Thursday, September 17, 2009

"Falemos a verdade: a mediocridade funciona" - até na .universidade

Saiu na folha de São Paulo - artigo do Luiz Felipe Pondé - vale a pena conferir.

São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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LUIZ FELIPE PONDÉ

Um relatório para a Academia

Cálculos para garantia do emprego ocupam o tempo da classe acadêmica


CLÓVIS ROSSI pergunta em sua coluna do dia 8 de setembro, página A2, se no Brasil vivemos algo como o que acontece na vida universitária da Espanha hoje: desinteresse dos alunos e asfixia burocrática dos professores. Sim, há semelhanças.
Nos anos 50, o filósofo norte-americano Russel Kirk descrevia um fenômeno interessante nas universidades americanas.
A partir do momento em que a vida acadêmica se tornou objetivo da "classe média", gente sem posses, a vida universitária entrou em agonia porque a proletarização dos acadêmicos se tornou inevitável.
Dar aula numa universidade passou a ter algum significado de ascensão social. A partir de então o carreirismo necessariamente assolaria a academia, assim como assola qualquer emprego.
Cálculos estratégicos para garantia do emprego passaram a ocupar o tempo da classe acadêmica. E muita gente que vai dar aulas na universidade não é tão brilhante assim ou tão interessada em conhecimento.
O cálculo estratégico hoje passa pelo número de alunos que implica uma redução ou não de aulas e orientações de teses.
Ou mesmo nas públicas, onde você está mais protegido da proletarização imediata, uma verba maior ou menor para seu projeto e mais ou menos discípulos causarão impacto na renda final e na imagem pública.
Daí o desenvolvimento em nós de um espírito selvagem: o corporativismo em detrimento do ensino ou o ethos de gangues em meio à retórica da qualidade.
Muitas pessoas (alunos e professores) buscam a universidade não para "conhecer" o mundo, mas sim "para transformá-lo" ou ascender socialmente.
E aqui, revolucionários ("criando o mundo que eles acham melhor") e burgueses (interessados em aprender informática para "melhorarem de vida") se dão as mãos.
Este pode ser mais individualista do que o outro, mas ambos fazem da universidade uma tenda de utilidades.
Para mim não faz muita diferença, para a banalização da universidade, se você quer formar gestores de negócios ou gestores de favelas. Nenhum dos dois está interessado em "conhecer" o mundo, mas sim "transformá-lo".
É claro que nos gestores de favelas o espírito selvagem pode funcionar tão bem quanto entre os gestores de negócios. A obrigação da universidade em produzir "conhecimento de impacto social" é tão instrumental quanto produzir especialistas na última versão do Windows.
O utilitarismo quase sempre ama a mediocridade intelectual. Falemos a verdade: a mediocridade funciona.
Ela gera lealdades, produz resultados em massa, convive bem com a estatística, evita grandes ideias. Enfim, caminha bem entre pessoas acuadas pela demanda de sobreviver.
A instrumentalização é quase sempre outro nome para utilitarismo. Isso não quer dizer que devamos excluir da universidade as almas que querem ser gestores de negócios ou gestores de favelas -elas é que excluem todo o resto.
Precisamos dos dois tipos de almas, e cá entre nós, acho que os gestores de favelas são moralmente mais perigosos do que os gestores de negócios. Como todos nós, ambos irão para o inferno, a diferença é que os gestores de favelas acham que não.
E a asfixia burocrática? Ahhh, a asfixia burocrática! Esta contamina tudo e em nome da democratização da produção e da produtividade da produção.
A burocracia na universidade nasce, como toda burocracia, da necessidade de organização, controle, avaliação.
Não é um sintoma externo a busca de aperfeiçoamento do sistema, é parte intrínseca ao sistema. A pressão pela produtividade proletariza tanto quanto a pressão pela carreira.
Soa absurdo, caro leitor? Quer mais?
Em nome da transparência da produção, atolamos esses indivíduos de classe média na burocracia da transparência e do acesso à produção universitária.
Enfim, a "produção" asfixia a universidade em nome de uma "universidade mais produtiva, democrática e transparente em sua produtividade". Estamos sim falando da passagem da universidade a banal categoria de indústria de conhecimento aplicado, e sob as palmas bobas de quem quer "fazer o mundo melhor". Tudo bem que queira, mas reconheça sua participação na comédia.
Kafka, em seu conto "Um Relatório para a Academia", já colocava um ex-macaco, recém-homem, fazendo um relatório para os acadêmicos.
Ali ele já suspeitava que a academia continha algo de circo ou show de variedades. Hoje sabemos que isto já aconteceu.

ponde.folha@uol.com.br

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1409200920.htm acesso em 17/09/2009.

Friday, September 04, 2009

ESPINOSA NO POVO!

"Se os homens pudessem, em todas as circunstâncias, decidir pelo seguro ou se a fortuna se lhes mostrasse sempre favorável, jamais seriam vítimas da superstição" (ESPINOSA, Tratado Teológico-Político, 2003, 5).

Vamos ler Espinosa...

Oração: um instrumento de manipulação dos políticos brasileiro

São Paulo, sexta-feira, 04 de setembro de 2009



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Dilma se diz curada do câncer e afirma que é "o alvo da vez"
De mãos dadas ao redor da ministra, evangélicos oram pela recuperação da sua saúde e pela eleição presidencial de 2010

Provável candidata do PT à Presidência, Dilma diz que não vai falar sobre disputa eleitoral "até por questão de autossobrevivência"

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que está curada do câncer linfático e que é "o alvo da vez", mesmo sem comentar se é ou não candidata à Presidência da República em 2010.
Provável nome petista para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma sofreu desgaste após a ex-chefe da Receita Federal Lina Vieira afirmar à Folha que a ministra pediu rapidez na conclusão de investigação sobre as empresas da família Sarney.
Em entrevista à rádio Gaúcha (RS), Dilma não foi questionada se conversou com Lina. A ministra já negou que a conversa tenha ocorrido.
"Eu já sou o alvo da vez sem falar isso. Agora, falando isso [sobre campanha], aí eu vou ser mais alvo ainda. Até por uma questão de autossobrevivência, de autoproteção", disse à rádio.
A ministra declarou também que está curada do câncer. Dilma descobriu em março um nódulo na axila esquerda, um linfoma, ainda em estágio inicial, retirado em cirurgia.
"Concluí o tratamento de rádio [radioterapia] e na semana que vem faço os exames. E acho que vou dar um anúncio, que vou antecipar aqui: do ponto de vista dos médicos, estou curada. Estou com a certeza, a esperança e a torcida", disse.
Dilma foi submetida a quatro sessões de quimioterapia e a sessões de radioterapia. Esta última etapa, que acabou no dia 17 de agosto, consiste na aplicação de radiação no local onde o tumor foi descoberto.
Em junho, quando a quimioterapia foi concluída, o oncologista Paulo Hoff já havia afirmado que a ministra da Casa Civil estava "curada" e que ela estava "completamente sem evidência da doença".
Em Brasília, a ministra reuniu-se com evangélicos antes da cerimônia de sanção do projeto de lei que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
A pedido do apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, o grupo cercou Dilma e, de mãos dadas, fez uma oração pela campanha do ano que vem e pela recuperação da saúde da ministra. A bispa Sônia Hernandes, o bispo Rodovalho (DEM-DF) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) também participaram da oração.
Sônia e Estevam, fundadores da Renascer, foram presos nos EUA acusados de conspiração para contrabando de dinheiro. O casal foi preso em janeiro de 2007, quando entrava no país com US$ 56,4 mil escondidos em uma bolsa, em uma Bíblia, num porta-CDs e numa mala.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0409200907.htm 04/09/2009

Comentário: Abusar da fé e usar religão sempre foi um instrumento de manipulação dos políticos no Estado Brasileiro.

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...