sua opinião, por que a Petrobras está fazendo isso?

ROMANO: Chama-se terrorismo de Estado. Não tem outro nome. Estão usando o poder e o dinheiro que lhes é entregue para se impor ao país. Temos aí a Petrobras operando como um Estado dentro do Estado. Isso é o mais grave no meu entender. É como se o presidente da Petrobras fosse um presidente de um Estado dentro do país e que, portanto, tem o direito de intimidar a opinião pública, os meios de comunicação, o Congresso Nacional, sobretudo o Congresso Nacional, tendo em vista o seu passaporte para a impunidade.

Com segurança das informações a serem publicadas e avisando ao leitor, o jornal pode deixar para ouvir a empresa depois de publicar a reportagem, para que não tenha seu material vazado na internet? O que se pode fazer para garantir o direito autoral da reportagem?

ROMANO: O jornal deve publicar a matéria e deixar que eles façam o serviço deles sem dar ampliação ao blog deles. É uma questão muito simples de preservação do autorrespeito profissional de vocês. Vocês devem procurar ouvi-los, colocar na reportagem aquilo que a consciência de vocês recomenda. E eles que se virem com a campanha suja que estão fazendo. Se os jornalistas entram nessa linha da polêmica, legitimam o lado deles. Não existe paridade entre jornalistas, que têm responsabilidade pública, e uma propaganda intimidatória.

O jornalista tem de publicar todas as informações prestadas pela fonte?

ROMANO: De jeito nenhum. A profissão de jornalista é eminentemente intelectual. Uma das funções do intelectual é criticar os dados, sintetizar os dados e interpretar os dados para o leitor. O jornalista não é obrigado a dar a íntegra de uma entrevista. A função do jornalista não é de xerox, vocês não são porta-vozes mecânicos dos interesses vários que se digladiam na sociedade civil e no Estado. O jornalista dá uma interpretação a mais próxima possível do espírito da coisa. Jornalista não é uma maquineta de reproduzir os interesses conflitantes. E, neste caso, bota interesse conflitante nisso.
Petrobras minimiza notícias nas versões internacionais de seu site

Numa aparente tentativa de esvaziar a CPI criada para apurar denúncias contra a Petrobras, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmou segunda-feira que o impacto da investigação no exterior seria "pequeno e limitado". No que depender da empresa que ele comanda, continuará assim. Na contramão do discurso de transparência na internet, a Petrobras adotou critérios diferentes para informar a imprensa brasileira e a estrangeira sobre as polêmicas que envolvem sua gestão.

A tática de ocultar notícias comprometedoras do público externo pode ser conferida numa visita ao site da estatal. Ontem à tarde, os assuntos relacionados à CPI eram tema de quatro das seis principais chamadas da Agência Petrobras de Notícias, que distribui as notas da empresa aos jornalistas brasileiros. Nas versões da página em inglês e espanhol, a investigação passava praticamente batida: a única menção a ela era uma nota de três parágrafos, publicada duas semanas atrás.

Devido ao esforço para evitar a "globalização" da CPI, o jornalista estrangeiro pode ficar sem saber que a estatal criou um blog para contestar denúncias e vazar informações obtidas pelos jornais brasileiros. A polêmica iniciativa simplesmente não é mencionada na "Petrobras News Agency" ou na sua equivalente em espanhol. Todas as versões do serviço são mantidas pela gerência de Comunicação Institucional da estatal, chefiada por Wilson Santarosa.

O site brasileiro ainda destaca notas em que a Petrobras rebate críticas da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e reclama da "maneira condenável" como a imprensa estaria trabalhando. Outra chamada apresenta a transcrição da entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, em que Gabrielli tentou atenuar a repercussão da CPI no exterior.

- Se você faz uma análise da imprensa internacional, deve encontrar uma matéria somente sobre a CPI. Consequentemente, o impacto ainda é muito pequeno, muito limitado, muito concentrado no Brasil - disse Gabrielli.

Quando um dos entrevistadores começou a citar reportagens publicadas na imprensa internacional, Gabrielli o interrompeu, numa nova tentativa de minimizar o impacto das publicações.

- É, mas são duas matérias, inclusive muito genéricas, muito pouco específicas sobre a CPI. Então, consequentemente, enquanto isso não chega a uma discussão mais ampla no mercado internacional, o efeito é pequeno - sentenciou o presidente da Petrobras.
Postado por Roberto Romano às 06:59

Friday, December 04, 2009

Uma sombra de autoritarismo entre nós

Existe uma sombra de autoritarismo entre nós em todas as esferas da nossa sociedade, é só olhar um pouco para as decisões, as posições, as estratégias, as falas (pobres de argumentações, mas com muita mentira) e a ações que permeia as nossas relações nas esferas em que vivemos, na luta diária por existências comum - só para não esquecer, não precisamos de tanques de guerras nas ruas para verificar a ditadura instaurada.

Daner Hornich

As sombras do Autoritarismo

Muitas coisas aconteceram nesse país durante esses tempos, visitas do ditador do Irã, mais uma vez a corrupção apareceu nas filmagens da Polícia Federal e o pequeno timoneiro canta de galo em terras estrangeiras como o novo profeta do apocalipse ambiental, temos jornalista preso no Acre por uma lei de mordaça que não é valida do ponto de vista jurídico, blog proibido de publicar suas opiniões e analises sobre os políticos bandidos desse país que tem juízes que estão perdendo o direito de dizer o direito, para não falar novo messias em seu novo filme: filho do espoliado Brasil.... Vamos acordar Brasil.

Daner Hornich

Thursday, October 22, 2009

O blasfemador da internet

Confira a Entrevista com Andrew Keen o blasfemador da internet que saiu na CULT


O blasfemador da internet


Para Andrew Keen, o fim da "ditadura dos especialistas" com a era digital poderá dar lugar à "tirania das massas"

09/10/2009

Eduardo Socha

Em meados da década de 1990, Andrew Keen era um feliz empreendedor da internet no Vale do Silício (Califórnia), o éden da nova e então promissora economia. Criou várias empresas, algumas não deram certo. Quando chegou o estouro da bolha das "empresas pontocom" em 2001, Keen estava em vias de se transformar no anjo caído do paraíso digital. Resolveu lançar, em 2007, um livro abertamente apocalíptico contra a internet ( O Culto do Amador, publicado neste ano no Brasil).

Polemista habilidoso, ganhou fama rápida na grande imprensa norte-americana como o "anticristo da internet", epíteto que ele mesmo endossa, não sem um discreto sorriso no canto da boca. No livro, o jornalista britânico não economizou sua bem talhada virulência crítica para atacar a chamada web 2.0 - o conjunto de comunidades e serviços on-line que incentivam a participação dos usuários, ou seja, a nebulosa de codinomes (blogs, Facebook, Orkut, YouTube, Twitter, Wikipédia etc.) que aos poucos invade nosso cotidiano.

Controverso e provavelmente oportunista, o subtítulo do livro deixa entrever um ranço à primeira vista conservador - Como Blogs, MySpace, YouTube e a Pirataria Digital Estão Destruindo Nossa Economia, Cultura e Valores. Afinal, não é exatamente o que pensam os adeptos do movimento da livre cultura, que hoje fazem circular termos como Creative Commons, software livre e copyleft, e prometem a revolução cultural por meio da democratização radical da informação. Para Keen, no entanto, as novas tecnologias da web 2.0 e o enfraquecimento da noção de propriedade intelectual representam um perigo devastador para instituições que protagonizaram a difusão da cultura no Ocidente.

Cita como exemplo o colapso gradual dos grandes jornais nos EUA, das grandes editoras, das indústrias fonográfica e cinematográfica. Seria cômodo enquadrá-lo na figura do ressentido que resolveu investir no catastrofismo inconsequente e, claro, rentável. Mas o que parece incomodar no livro de Keen é o fato talvez de ele mesmo ser um insider e se declarar de esquerda. Ainda mora no Vale do Silício e está em contato permanente com os gurus da economia livre e da contracultura californiana. "Muitos dos meus amigos são empreendedores ali. Eu não era um jornalista que deu um passeio na região e chegou à conclusão de que as coisas iam mal", confirma à CULT.

Keen formou-se em história na London University (Inglaterra) e fez pós-graduação em ciência política na Universidade de Berkeley (Califórnia). De passagem pelo Brasil no mês passado, conversou com a CULT sobre as relações entre tecnologia, ideologia e política, a objetividade da imprensa e da informação, e os efeitos da internet na educação.


CULT - Você não acha que há um excesso de alarmismo em sua crítica à cultura da internet, principalmente dos blogs e das redes sociais, como Orkut e Facebook? Afinal, se as novas tecnologias acenam para uma revolução cultural, pode ser que estejamos vivendo um período de adaptação, com distorções iniciais, mas que, a longo prazo, podem concretizar uma efetiva liberdade de expressão...

Andrew Keen - Muito antes de ter escrito meu livro, estudei a história da Europa Oriental, em particular a Revolução Russa, o que me deixou um tanto cético em relação às revoluções. Sempre desconfio de ideias grandiosas e do otimismo das pessoas que defendem argumentos como o fim da história e a revolução democrática.

Dito isso, escrevi o meu livro como uma "subversão da subversão". Até então, tudo o que se falava e escrevia era sobre como a internet iria transformar a humanidade, tornando-nos todos livres, felizes e iguais. Não havia ninguém que questionasse essa ideia. Por isso meu livro foi projetado como uma polêmica e vigorosa reação a esse otimismo.

Confesso que o tom talvez seja um pouco exagerado, mas algo polêmico é, por definição, algo exagerado. Se eu tivesse escrito um livro mais equilibrado que considerasse um a um todos os prós e contras, ninguém o teria lido. Logo depois que meu livro saiu, vários outros foram publicados contendo argumentos muito semelhantes. Não que eu tenha sido tão original nas minhas ideias, mas várias publicações que se seguiram repetiam as coisas que eu tinha dito. Por isso acredito que precisávamos de um debate amplo a respeito desse assunto.

A grande sacada do meu livro é perceber que o novo modelo econômico, a tal "livre economia", não funciona. Uma vez que você dispensa os mediadores e editores, uma vez que qualquer um pode criar conteúdo, o modelo econômico resultante não é viável. O fato de você conseguir colocar um vídeo seu no YouTube não significa que você vá se tornar um produtor profissional, porque ninguém vai pagar por seu trabalho. A mídia sem o papel do editor não é confiável.


CULT - Você disse que a discussão sobre a web 2.0 não é mais tecnológica, e sim política e moral. O que o Google está fazendo hoje é semelhante ao que os monopólios industriais faziam no século 19. Qual a relação, nesse caso, entre tecnologia e ideologia?

Keen - Tecnologia é ideologia. Não quero aqui entrar num debate sobre a definição acadêmica de ideologia. Quando falo em ideologia, estou pensando num conjunto de ideias, ou de ideais, sobre o mundo. Há um excelente livro chamado From Counterculture to Cyberspace [Da contracultura ao ciberespaço], de Fred Turner, um brilhante professor e historiador da tecnologia. O argumento dele é o de que a internet foi criada a partir da inesperada fusão de duas construções ideológicas, dois movimentos ideológicos: o establishment militar, industrial e educacional que emergiu da Guerra Fria e a contracultura política dos hippies do norte da Califórnia, em especial aquela que surgiu em torno da figura de Stewart Brand. Não é coincidência que ambos os grupos tenham tendências libertárias. Muitos norte-americanos que viveram a Guerra Fria tornaram-se obcecados pela ideia de liberdade como oposição ao modelo soviético, ao passo que a cultura hippie defendia ideias semelhantes de questionamento da autoridade. Não surpreende, dessa forma, que a internet, que emergiu como ideologia do cruzamento dessas duas correntes, seja um movimento sem centro, um movimento de arestas que, por definição, não aceita qualquer tipo de autoridade.

Portanto, eu diria que existe uma relação muito íntima entre tecnologia e ideologia e que ela é muito mal compreendida. Muitas pessoas acreditam que acordamos um dia e lá estava a internet, como um inesperado presente de Natal. Para entender a tecnologia, é preciso entender as pessoas que a inventaram.

Também não é coincidência o fato de muitos dos principais ideólogos dessa nova cultura serem "cristãos renascidos" [ born again christians]. Acredito que existe uma forte ligação entre a cristandade dos renascidos e a internet. É só mais uma versão da velha mitologia cristã...


CULT - Talvez por isso você seja o "anticristo da internet"...

Keen - Sim, é por isso [risos]. Essa questão da ideologia é muito importante para mim. Ao contrário do que muitas pessoas acham, não sou um conservador. Considero-me politicamente de esquerda, mas não sou
hippie e acredito que a esquerda deva repensar sua maneira de lidar com a autoridade. Simpatizo com algumas das ideias que surgiram nos anos 1960, entretanto, vejo como problemática essa tendência anarquista de contestar toda e qualquer forma de autoridade. É a velha discussão entre Marx e os anarquistas, e estou obviamente do lado de Marx. É necessário um partido, uma estrutura. Não sou nenhum Stalin: acredito que é possível acreditar na autoridade sem ser um Stalin.


CULT - Já que você falou de política, quais os impactos mais visíveis da internet nesse campo? Recentemente, tivemos um debate no Brasil sobre a regulação da internet para as eleições do próximo ano. O que pensa a respeito da regulação?

Keen - Não conheço a situação brasileira, mas acho que provavelmente seria contrário à propaganda política em blogs, porque ela facilitaria a corrupção. O problema é que a palavra blog hoje é vazia de significado, dada a diversidade de páginas que recebem esse nome. Ficaria muito preocupado com a propaganda política feita nesses blogs anônimos, que, a meu ver, levaria à corrupção e também porque a cada dia se torna mais confusa a distinção entre o que é um editorial e o que é pura propaganda.

Há uma esperança de que a internet vai transformar a política, acabar com o império dos velhos monopólios. Não estou convencido de que essa promessa política da internet tenha se cumprido. Essa ideia de que agora, graças à internet, os mocinhos chegariam finalmente ao poder, de que a "sabedoria da multidão" agora poderia se manifestar e de que as pessoas finalmente controlariam seus próprios destinos não se mostrou de maneira alguma verdadeira. Pior que isso, acho que ela seja danosa, porque encoraja uma atitude política fantasista e utopista.

Outro exemplo do fracasso dessa promessa política da internet é o que aconteceu no Irã, onde todos falavam de uma "revolução do Twitter", que nunca ocorreu, porque os antigos regimes são muito bons em manipular a internet, muitas vezes até melhores que os reformistas. Os chineses, por exemplo, são mestres em investigar a rede de blogs e comunidades virtuais em busca de dissidentes, para persegui-los. Esse uso que os regimes do Irã, da China e da Rússia vêm fazendo dessas ferramentas me faz pensar que a internet é, em alguns casos, mais útil para regimes autoritários do que para os democráticos.


CULT - Seu livro fala da transição da "ditadura do especialista" para a "ditadura das massas". Seria esse o problema fundamental da web 2.0?

Keen - A ditadura do especialista [ expertise] é uma peça importante da era industrial e é fácil criticá-la. De modo geral, acho que foi uma boa coisa. Para mim, essa divisão rigorosa da vida resultou na meritocracia. Não consigo ver o que poderia substituí-la. O sistema educacional é relativamente meritocrático e a maioria das pessoas quer se dedicar a algumas poucas atividades bem pagas, para as quais há uma necessidade limitada de profissionais.
Penso que vivemos uma época em que a ordem meritocrática está sob ataque. É possível reconhecer essa tendência no ataque aos políticos, à mídia, aos economistas. Em alguns casos, esse ataque é merecido, porque essas pessoas fizeram mal o seu trabalho. Mas não sei bem o que vem substituir essa ordem. Não acho que seja exatamente um poder das massas.

Aristóteles falava de oclocracia, a tirania das massas, um tipo de regime em que a plebe governa, mas que sempre acaba em tirania. A verdade é que, no fundo, por trás dessa oclocracia digital que vivemos, existem novos oligarcas, indivíduos com imenso poder e que muitas vezes escapam do nosso julgamento, porque não sabemos ao certo quem são. Não acredito na era das massas. Se ela existe de algum modo, o que mais temo são esses oligarcas que se escondem por trás delas e são capazes de mobilizá-las.

Por exemplo, no Twitter, é possível ver a influência de pessoas com centenas de milhares de seguidores. O ator inglês Stephen Fry "twitou" uma opinião favorável sobre um livro e esse livro foi de imediato para a lista dos mais vendidos no New York Times. Não estou dizendo que Fry é mal-intencionado. O que estou dizendo é que, uma vez que existem figuras poderosas com vários seguidores, partidos políticos e outras organizações tradicionais se enfraquecem.

É essa a mudança que tenho em mente no livro - uma mudança que vai da estrutura organizacional para uma estrutura demasiado centrada no indivíduo. Não sei se soube expressá-la tão bem ao escrevê-lo. A internet é cada vez mais um veículo de aquisição de poder para esses novos senhores feudais digitais, esses barões da nova era, que são imensamente poderosos, algumas vezes mais poderosos do que as organizações, o que pode ser muito perigoso. Os EUA precisam de checks and balances [a separação tradicional de poderes na democracia]. O que me incomoda é que estamos eliminando o checks and balances. Quando você se livra deles em nome da justiça, da liberdade, da igualdade, na verdade você está criando as bases para uma ditadura.


CULT - Você fala muito de analfabetismo digital. As escolas ainda não estão preparadas para a internet?

Keen - O que me preocupa são as crianças que obtêm informação na Wikipédia. Os melhores sistemas educacionais são os que são supervisionados por seres humanos. É muito perigoso quando se disponibilizam sistemas de conhecimento não supervisionados na internet, como no Google ou na Wikipédia. A internet pode ser uma ótima ferramenta para as crianças, mas cada vez mais você as vê usando e citando a Wikipédia, por exemplo. O que precisamos ensinar a essas crianças é o alfabetismo midiático. Temos de fazê-las entender que toda informação vem acompanhada de uma bagagem cultural.

Quem quer que seja o autor, todo texto é, em certo sentido, uma polêmica. Todo texto tem o seu viés, o que não significa que seja necessariamente corrupto. O desafio para as crianças é entender isso, em vez de apenas ler esse texto como mera verdade. E, quando um texto aparece na internet, ainda que no blog mais obscuro, ele ganha esse aspecto de verdade, sobretudo se endossa uma opinião prévia do leitor.


CULT - O que fazer?

Keen - Penso que os professores deveriam focar seus esforços em ensinar as crianças a ler e enxergar o que está por trás desse tipo de texto. Não é necessário ensiná-las como usar essas novas mídias, porque elas são projetadas para ser intuitivas. O grande desafio do século 21 é o alfabetismo midiático. Se queremos que essas crianças cresçam para tornar-se bons cidadãos, capazes de votar com consciência e de tomar decisões maduras sobre o mundo, precisamos ensiná-las a usar essas ferramentas com ceticismo e a diferenciar o que é confiável do que não é. Do contrário, acabaremos por infantilizar nossa cultura.


CULT - Como você é um dos maiores críticos da Wikipédia, procurei seu nome no site em inglês. No item "crítica à internet", lê-se que você não vê problemas em ser chamado de elitista e que, ao ser perguntado sobre se a internet era pior do que o regime nazista, você teria dito "pelo menos os nazistas não deixavam os artistas sem emprego". Como reage a isso?

Keen - [Risos] É engraçado você ter me perguntado isso, porque esse episódio nos conduz direto ao centro do problema. Trata-se de um ótimo exemplo das distorções e mal-entendidos causados pela cultura da internet. Veja você: Stephen Colbert é um dos comediantes mais populares dos EUA. Seu programa é um dos mais vistos da TV norte-americana, com uma audiência de vários milhões de expectadores. Não é bem um entrevistador, mas um comediante que criou uma persona paródica por meio da qual se apresenta como um entrevistador populista de direita. As entrevistas que faz não são entrevistas sérias, ao contrário, elas têm essa função cômica e paródica. Ele está ali mais para tirar sarro da cara do entrevistado do que outra coisa.

Quando fui convidado para o programa dele, pensei que não perderia nada em ir falar do meu livro, mas logo me avisaram que, se havia uma coisa que eu deveria evitar, era tentar ser engraçado. Assim, uma vez no programa, decidi jogar o jogo cômico de Colbert e também eu interpretei o meu papel. Aí ele me encarou e me disse: "O senhor é um elitista!". E eu retruquei com aparente indiferença: "E o que há de errado nisso?". Depois disso todos me chamam de elitista quando me citam na Wikipédia.

Quanto à referência ao nazismo, obviamente trata-se de uma piada. Colbert colocou satiricamente essas palavras em minha boca, sem que eu as tivesse de fato dito. Em primeiro lugar, sou judeu. Em segundo lugar, fiz estudos acadêmicos sobre a história da Alemanha. Estou longe de ser alguém que não tem ideia do que aconteceu na Alemanha nazista.
Isso mostra o absurdo dessa cultura, na qual sou citado com base em um programa humorístico.

Mostra que as pessoas que escrevem na Wikipédia são pessoas com pouca cultura, que não têm senso de contexto nem entendimento aprofundado do mundo. Mostra ainda que toda essa cultura se enraíza no que chamo de uma comunicação nebulosa. Fico até contente que a entrada virtual sobre mim não tenha sido corrigida porque ela revela a péssima qualidade da Wikipédia.

A meu ver, o maior problema da Wikipédia não é o fato de ela conter equívocos e, sim, o de não haver ninguém que avalie os artigos e assuma a responsabilidade por eles. Eu sempre gosto de lembrar que o verbete da Pamela Anderson na Wikipédia é maior e mais meticulosamente elaborado do que o da Joana d'Arc, ou o da Hannah Arendt.

(...)

CULT - Você acredita no relativismo da verdade jornalística?

Keen - Tomemos como exemplo a questão da Palestina, que é um dos assuntos mais complexos e polêmicos que podemos abordar, uma questão sobre a qual está claro que não existe "a verdade", mas uma série de verdades conflitantes. Como você se informaria sobre o que está acontecendo no Oriente Médio, se quisesse realmente compreender a situação? A única forma de fazê-lo é ler as várias opiniões contrárias. Você teria de ler jornais que sejam anti-Israel e pró-Palestina, ler os artigos pró-Israel de Thomas Friedman no New York Times, os artigos de Robert Fisk no Independent, ler o Financial Times, cujo posicionamento é mais equilibrado. A questão com os jornais é que eles não apresentam ao leitor um pacote mastigado de notícias. Se ele quiser entender o mundo para se tornar alguém mais informado e, como consequência, um melhor cidadão e um melhor eleitor, ele tem de se esforçar, tem de trabalhar para isso, tem de estar disposto a ler opiniões diferentes e refletir sobre elas com um mínimo de ceticismo. Não estou dizendo que, se você ler todos esses artigos diferentes sobre o Oriente Médio, será capaz de extrair deles "uma verdade".

Acredito que a mídia mainstream criava o alfabetismo midiático na era em que crescemos. Hoje, a internet, por ser anônima, por ser um meio de comunicação cujas fontes são tão difíceis de avaliar e julgar, por ser, na verdade, incrivelmente tendenciosa, suscita o analfabetismo midiático.

Na verdade, isso não se deve exclusivamente à internet. Isso se deve, sobretudo, às transformações sofridas por nossa cultura, cada vez mais focada em rápidas acomodações intelectuais que deem conta da enorme velocidade do fluxo de informações.
Em resposta aos relativistas culturais radicais que dizem não haver verdades, digo que, sim, existem verdades. Há verdades nas notícias. Os terroristas do 11 de Setembro de fato jogaram os aviões contra aqueles prédios. Pode haver diferentes interpretações para esse fato, mas nada faz com que deixe de ser algo que realmente aconteceu, um fato e não uma convenção.

Mas, quando você elimina a responsabilidade do autor sobre o texto, quando você elimina a ligação que existe entre o escritor e o leitor, tudo se torna possível em termos de desonestidade. O que eu quero dizer é que a verdade, seja ela qual for, é muito mais escorregadia agora do que era na época da mídia mainstream.


CULT - Você mesmo disse que seu livro, publicado originalmente em 2007, contém erros...

Keen - Não diria erros, mas fraquezas. Idealizei demais a mídia
mainstream, eu deveria ter sido mais crítico a esse respeito.


CULT - Certo. Qual seria, de todo modo, a ideia central que não foi abalada de lá para cá?

Keen - A ideia fundamental é a de que a "cultura supervisionada" [curated culture] é algo bom; que o velho mundo midiático, o complexo ecossistema de indivíduos entre o autor e o público, serve para filtrar e melhorar o conteúdo. Quando você se desfaz dessa mediação, com o argumento de que a nova mídia é mais eficiente e lucrativa, também está se desfazendo de valores fundamentais e os resultados disso podem ser catastróficos.
Outra ideia importante é a de que a mídia mainstream é razoavelmente eficiente e, sem dúvida, mais eficiente que a nova mídia em encontrar e polir talentos. O talento é uma constante em nossa história. Sempre existiram pessoas talentosas. Mas a maioria das pessoas não o é. Isso não significa que elas sejam más, ou que mereçam ir para o inferno. Elas apenas não são muito talentosas e não têm nada de interessante a dizer. O desafio da mídia é encontrar as pessoas talentosas e lapidar seu talento, para poder torná-lo vendável. Quando John Hammond viu Bob Dylan numa casa noturna de Nova York em 1961, Dylan ainda não estava pronto para ser um popstar, mas Hammond era um olheiro talentoso, podia reconhecer a genialidade e o potencial daquele homem em sua frente. Cinquenta anos depois, Dylan é provavelmente o mais importante ícone cultural norte-americano do século 20. O problema é que nesse novo mundo os Dylans se perdem. Estamos jogando fora nossos talentos. Nesse novo mundo os que vão aparecer serão os autopromotores, que com frequência veiculam ideias bastante banais. Qualquer ideia mais substanciosa se perde.

Confesso que não é um argumento muito original. Já tinha sido desenvolvido pela Escola de Frankfurt. Porém vivemos um momento em que essa discussão se tornou particularmente aguda. Nesse sentido, muitas vezes brinco dizendo que o meu livro é uma espécie de " Adorno for dummies" [Adorno para leigos].

Fonte: http://revistacult.uol.com.br/novo/entrevista.asp?edtCode=2821A2A7-1F12-4309-9FB5-E8B4354FEE9A&nwsCode=F9B3076D-F982-498B-B6B3-3CFE07375D86 22/10/2009

A GRIPE A (H1N1) NO BRASIL AINDA É GRAVE.

A GRIPE A (H1N1) NO BRASIL AINDA É GRAVE.
Ver noticia abaixo:
Site ucho.info
Casos da gripe A crescem no Brasil, mas governo federal está despreocupado
24.06.2009 - 12:33am | Seção: Política

Zombando da gripe -
Quando surgiram os primeiros casos da “gripe A” (H1N1) no México, o governo brasileiro, sob o manto do messianismo mambembe do presidente Lula da Silva, se apressou em afirmar que a doença chegaria por aqui sem força. O próprio presidente-metalúrgico endossou tais afirmações. Quem garantiu o inimaginável simplesmente desconhece a velocidade de propagação de uma epidemia, que se dá em progressão geométrica. O desdém foi tamanho, que a vigilância nos portos e aeroportos foi minimizada, se é que algum dia ela de fato existiu. Agora, com a “gripe A” alvejando os brasileiros aos borbotões, há os que garantem que essa variação do vírus Influenza não passa de uma gripe comum.
Além das fronteiras brasileiras, a “gripe A” mata, mas aqui é considerada como patologia corriqueira. Escolas paulistanas anteciparam as férias por conta da gripe. Empresas em São Paulo, a Serasa mandou para casa 94 funcionários por causa da “gripe A”. No Rio, A Vale do Rio Doce isolou um andar de sua sede, apenas porque a “gripe A” é uma bobagem. Em apenas um dia foram confirmados 94 novos casos da doença, que agora já são 334. Outros 218 estão sendo monitorados. Com a crise financeira o governo adotou a mesma postura. Duvidou da sua força, a ponto de rotulá-la de marolinha.
Fonte: http://ucho.info/casos-da-gripe-a-crescem-no-brasil-mas-governo-federal-esta-despreocupado 29/10/2009

Noticias do palácio, do rei e do seu mundo imaginário.

"Luiz Inácio da Silva pode tergiversar o quanto quiser no caso da insegurança pública no Rio de Janeiro, pois nas coxias policiais a realidade é bem diferente de tudo que vem sendo divulgado".

Saiu no site do UCHO.INFO

Insegurança no Rio de Janeiro pode não ter fim
22.10.2009 - 11:14am | Seção: Política

Tudo dominado -
Luiz Inácio da Silva pode tergiversar o quanto quiser no caso da insegurança pública no Rio de Janeiro, pois nas coxias policiais a realidade é bem diferente de tudo que vem sendo divulgado. Os especialistas garantem que a solução para o caos que domina a capital fluminense é ampliar as ações sociais já existentes em algumas favelas. E nesse quesito não faltaram os prepostos palacianos para defender tal tese. Acontece que no complexo de favelas do Alemão, onde o crime grassa à luz do dia, a polícia não pode entrar por conta das obras do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC.
Opiniões dissidentes garantem que é preciso promover uma interação das polícias de todo o País, como forma de interceptar o transporte de armas de fogo de uso exclusivo das Forças Armadas, não sem antes reforçar o patrulhamento nas fronteiras brasileiras, por onde o escambo do crime acontece livremente. O grande problema é que fechar as fronteiras brasileiras pode desapontar os companheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc.
Quando a cidade de São Paulo enfrentou, durante alguns dias, o toque de recolher imposto pelo PCC, políticos de todos os matizes se movimentaram de maneira idêntica ao que fazem agora no caso do Rio. Há três décadas, autoridades falam em combater a violência no Rio, mas até agora nada foi feito. E mais: os setores de inteligência das polícias fluminenses sabiam desde agosto do planejamento da operação que foi desencadeada no último final de semana.

Fonte: http://ucho.info/inseguranca-no-rio-de-janeiro-pode-nao-ter-fim 22/10/2009

Friday, October 09, 2009

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, jurou "se defender" e "mostrar do que é feito"

Comentário:

Noticias do louco italiano que imagina que os Juízes daquele país são seus servos, como os daqui. Tirano disfarçado que uma boa parte do povo italiano gosta. Em aula ao falar sobre o sujeito fui reprovado por um aluno italiano que elegeu o como um dos melhores primeiros ministros que Itália já conheceu – trouxe muitos benefícios para o povo italiano, não é só no Brasil que a população é enganada com bolsa família, cabra família e outras artimanhas governamentais, por meio de muita propaganda.
Daner Hornich


Saiu na Folha de São Paulo:

Berlusconi volta a atacar presidente e juízes

Um dia após perder imunidade, premiê italiano diz que acusações contra ele são risíveis e que ele mostrará "do que é feito" na Justiça

Artilharia verbal contraria até aliados de premiê, como presidente do Parlamento, que pede respeito a chefe de Estado e a Judiciário

DE GENEBRA

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, jurou "se defender" e "mostrar do que é feito" caso tenha que voltar aos tribunais para responder a duas acusações de corrupção que poderão ser reabertas depois de o Tribunal Constitucional anular, anteontem, sua imunidade.
"Esses dois julgamentos são risíveis, são uma farsa que eu vou explicar para os italianos até na TV", disse ontem o político direitista e empresário, dono do maior conglomerado privado de mídia do país.
A máxima instância jurídica italiana decidiu na quarta que a imunidade dada ao premiê pelo Parlamento em 2008 violava a premissa constitucional de que todos são iguais ante a lei.
Mas Berlusconi minimizou a decisão que pode levá-lo a seu pior momento político em quase duas décadas. O premiê direitista já está fragilizado no país por uma série de escândalos sexuais e pela crise econômica, e, fora dele, pelas críticas a sua política migratória.
Ontem, voltou a acusar a magistratura de esquerdismo e a criticar o presidente Giorgio Napolitano. "O presidente foi eleito por uma maioria de esquerda. Suas raízes políticas são totalmente de esquerda, e foi ele quem designou os juízes do Tribunal Constitucional, o que mostra de que lado está", disse ele a uma rádio.
Na véspera, o premiê telefonara a um dos principais programas de suas emissoras, o "Porta a Porta", em horário nobre, e fizera críticas parecidas.
Mas os ataques parecem ter dividido sua coalizão. O presidente do Parlamento, Gianfranco Fini, afirmou que, por legítimo que seja, o direito do premiê se defender "não pode substituir o dever que ele tem de respeitar o chefe de Estado e o Tribunal Constitucional".
Berlusconi disse que não vai renunciar. Mesmo assim, a decisão do Tribunal mergulhou em incertezas o país conhecido por raras vezes ter tido um premiê que terminasse o mandato -o de Berlusconi vai até 2013.
Analistas de mercado também já olham com atenção para o conglomerado do premiê, um dos homens mais ricos da Itália, com fortuna de 6,5 bilhões. É dele o grupo de investimentos Fininvest, que controla a Mediaset, dona de canais de TV e de uma agência de publicidade; de uma empresa financeira e do clube de futebol Milan. Envolvido em um caso de suborno, o grupo pode receber uma multa milionária que se somará a uma dívida de 1,7 bilhão. (LUCIANA COELHO)

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0910200909.htm

Islã é religião de 23% do mundo, aponta estudo

Perspectivas Religiosas no Mundo

Saiu na Folha de Sõa Paulo:

São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

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DEMOGRAFIA

Islã é religião de 23% do mundo, aponta estudo

DA REDAÇÃO

O mundo tem 1,57 bilhão de muçulmanos, aponta um estudo publicado ontem pelo grupo não governamental Pew Research Center, de Washington. Trata-se de quase um quarto da população mundial, sendo que 62% dos muçulmanos se concentram na Ásia.
A Indonésia é o país do mundo de maior população muçulmana, com 203 milhões -12,9% do total mundial-, seguida pelo Paquistão. O estudo abrangeu 231 países e territórios.
O Oriente Médio e o norte africano concentram 20% dos muçulmanos, mas também a maior porcentagem de países de maioria islâmica. "Mais da metade dos 20 países e territórios lá tem populações 95% ou mais muçulmanas", aponta o Pew.
Outra conclusão do Pew é que 20% dos muçulmanos -ou 317 milhões de pessoas- vivem em países onde sua crença é minoritária. É o caso do Brasil, onde vivem 191 mil muçulmanos, ou 0,1% da população do país.
Essa dispersão faz com que a Alemanha, por exemplo, tenha mais muçulmanos (4 milhões) do que o Líbano (3 milhões).
A população islâmica na Rússia (16 milhões) é maior do que as de Líbia e Jordânia somadas (12 milhões). E a China tem mais muçulmanos (22 milhões) que a Síria (20 milhões).
O país que concentra a minoria islâmica numericamente mais expressiva, de 161 milhões, é a Índia, de maioria hindu.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0910200908.htm

Noticias do Mundo Honduras "não é uma república de bananas",

São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

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OEA deixa Tegucigalpa de mãos vazias

Missão de chanceleres de entidade afirma na partida que diálogo para resolver crise deve ser "exclusivamente hondurenho"

Inflexibilidade de governo Micheletti, que quis mostrar que Honduras "não é uma república de bananas", surpreendeu a delegação

Yuri Cortez/France Presse

Polícia e manifestantes pró-Zelaya se enfrentam em frente de hotel onde estava comitiva da OEA

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A TEGUCIGALPA

A missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) deixou Honduras ontem frustrando expectativas de um acordo que desse fim aos mais de cem dias de crise política e institucional no país.
Chanceleres e diplomatas de uma dezena de países das Américas foram a Tegucigalpa com um discurso uníssono em que pediam a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya. Menos de 24 horas depois, foram embora entregando as negociações nas mãos dos hondurenhos. "Este será um diálogo exclusivamente hondurenho. Honduras é uma família dividida que precisa se reconciliar", disse Bruno Stagno, ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, minutos antes de a delegação inteira seguir para o aeroporto. A OEA se comprometeu a deixar um grupo no país para dar "apoio logístico" às negociações.
Os representantes chegaram a Tegucigalpa na quarta-feira com um discurso que exigia a restituição da democracia do país -o que significava a volta de Zelaya à Presidência.
O comunicado sobre os resultados da missão lido na manhã de ontem aos jornalistas, que esperavam por uma coletiva de imprensa, mostrou um recuo nas reivindicações internacionais. Os chanceleres falaram em restauração das garantias constitucionais -em tese, a volta de Zelaya; na prática, qualquer solução hondurenha aprovada por Congresso e Suprema Corte-, liberdade de imprensa, com a reabertura dos meios de comunicação fechados, e um tratamento "digno" ao presidente deposto durante as negociações, com sua saída da embaixada brasileira.
A derrocada da mediação internacional se tornou clara no encontro entre os representantes da OEA e o presidente interino, Roberto Micheletti, na noite de anteontem. Os líderes ouviram, em uma reunião transmitida ao vivo pela TV local, reprimendas sobre o isolamento internacional de Honduras, que foi suspensa da OEA e teve ajuda financeira cortada.
O líder do governo golpista afirmou que deixaria o poder se Zelaya também abdicasse de uma volta ao cargo. Caso isso não ocorresse, afirmou que o país "sobreviveria" ao isolamento. Deu a entender, ainda, que pretende deixar o cargo apenas no dia 27 de janeiro, quando o novo presidente eleito assumir o cargo.
O secretário de Estado de Assuntos Exteriores do Canadá para as Américas, Peter Kent, reconheceu que a reação de Micheletti surpreendeu a OEA.
Kent, assim como outros representantes, afirmou que Zelaya já teria concordado em voltar à Presidência com poderes limitados, que o impediriam de tentar insistir na promoção de uma Assembleia Constituinte, iniciativa considerada ilegal por Congresso e Justiça hondurenhos e estopim para a deposição do presidente.
Pouco depois de os chanceleres deixarem o hotel onde leram a declaração final, cerca de 500 manifestantes fizeram um protesto contra o fraco resultado do encontro. "A OEA é um clube de turistas brancos e aposentados", afirmou raivoso Juan Barahona, da Frente Nacional de Resistência contra o golpe e negociador de Zelaya.
A polícia cercou os manifestantes, mas não usou gás para dispersá-los. A revogação do estado de sítio, apesar de anunciada na segunda, ainda não foi publicada no Diário Oficial.

Ofensiva
Desde o início da semana, o governo Micheletti vinha dando sinais de que poderia aceitar o retorno do presidente deposto, mas impunha como condições a Zelaya um gabinete pré-negociado e poder limitado.
O discurso inflexível mostrado à OEA, porém, seria uma demonstração de força do grupo de conselheiros de Micheletti que defendiam a radicalização das relações. Dois assessores ouvidos pela Folha sustentam que era preciso "demonstrar que Honduras não é uma república de bananas", que se curva à vontade internacional.
A visita de congressistas americanos conservadores, que incentivaram o governo interino a resistir às pressões pela volta de Zelaya, reforçou a impressão de que o golpe começava a ser entendido -e que poderia ser aceito internacionalmente como um movimento para conter o crescimento da influência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Um terceiro fator a fortalecer Micheletti foi a bem-sucedida estratégia para enfraquecer a resistência. O fechamento de meios de comunicação pró-Zelaya ajudou a diluir o apoio popular ao presidente deposto.
Ontem, Zelaya insistiu no dia 15 como data-limite para que o diálogo dê resultado. "Nessa data, faremos as análises necessárias de acordo com os resultados da mesa de diálogo, que para mim não são otimistas nem positivos, pelo contrário. Mas nessa data anunciaremos qual será a nossa posição."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0910200901.htm

Comentário:

Honduras "não é uma república de bananas", mas o Brasil do Lula o que é?

Thursday, October 08, 2009

Imunidade de premiê é inconstitucional, decide Justiça italiana

Juízes italianos votam com serenidade e mostram que Primeiro Ministro italiano (picareta) não é o soberano que tudo pode e quer. Governos picaretas governando o mundo encontramos de sobras nos tempos atuais – tão sombrios.

Daner Hornich

Veja abaixo o que saiu na Folha:



Imunidade de premiê é inconstitucional, decide Justiça italiana
Por 9 votos a 6, tribunal revoga lei promulgada em 2008 que causara a suspensão de processos contra Silvio Berlusconi

Premiê acusa juízes de serem de esquerda, critica mídia e presidente e afirma que cumprirá restante do seu mandato com ou sem a lei


Alberto Pizzoli/France Presse


O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, olha para o céu durante cerimônia em Roma

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, sofreu ontem o pior revés de seu atual mandato quando o Tribunal Constitucional do país anulou a lei que lhe dava imunidade judicial enquanto estiver no cargo. Isso significa que pelo menos dois processos envolvendo o governo direitista podem ser desengavetados.
A decisão, por 9 votos a 6, vem em um momento de fragilidade política e baseia-se no argumento de que a emenda aprovada pelo Parlamento em 2008 fere o princípio constitucional de que todos os cidadãos são iguais perante a lei.
Na argumentação dos juízes, uma mudança desse calibre necessitaria da aprovação por maioria qualificada de dois terços do Congresso, o que não ocorreu -a coalizão governista não tem tamanho apoio.
Integrantes da oposição aplaudiram o veredicto, mas apenas um deputado, o ex-juiz Antonio Di Pietro, pediu imediatamente a saída do premiê.
Berlusconi declarou que a decisão não o fará renunciar e saiu disparando petardos contra os juízes, o presidente e jornalistas -para ele, dono do maior conglomerado privado de mídia do país, "72% da imprensa é de esquerda".
Crítico contumaz do sistema judicial italiano, ao qual acusa de querer legislar, atribuiu a anulação a "juízes de esquerda". "Vamos governar por cinco anos com ou sem essa lei", disse a repórteres diante de sua casa, em Roma, segundo a BBC. O mandato só acaba em 2013.
O premiê também criticou o presidente Giorgio Napolitano, do extinto Partido Comunista. "Me sinto trapaceado, acabou", afirmou, culpando-o pela indicação dos juízes.

Rixa
Berlusconi, cuja rivalidade com o Judiciário remonta a seu mandato anterior (2001-2006), tem constantes rusgas com a Justiça, a qual acusa de persegui-lo para fins políticos.
A opinião da magistratura sobre o direitista tampouco é melhor. Em recente congresso na Itália, a reportagem da Folha ouviu de juízes e juristas proeminentes que o governo atual é antidemocrático e está "dividindo o país", sobretudo com sua política de criminalizar imigrantes irregulares.
O momento político também não favorece Berlusconi, que, apesar de uma aprovação alta, sofreu arranhões em sua base eleitoral conservadora após os sucessivos escândalos sexuais envolvendo seu nome.
Nesta semana, o Tribunal de Milão considerou o premiê corresponsável pelo suborno de um juiz envolvido em uma decisão judicial que beneficiou uma de suas empresas em um processo de 1991. Ele fora inocentado de acusações criminais em 2001 e pode recorrer.
Já os casos que poderão agora ser reabertos envolvem tanto as empresas quanto a carreira política de Berlusconi. Ambos precedem sua eleição, no começo do ano passado, estavam em curso e foram suspensos exatamente por causa da aprovação da imunidade, em junho do mesmo ano.
Em um deles, Berlusconi é acusado de fraude fiscal e de maquiar seu livro-caixa na compra de direitos de TV de empresas "offshore" do premiê pela própria Mediaset, seu conglomerado de mídia. A Procuradoria afirma que os preços declarados foram inflados.
O segundo caso remonta à acusação de que senadores receberam, em 2007, ofertas em dinheiro para se unirem à sua coalizão, então na oposição.
Berlusconi está ainda envolvido em um quarto caso, o qual não está claro se pode ou não ser afetado pela decisão do Tribunal Constitucional. Nele, o premiê é acusado de ter pago em 1997 ao advogado britânico David Mills 580 mil para sumir com documentos financeiros suspeitos. Em fevereiro, Mills foi condenado a quatro anos e meio de cadeia.

Com agências internacionais
Fontes: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0810200901.htm 08/10/2009

Thursday, September 17, 2009

"Falemos a verdade: a mediocridade funciona" - até na .universidade

Saiu na folha de São Paulo - artigo do Luiz Felipe Pondé - vale a pena conferir.

São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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LUIZ FELIPE PONDÉ

Um relatório para a Academia

Cálculos para garantia do emprego ocupam o tempo da classe acadêmica


CLÓVIS ROSSI pergunta em sua coluna do dia 8 de setembro, página A2, se no Brasil vivemos algo como o que acontece na vida universitária da Espanha hoje: desinteresse dos alunos e asfixia burocrática dos professores. Sim, há semelhanças.
Nos anos 50, o filósofo norte-americano Russel Kirk descrevia um fenômeno interessante nas universidades americanas.
A partir do momento em que a vida acadêmica se tornou objetivo da "classe média", gente sem posses, a vida universitária entrou em agonia porque a proletarização dos acadêmicos se tornou inevitável.
Dar aula numa universidade passou a ter algum significado de ascensão social. A partir de então o carreirismo necessariamente assolaria a academia, assim como assola qualquer emprego.
Cálculos estratégicos para garantia do emprego passaram a ocupar o tempo da classe acadêmica. E muita gente que vai dar aulas na universidade não é tão brilhante assim ou tão interessada em conhecimento.
O cálculo estratégico hoje passa pelo número de alunos que implica uma redução ou não de aulas e orientações de teses.
Ou mesmo nas públicas, onde você está mais protegido da proletarização imediata, uma verba maior ou menor para seu projeto e mais ou menos discípulos causarão impacto na renda final e na imagem pública.
Daí o desenvolvimento em nós de um espírito selvagem: o corporativismo em detrimento do ensino ou o ethos de gangues em meio à retórica da qualidade.
Muitas pessoas (alunos e professores) buscam a universidade não para "conhecer" o mundo, mas sim "para transformá-lo" ou ascender socialmente.
E aqui, revolucionários ("criando o mundo que eles acham melhor") e burgueses (interessados em aprender informática para "melhorarem de vida") se dão as mãos.
Este pode ser mais individualista do que o outro, mas ambos fazem da universidade uma tenda de utilidades.
Para mim não faz muita diferença, para a banalização da universidade, se você quer formar gestores de negócios ou gestores de favelas. Nenhum dos dois está interessado em "conhecer" o mundo, mas sim "transformá-lo".
É claro que nos gestores de favelas o espírito selvagem pode funcionar tão bem quanto entre os gestores de negócios. A obrigação da universidade em produzir "conhecimento de impacto social" é tão instrumental quanto produzir especialistas na última versão do Windows.
O utilitarismo quase sempre ama a mediocridade intelectual. Falemos a verdade: a mediocridade funciona.
Ela gera lealdades, produz resultados em massa, convive bem com a estatística, evita grandes ideias. Enfim, caminha bem entre pessoas acuadas pela demanda de sobreviver.
A instrumentalização é quase sempre outro nome para utilitarismo. Isso não quer dizer que devamos excluir da universidade as almas que querem ser gestores de negócios ou gestores de favelas -elas é que excluem todo o resto.
Precisamos dos dois tipos de almas, e cá entre nós, acho que os gestores de favelas são moralmente mais perigosos do que os gestores de negócios. Como todos nós, ambos irão para o inferno, a diferença é que os gestores de favelas acham que não.
E a asfixia burocrática? Ahhh, a asfixia burocrática! Esta contamina tudo e em nome da democratização da produção e da produtividade da produção.
A burocracia na universidade nasce, como toda burocracia, da necessidade de organização, controle, avaliação.
Não é um sintoma externo a busca de aperfeiçoamento do sistema, é parte intrínseca ao sistema. A pressão pela produtividade proletariza tanto quanto a pressão pela carreira.
Soa absurdo, caro leitor? Quer mais?
Em nome da transparência da produção, atolamos esses indivíduos de classe média na burocracia da transparência e do acesso à produção universitária.
Enfim, a "produção" asfixia a universidade em nome de uma "universidade mais produtiva, democrática e transparente em sua produtividade". Estamos sim falando da passagem da universidade a banal categoria de indústria de conhecimento aplicado, e sob as palmas bobas de quem quer "fazer o mundo melhor". Tudo bem que queira, mas reconheça sua participação na comédia.
Kafka, em seu conto "Um Relatório para a Academia", já colocava um ex-macaco, recém-homem, fazendo um relatório para os acadêmicos.
Ali ele já suspeitava que a academia continha algo de circo ou show de variedades. Hoje sabemos que isto já aconteceu.

ponde.folha@uol.com.br

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1409200920.htm acesso em 17/09/2009.

Friday, September 04, 2009

ESPINOSA NO POVO!

"Se os homens pudessem, em todas as circunstâncias, decidir pelo seguro ou se a fortuna se lhes mostrasse sempre favorável, jamais seriam vítimas da superstição" (ESPINOSA, Tratado Teológico-Político, 2003, 5).

Vamos ler Espinosa...

Oração: um instrumento de manipulação dos políticos brasileiro

São Paulo, sexta-feira, 04 de setembro de 2009



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Dilma se diz curada do câncer e afirma que é "o alvo da vez"
De mãos dadas ao redor da ministra, evangélicos oram pela recuperação da sua saúde e pela eleição presidencial de 2010

Provável candidata do PT à Presidência, Dilma diz que não vai falar sobre disputa eleitoral "até por questão de autossobrevivência"

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que está curada do câncer linfático e que é "o alvo da vez", mesmo sem comentar se é ou não candidata à Presidência da República em 2010.
Provável nome petista para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma sofreu desgaste após a ex-chefe da Receita Federal Lina Vieira afirmar à Folha que a ministra pediu rapidez na conclusão de investigação sobre as empresas da família Sarney.
Em entrevista à rádio Gaúcha (RS), Dilma não foi questionada se conversou com Lina. A ministra já negou que a conversa tenha ocorrido.
"Eu já sou o alvo da vez sem falar isso. Agora, falando isso [sobre campanha], aí eu vou ser mais alvo ainda. Até por uma questão de autossobrevivência, de autoproteção", disse à rádio.
A ministra declarou também que está curada do câncer. Dilma descobriu em março um nódulo na axila esquerda, um linfoma, ainda em estágio inicial, retirado em cirurgia.
"Concluí o tratamento de rádio [radioterapia] e na semana que vem faço os exames. E acho que vou dar um anúncio, que vou antecipar aqui: do ponto de vista dos médicos, estou curada. Estou com a certeza, a esperança e a torcida", disse.
Dilma foi submetida a quatro sessões de quimioterapia e a sessões de radioterapia. Esta última etapa, que acabou no dia 17 de agosto, consiste na aplicação de radiação no local onde o tumor foi descoberto.
Em junho, quando a quimioterapia foi concluída, o oncologista Paulo Hoff já havia afirmado que a ministra da Casa Civil estava "curada" e que ela estava "completamente sem evidência da doença".
Em Brasília, a ministra reuniu-se com evangélicos antes da cerimônia de sanção do projeto de lei que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
A pedido do apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, o grupo cercou Dilma e, de mãos dadas, fez uma oração pela campanha do ano que vem e pela recuperação da saúde da ministra. A bispa Sônia Hernandes, o bispo Rodovalho (DEM-DF) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) também participaram da oração.
Sônia e Estevam, fundadores da Renascer, foram presos nos EUA acusados de conspiração para contrabando de dinheiro. O casal foi preso em janeiro de 2007, quando entrava no país com US$ 56,4 mil escondidos em uma bolsa, em uma Bíblia, num porta-CDs e numa mala.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0409200907.htm 04/09/2009

Comentário: Abusar da fé e usar religão sempre foi um instrumento de manipulação dos políticos no Estado Brasileiro.

Tuesday, August 11, 2009

As mazelas das nossas contradições e o coronel

As mazelas das nossas contradições e o coronel

Na política brasileira visualizamos as contradições das nossas mazelas, por meio do pragmatismo dos partidos e dos coronéis mandatários da “República Velha” (o retorno, como recordou o cientista político Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas no programa da rádio CBN Noite Total de Segunda-feira, 03/08/2009) que para se manterem no poder produz a degradação da vida pública em nome do aparelhamento do Estado pelo partido e pela política trágica do patrimonialismo em nome do Estado – “Eu sou o Estado” pode ser o legado de alguns políticos mandatários destas terras de Pindorama.
A forma pragmática se manifesta nos espaços teatrais das nossas ações políticas com José Dirceu na cooptação dos camaradas para a manutenção da política presidência do primeiro mandato e toda aquela velha história dos “mensaleiros quadrilheiros” que não foram punidos pelos pares.
Recentemente temos o Presidente Lula defendendo José Sarney como cidadão nada comum na vida pública brasileira e ao mesmo tempo dizendo que não votou no Senador e que não é responsável pelos crimes de corrupção e patrimonialismo contra a república brasileira, lavando as mãos, como bom sobrevivente no cenário político brasileiro.
O holofote aumenta quando ampliamos a defesa do “neo-convertido”, bom moço do Alagoas – Senador Fernando Collor de Mello na defesa do Senador José Sarney; podemos lembrar que Collor se elegeu presidente da República do Brasil criticando o Sarney presidente da República na época.
Exemplos de contradições e de ausência de coerência pessoal e partidária dos “nossos políticos” que não dão o mínimo de atenção ao que está acontecendo no cenário político-econômico no Brasil e no mundo são muitos e revelam o quanto o bem público e a população são maltratados pelos políticos que corrompem os juízes e proclamam a volta da República Velha.
Na República Velha os dizeres dos coronéis ditam o poder quando proclamam em voz alta “o juiz é nosso” ou “o delegado é nosso” (Cf. Francisco Fonseca, CBN Noite Total de Segunda-feira, 03/08/2009) – esse era o ditado usado pelos coronéis ao indicar que os juízes e os delegados eram cooptados pelos poderosos – será que isso aconteceu com o juiz – amigo íntimo de Sarney no caso do “cala boca” do Jornal “Estadão”?
Isso precisa ser investigado e o juiz deve ser punido, caso tenha responsabilidade no ato deliberado a favor do amigo. A conversa da família Sarney diz respeito ao espaço público e não era conversa íntima e familiar, mas favorecimento patrimonialista do namorado da neta na atividade de um cargo público.
Para usar uma linguagem apropriada, podemos recordar a análise de Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder” na explicação sobre a regra do compadrio, isto é “em regra o compadrio une os aderentes ao chefe, chefe enquanto goza da confiança do grupo dirigente estadual e enquanto presta favores, com o domínio do mecanismo policial, muitas vezes do promotor público, não raro expresso na boa vontade do juiz de direito. As autoridades estaduais – inclusive o promotor público e o juiz de direito – são removidas, se em conflito com o coronel. Até a supressão da comarca, seu desmembramento, elevação de entrância são expedientes hábeis para arredar a autoridade incômoda” (FAORA, 2001, 712).
Na democracia precisamos realizar nossas atividades com transparência, fiscalização e controle das Instituições públicas e privadas no exercício do poder público prestando contas das nossas ações e palavras para o bom funcionamento da República contra os coronéis, os subcoronéis, os seus capangas, amigos e compadres que geram as mazelas das nossas contradições em nosso país.

Daner Hornich é Doutorando em Filosofia pela PUC-SP. Mestre em Filosofia pela PUC-SP.

Friday, August 07, 2009

Pega na mentira - é o novo enredo da escola de samba do Sarney

Saiu no blog do ucho – para conferir: http://ucho.info/minuciosamente-arquitetada-defesa-de-jose-sarney-desemboca-em-irreversivel-mentira
Pega na mentira -
Presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP) tentou convencer seus pares de que é inocente e, ao mesmo tempo, vítima de uma armação da imprensa brasileira, mas acabou quebrando o decoro parlamentar. Em seu didático (sic), porém não convincente discurso, no plenário do Senado, Sarney, ao justificar a nomeação por ato secreto de Rodrigo Cruz, disse não conhecer o apaniguado. Foi nesse exato momento que o presidente da Casa faltou com a verdade.

Dizem os especialistas que a memória fraqueja com o avanço da idade – Sarney já passou dos 80 anos –, mas mentir continuadamente é caso de tratamento. Para que o senador amapaense não reforce o seu estoque de dúvidas e inverdades, Rodrigo Cruz casou-se recentemente com a filha de Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado. E Sarney foi padrinho de casamento do agora ilustre desconhecido.

Partindo do pressuposto que o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), tinha razões de sobra para rejeitar as representações contra Sarney, fica extremamente difícil fechar os olhos e os ouvidos para a mais nova mentira contada pelo comandante do Senado. Se a moda pega oficialmente…

Comentário: Até quando vamos ficar assistindo essas mentiras em estado de paralisia?


Daner Hornich

Thursday, August 06, 2009

Vamos Brasil!

Precisamos nos movimentar contra os palhaços que conduzem o espaço público brasileiro para o fundo do poço. Vamos Brasil! Vamos nos movimentar para criar um novo espaço político para a nossa convivência digna.

Daner Hornich

Fora Sarney e os corruptos ...

“Aos gritos, Renan Calheiros e Tasso Jereissati trocam acusações no Senado” – é uma vergonha os homens que compõem o Senado brasileiro, de modo especial o truculento Renan Calheiros que é mais sujo que pau de galinheiro – tentando intimidar a favor do criminoso José Sarney – Fora Sarney e os corruptos do PMDB, do PT, DEMO E PSDB e outros partidos.

Daner Hornich

Monday, August 03, 2009

"Intenção americana de expandir sua presença militar na Colômbia"

Eles estão chegando – os alienígenas “Americanos do Norte” com suas bases – isso já era esperado.

São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009


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Brasília se alia a Madri contra bases dos EUA
Governos articulam ação conjunta para lidar com intenção americana de expandir sua presença militar na Colômbia

Negociações entre Bogotá e Washington foram estopim inicial para acirramento das tensões que fez Venezuela congelar relação com vizinho


Fernando Vergara/Associated Press


Caminhões fazem fila em Cúcuta (Colômbia) para passar ao outro lado da fronteira com a Venezuela, que prometeu substituir importações vindas do país vizinho

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os governos da Espanha e do Brasil articulam reações conjuntas da União Europeia e da América Latina contra a intenção dos EUA de ampliarem sua presença militar na Colômbia, com distribuição de soldados e civis americanos em três bases no país.
Para Espanha e Brasil, isso significa trazer para a região a lógica da militarização e uma corrida armamentista, com a Colômbia servindo de plataforma para os EUA e a Venezuela, para a Rússia.
"É preciso cuidado para evitar tensão e militarismo na América Latina. Essa não é a melhor resposta aos problemas na região", disse o chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, depois de encontros com o presidente Hugo Chávez (Venezuela), anteontem, em Caracas, e com o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), ontem, em Brasília.
O Itamaraty orientou o embaixador em Washington, Antonio Patriota, a questionar detalhes sobre a ampliação da presença nas três bases, em Malambo, Palanquero e Apiay.
Amorim cobra "transparência" e diz que o Brasil quer saber se o comando das operações ficará com os EUA ou com a Colômbia e se haverá ampliação no limite de até 800 militares e de até 600 civis norte-americanos acertado no chamado Plano Colômbia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em São Paulo, ao lado da colega chilena, Michelle Bachelet, que não lhe "agrada" a ideia de que os EUA ampliem a presença militar na Colômbia e defendeu que o acordo entre Washington e Bogotá, ainda em negociação, seja tratado na reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no Equador, no próximo dia 10.
Lula pediu que seja convocado o Conselho de Defesa da Unasul, criado no ano passado, para discutir o espinhoso tema de segurança nas fronteiras e o futuro acerto militar. Presidente pro-tempore do órgão multilateral, Bachelet, corroborou o chamado.
"Posso dizer que a mim não me agrada mais uma base na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o [presidente da Colômbia, Álvaro] Uribe desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu prefiro não dar palpite nas coisas do Uribe", continuou o brasileiro. Ele disse preferir "conversar pessoalmente" com Uribe em Quito.
A presidente do Chile defendeu que é preciso chegar a um acordo "porque por certo há países que não estão tranquilos" com a negociação Washington-Bogotá.
Lula traçou paralelo entre o possível acordo dos EUA e a Colômbia e a Quarta Frota Naval americana, reativada no ano passado. O presidente lembrou que o Brasil havia dito a Washington, por carta, que "não via com bons olhos" a reativação da esquadra, comando naval responsável por todas as embarcações militares americanas nas águas da América Latina e do Caribe. O motivo, repetiu Lula, é que "a linha territorial dela [da esquadra] é quase em cima do nosso pré-sal".

Crise bilateral
No discurso do governo Álvaro Uribe, a Colômbia manterá o controle das três bases, que seguirão sendo de combate ao narcotráfico e com o efetivo estrangeiro dentro do limite já anteriormente estabelecido dentro do Plano Colômbia.
No entanto, alastra-se na América Latina e estende-se agora para a Europa, via Espanha, o temor de que o novo governo dos Estados Unidos esteja recuando no discurso antibelicista e anti-invasivo do presidente Barack Obama.
A percepção nos países sul-americanos, levada à Europa, é a de que o governo Obama está usando as bases na Colômbia para neutralizar a crescente aproximação da Venezuela de Chávez tanto com os russos, dos quais adquiriu equipamentos bélicos, quanto com o Irã -adversário de Washington.
Moratinos voou de Caracas para Brasília anteontem à noite para jantar com autoridades brasileiras, inclusive com o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Um dos temas foi a tensão Colômbia-Venezuela.
Garcia está indo para Caracas e para Bogotá como enviado de Lula para obter informações e tentar mediar o diálogo entre Chávez e Uribe. Ele vai tentar articular a ida de Chávez à Colômbia na semana que vem.
A Venezuela retirou na terça seu embaixador do país vizinho, depois de cobranças públicas para que explicasse o achado de armas do Exército venezuelano com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O governo Chávez diz que a acusação é uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção da discussão sobre as bases militares.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3107200901.htm acesso em 03/08/2009

Daner Hornich

A era das pandemias e a desigualdade

Os nossos governantes são uns calhordas – a gripe suína (A (H1N1) é anunciada desde a gripe viária (H5N1) e o tratamento dado ao assunto foi esquecido por questões mercadológicas e ausência de investimento em pesquisa cientifica - sobre esse assunto conferir o texto “O monstro à porta” in. DAVIS, Mike. Apologia dos Bárbaros. São Paulo: Bitempo, 2008, 203 – 205. Ou o texto abaixo:

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TENDÊNCIAS/DEBATES

A era das pandemias e a desigualdade
SUELI DALLARI e DEISY VENTURA
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Tratar essa pandemia gripal como espetáculo pontual é um equívoco. As pandemias vieram para ficar e suscitam dois debates estruturais
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O MUNDO está diante das primeiras "pestes globalizadas", cuja velocidade de contágio, sem precedentes, é inversamente proporcional à lentidão da política e do direito.
A aceleração do trânsito de pessoas e de mercadorias reduz os intervalos entre os fenômenos patológicos de grande extensão em número de casos graves e de países atingidos, ditos pandemias. Assim, tratar a pandemia gripal em curso como um espetáculo pontual é um grande equívoco.
As pandemias vieram para ficar e suscitam ao menos dois debates estruturais: as disfunções dos sistemas de saúde pública dos países em desenvolvimento e a inoperância da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na ausência de quebra de patentes de medicamentos e de vacinas, perecerá um grande número de doentes que, se tratados, poderiam ser salvos. O mundo desenvolvido terá então, deliberadamente, deixado morrer milhões de pobres.
Sob fortes pressões políticas, a OMS tem divulgado com entusiasmo doações de tratamentos e descontos aos países menos avançados na compra do oseltamivir, o famoso Tamiflu, fabricado pela Roche, até então o único tratamento eficaz contra o vírus A (H1N1). Mas essa pretensa generosidade é absolutamente insignificante diante da possível contaminação de um terço da humanidade.
A apologia do Tamiflu tem levado milhares de pessoas à compra do medicamento pela internet ou a cruzar fronteiras para obtê-lo em países vizinhos. O uso indiscriminado do medicamento deve ser combatido com vigor, tanto pela probabilidade de consumo de produto falso quanto por fazer com que rapidamente o vírus se torne resistente também ao oseltamivir, o que ocorreu em casos recentes. Ainda mais grave: as constantes mutações do vírus tornam o mundo refém da indústria de medicamentos.
A OMS deve operar para que paulatinamente os Estados assumam o leme, com todos os custos que isso implica, do investimento em pesquisa ao serviço de saúde pública.
O direito não pode ser desperdiçado: o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, negociado no âmbito da Organização Mundial do Comércio, criou a licença compulsória, dita quebra de patente, para, entre outros casos, os de urgência.
Ora, pode ocorrer algo mais urgente do que uma pandemia?
No entanto, quebrar a patente do Tamiflu, embora imprescindível, é apenas uma ponta do iceberg. É preciso que os Estados desenvolvam as condições para produzi-lo.
O mesmo ocorre em relação à insuficiência de kits para diagnóstico: com a progressão da pandemia, é provável que não sejamos capazes sequer de contar os mortos, ou seja, aqueles que comprovadamente foram vítimas desse vírus.
A prevenção da doença traz um problema adicional, que é a pressa: os mais nefastos efeitos da vacina contra o A (H1N1) ocorrerão nos primeiros países a generalizá-la, que serão, infelizmente, os latino-americanos, até agora os mais atingidos pela doença.
Assim, a deplorável desigualdade econômica mundial distribui também desigualmente o peso das urgências sanitárias. Os pobres portam o fardo mais pesado, eis que a pandemia gripal vem juntar-se a outras doenças endêmicas, como paludismo, tuberculose e dengue, cuja subsistência deve-se às adversas condições de trabalho e de vida, sobretudo em grandes aglomerações urbanas, não raro em condições de habitação promíscuas, numa rotina que favorece largamente a contaminação.
Caso o fenômeno se agrave, novas restrições, além do controle do Tamiflu, podem ser necessárias, a exemplo da limitação de reuniões públicas e aglomerações, que já foi adotada em países próximos, como a Argentina.
A pandemia pode trazer, ainda, a estigmatização de grupos de risco ou de estrangeiros, favorecendo a cultura da insegurança, pois o medo é tão contagioso quanto a doença.
Por tudo isso, urge revisar o papel da OMS no sistema internacional e retomar o debate sobre a criação de um verdadeiro sistema de vigilância epidemiológica no Brasil, apto a regular a eventual necessidade de restrições a direitos humanos e a organizar a gestão das pandemias com a maior transparência possível.
Caso contrário, seguirá atual o que escreveu Albert Camus, em 1947, no grande romance "A Peste": "Houve no mundo tantas pestes quanto guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas".
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SUELI DALLARI , 58, é professora titular da Faculdade de Saúde Pública da USP.

DEISY VENTURA , 41, é professora do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3107200908.htm acesso em 03/08/2009.

Daner Hornich

"Não votei no Sarney nem para senador" - afirma Lula.

"Não votei no Sarney nem para senador", afirma Lula. Revela que o presidente não vive o Espírito Público, isto é, Republicano, mas o espírito coorporativo (do patrimonialismo) e privado dos camaradas que retalham o Brasil em pedaços para ser devorados.

Daner Hornich

A sutileza e o embuste dos golpistas

Analise perspicaz sobre o Golpe Militar de 64 no Brasil do Ferreira Gullar na Folha de São Paulo revela a sutileza e o embuste dos golpistas.

São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009



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FERREIRA GULLAR

E por falar em golpe militar...
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A radicalização de setores que se diziam "revolucionários" abriu caminho para o golpe
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EM DEBATE RECENTE , na televisão, ouvi de historiadores e estudiosos de nossa vida política afirmações acerca do golpe de 1964 que me deixaram surpreso. Embora não tenha a autoridade daqueles debatedores, eu, por ter vivido e acompanhado de perto aqueles acontecimentos, tenho visão diferente da deles em alguns pontos da interpretação que preponderou durante aquela discussão. Um dos debatedores afirmou que o presidente João Goulart, antes de ser deposto, estava de fato preparando um golpe nas instituições democráticas para manter-se no poder. Tal afirmação, em última instância, justificaria o golpe militar, pois seria na verdade um contragolpe. O autor dessa tese deve ter se baseado em algum documento ou informação que desconheço.
De qualquer modo, incorre num grave equívoco, desconsiderando, assim, fatos notórios que determinaram a derrubada do presidente da República pelos militares. O testemunho do general Jarbas Passarinho, que integrou o ministério da ditadura, não deixa dúvida quanto à motivação do golpe, que teria sido dado para impedir a instauração, no Brasil, de um regime comunista, coisa que Jango nunca foi.
Como os supostos indícios dessa nova "intentona" não tinham apoio na realidade, fica evidente que, da parte dos militares, o propósito de depor João Goulart foi decisão tomada desde que ele assumiu o governo. Aliás, aqueles mesmos generais tudo fizeram para impedir que ele o assumisse, após a renúncia de Jânio Quadros.
Se o conseguiu, foi graças à reação de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, que conquistou o apoio do comandante do Terceiro Exército, ali sediado. A solução conciliatória foi a adoção de um parlamentarismo fajuto, mais tarde revogado pela vontade popular, num plebiscito. Com isso, Jango retomou os plenos poderes de presidente da República, o que os generais engoliram com dificuldade e se prepararam para derrubá-lo.
Foi o que aconteceu de fato, como é verdade também que o fortalecimento de Jango estimulou as forças de esquerda a intensificarem suas ações em favor das chamadas "reformas de base", como a reforma agrária e teses anti-imperialistas, que assustavam setores conservadores.
Em função disso, Jango se tornou uma espécie de refém das forças que o apoiavam, particularmente o sindicalismo reformista, que promovia greves sucessivas em todo o país. O centro do Rio de Janeiro se tornou uma praça de guerra, impedindo o funcionamento do comércio e das repartições públicas. Naturalmente, esses fatos contribuíram para o fortalecimento das forças anti-Jango e a ampliação da conspiração que veio a derrubá-lo.
Considerando as necessárias diferenças e proporções, a situação de Goulart antecipou o que ocorreria, mais tarde, com Salvador Allende, no Chile, também vítima da ação impensada daqueles que deveriam apoiá-lo. Se é verdade que a situação brasileira, em 1964, não era idêntica à do Chile em 1973, é certo também que, aqui como lá, a radicalização insensata de setores que se diziam "revolucionários" minou a autoridade do governo constitucional e abriu caminho para o golpe militar.
No caso brasileiro, um desses involuntários aliados dos golpistas foi aquele mesmo Leonel Brizola, que o salvara em 1962. A pretensão de se tornar o sucessor do seu cunhado ("Cunhado não é parente, Brizola para presidente") levou-o a uma insensata campanha para retirar do Ministério da Fazenda o paulista Carvalho Pinto, que funcionava como uma espécie de avalista do governo junto à classe empresarial.
A sua demissão abriu caminho para a derrubada de João Goulart, desgastado pelas greves e por um início de rebelião dos Fuzileiros Navais, comandados pela almirante Aragão, que manifestava claramente apoio às reformas exigidas pelas forças de esquerda. A um de seus ministros, Jango confidenciou: "Esses Fuzileiros Navais vão terminar me tirando do governo".
Desse modo, Jango terminou numa situação crítica: vendo avançar a conspiração que visava derrubá-lo, teria que reprimir as greves e as manifestações de setores militares que o apoiavam, mas sabia que, se o fizesse, não evitaria o golpe já em curso. Daí o comício na Central do Brasil e o encontro com os sargentos no Automóvel Clube, que só serviram para precipitar sua queda.
Dizer que o presidente João Goulart é que pretendia golpear as instituições é não entender o que de fato ocorreu e dar crédito à versão dos golpistas.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0208200919.htm acesso em 03/08/2009.

Daner Hornich

Neopaganismo evangélico - religião como comercialização – mercadológica das práticas de fé religiosa)

Uma analise interessante do Professor José Arthur Giannotti na Folha de São Paulo sobre as práticas religiosas pentecostais (religião como comercialização – mercadológica das práticas de fé religiosa) e suas raízes inseridas no Neopaganismo – maniqueísta “abrasileirado”. Indicando a ausência de conhecimento e esclarecimento bíblico sobre os temas pertinentes as questões religiosas que se fundamenta no pensamento e no ensinamento judaico-cristão.

Neopaganismo evangélico
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Teologia pentecostal se afasta da tradição judaico-cristã ao atribuir ao mal uma potência independente de Deus e dos homens
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JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI
COLUNISTA DA FOLHA
Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, "A Igreja Universal e seus Demônios - Um Estudo Etnográfico" [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.
No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.
Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.
Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.
Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana "é dando que se recebe", pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: "Recebes porque doastes". E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.
O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, "Deus é fiel", não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.

Anticalvinismo
Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.
Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?
Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.
Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.
Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.

Paganismo
Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.
O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.
Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.

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JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI é professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Escreve na seção "Autores", do Mais!.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0208200904.htm acesso em 03/08/2009.

Daner Hornich

Wednesday, July 22, 2009

A UNE é uma vergonha para os estudantes do nosso país

A UNE é uma vergonha para os estudantes do nosso país – além de receber dinheiro do governo federal para ficar de bico calado, dão pinta de “macacinho mando” no encontro com o presidente Lula – horas antes do encontro com o pequeno timoneiro as palavras de ordem indicavam o tom das brincadeiras e das bestialidades dos nossos estudantes (“quem não está com o Sarney da um pulinho”) – que até proclama na voz do presidente da UNE (o novo presidente) que o governo tem o dever de financiar os estudantes da UNE
– isso não é verdade, mas embuste de um sobrevivente sem corpo e alma.
Daner Hornich

O descalabro e a desmoralização do Legislativo e a ineficácia do Judiciário

Saiu no blog do professor Roberto Romano da UNICAMP.

A coluna de Lula nos jornais
Roberto Romano

Athanasius Kircher (1601-1680), jesuíta competente nas artes de governo, imaginou meios para que as elites dirigentes investigassem tudo sobre os cidadãos e, ao mesmo tempo, deles escondessem tudo. Entre aqueles meios, ele imaginou gigantescos megafones, nos quais a “verdade oficial” seria transmitida. Segredo, de um lado, espionagem e propaganda de outro. Esta foi a receita eficaz para a razão de Estado, receita que, adequando-se aos tempos e lugares, permanece até hoje. Donoso Cortés, no Discurso sobre la ditadura (1849), diz que chega o dia em que os governos proclamam: “temos um milhão de braços, mas não bastam. Precisamos mais, precisamos de um milhão de olhos. E tiveram a polícia e com ela um milhão de olhos. (...) Não bastou aos governos um milhão de braços, não lhes bastou um milhão de olhos. Eles quiseram um milhão de ouvidos, e os tiveram com a centralização administrativa, pela qual vieram parar no governo todas as reclamações e todas as queixas. (...). Mas os governos disseram: não me bastam, para reprimir, um milhão de braços; não me bastam, para reprimir, um milhão de olhos; não me bastam, para reprimir, um milhão de ouvidos; precisamos mais, precisamos ter o privilégio de nos encontrar ao mesmo tempo em todas as partes. E tiveram isto, pois se inventou o telégrafo”. Chegamos hoje à internet, aos meios eletrônicos de busca e controle, além da espionagem dos próprios cidadãos, com uma eficácia que recorda o romance 1984.

O jesuíta e o conservador espanhol do século 19 pegaram traços essenciais da moderna dominação política. O fim último dos governos é o controle, para arrancar da cidadania impostos, votos, soldados para a guerra, etc. Tudo o que os governos puderem fazer para deixar longe dos olhos cidadãos os segredos oficiais, eles procuram (lembre-se o dito de Bismarck: “se o povo soubesse como são feitas as salsichas e as leis”...) e tudo o que os mesmos governos puderem fazer para arrancar informações sobre as “pessoas comuns”, eles o farão. E tudo o que eles puderem fazer para a propaganda de si mesmos, nos jornais, nos rádios, na TV, na internet, eles o farão. No Brasil, desde o DIP, tivemos um crescendo na lógica do segredo e da propaganda. Do controle e censura, ao incentivo à uma imprensa que apoiasse o ditador Vargas, à criação de programas como a Hora do Brasil, tudo foi tentado. Neste sentido, um livro essencial é da Professora Maria Helena Rolim Capelato, Multidões em Cena, propaganda política no varguismo e no peronismo, São Paulo, Ed. Unesp, 2008).

O que Lula faz hoje, e fará amanhã com meios modernos como a internet, segue a lógica do Estado autoritário, cujos inícios se encontram no Estado absoluto do século 17. O historiador Peter Burke, num livro intitulado A fabricação do Rei (RJ, Zahar Ed), mostra que Luis XIV (“O Estado sou eu”) instaurou a propaganda do trono, de modo a fazer com que o regime absolutista fosse aceito e temido e admirado. A coluna de Lula, obra de Martins e secretários, com poderosa ajuda de João Santana, serve para propagar o governo, tornando a sua face atual o regime de amanhã. E este regime não terá três poderes isonômicos, mas apenas um, supremo, o Executivo. A tendência está inscrita em nossa história, desde Dom João VI e Pedro I, com o Poder Moderador que estava acima dos três poderes, com prerrogativas ditatoriais.

Com o descalabro e a desmoralização do Legislativo e a ineficácia do Judiciário (não existe vazio no poder) o Executivo tende a legislar cada vez mais e não apenas com Medidas Provisórias. Logo ele julgará os cidadãos. Neste modelo político é preciso a figura do Pai da Pátria, como foi Pedro I, “defensor perpétuo do Brasil” e Getúlio Vargas. E como pretende ser Lula (em muitas ocasiões ele indicou a si mesmo como pai do Brasil). As colunas podem ser, caso não apareçam debates e recusas, a fala semanal do Big Brother na imprensa, depois na TV e no rádio abertos, na Internet. E ai de quem não dobrar as orelhas e os joelhos aos paternos conselhos!

http://silncioerudoasatiraemdenisdiderot.blogspot.com/ acesso em 22/07/2009

Militares, ciências, Educação Popular.

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