Tuesday, October 26, 2010

Claude Lefort e a invenção democrática

Claude Lefort e a sua contribuição para o pensamento político.


Claude Lefort e a invenção democrática
Olgária Matos analisa o legado do filósofo Claude Lefort, falecido em 03-10-2010, aos 86 anos. Críticas à democracia, burocracia e totalitarismo estão entre suas grandes contribuições
Por: Márcia Junges

“Pensador da democracia como invenção política, a invenção democrática de Lefort indica que a democracia o será por todo o tempo em que ela for uma forma de convivência social e de resolução de conflitos em busca de sua própria definição”. A afirmação é da filósofa Olgária Matos, na entrevista que concedeu por e-mail à IHU On-Line. De acordo com ela, “é invenção sua também a ideia que a sociedade de massa pode tanto exercer a democracia e o conflito quanto ‘solucioná-lo’ pelo totalitarismo”.

Pioneiro na denúncia dos totalitarismos, Claude Lefort faleceu no dia 3 de outubro, aos 86 anos, conforme nota publicada nas Notícias do Dia do sítio do IHU em 20-10-2010 (a nota pode ser lida em http://bit.ly/bAFKMZ. Colaborador da revista Les Temps Modernes até entrar em choque com Sartre pelo compromisso deste último com os comunistas e cofundador, junto com Henri Lefebvre e Cornelius Castoriadis, do Socialismo ou Barbárie, desde jovem esteve próximo ao marxismo, influenciado por seu mestre Maurice Merleau-Ponty . Equilibrou em sua carreira a pesquisa e o ensino: foi professor no Liceu de Nîmes e depois no de Reims (1949-1951); foi professor da Universidade de São Paulo, no Brasil (1952- 1953); assistente na Sorbonne (1953-1955); diretor do departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade de Caen (1965- 1971); e diretor de estudos na École des Hautes Études et Sciences Sociales – EHESS (1975- 1989). Nascido em Paris em 1924, apesar de suas origens marxistas, envolveu-se, no final dos anos 1940, na criação do grupo Socialismo ou Barbárie, que posteriormente lançou uma revista homônima, que surgiu na ruptura com o movimento trotskista. Esse afastamento se tornou definitivo quando descobriu O Arquipélago Gulag de Alexandr Solzhenitsin, sobre o qual escreveu o artigo Un homme un trop.

Graduada e especialista em Filosofia pela Universidade de São Paulo – USP, Olgária Matos é mestre em Filosofia pela Universidade de Paris e doutora em Filosofia pela USP com a tese Os arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a Melancolia, a Revolução (São Paulo: Brasiliense, 1984). É pós-doutora pela EHESS, na França, e livre-docente pela USP, onde leciona no Departamento de Filosofia. De sua extensa produção bibliográfica, citamos Discretas Esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo (São Paulo: Nova Alexandria, 2006), Vestígios: escritos de filosofia e crítica social (São Paulo: Palas Athenas, 1998) e 1968: As barricadas do desejo (São Paulo: Editora Brasiliense, 1981).

Confira a entrevista.


IHU On-Line - Qual é o maior legado do filósofo Claude Lefort?

Olgária Matos - O maior legado de Claude Lefort para os tempos que estão aí e virão é a questão da democracia. Sua noção de “democracia selvagem” evoca, ampliando-a, a experiência originária do governo, não do povo, mas da assembleia do povo, ou seja, todas as forças sociais em presença, enfatizando sempre o elemento de indeterminação do presente que é o espaço de criação política e de liberdade radical. Pensador da democracia como invenção política, a invenção democrática de Lefort indica que a democracia o será por todo o tempo em que ela for uma forma de convivência social e de resolução de conflitos em busca de sua própria definição. Outra maneira de dizer que, em política, não existem soluções definitivas.


IHU On-Line - Qual é a atualidade sobre suas análises a respeito da burocracia e do totalitarismo?

Olgária Matos - Nosso tempo assistiu a duas figuras do totalitarismo, o nazismo e o estalinismo, o primeiro com sua utopia da raça pura, e o segundo com a utopia do “homem novo”. O pensamento totalitário é o que busca soluções definitivas no sentido de controlar a pluralidade que constitui o mundo social e a heterogeneidade das forças, interesses e paixões políticas. A burocracia é um fenômeno que se aprofunda todas as vezes em que há crise política e de valores, uma vez que ela se funda no segredo da informação e em diversas formas de controle, desde os micropoderes de funcionários médios até o macropoder em que a noção de competência política se baseia na de função técnica. A despersonalização e a formalização de que se vale a burocracia se alia ao que hoje se denomina estado de exceção que tem nela sua face “benigna”. A natureza do fenômeno totalitário foi trabalhada de maneira inédita por Lefort, uma vez que ele o analisou na figura do “um”, encontrando em uma questão epistemológica sua dimensão política, a sociedade sem classes ou a sociedade com uma única raça homogênea.

É invenção sua também a ideia que a sociedade de massa pode tanto exercer a democracia e o conflito quanto “solucioná-lo” pelo totalitarismo. Por isso, é central em seu pensamento da democracia a sociedade de massa, cujo complicador se encontra justamente em ela ser, ao um só tempo, sociedade de classe e de massa, quer dizer, nela há formas institucionais de funcionamento e também tendência à dispersão do mundo do trabalho e das diversas formas de acúmulo do capital baseadas na intensificação da produção através das novas tecnologias além de a sociedade de massa se basear na “comunicação” e na “informação”, com os núcleos “invisíveis” da produção da consciência social.


IHU On-Line - E no que tange ao totalitarismo, como seu pensamento pode fomentar a autocrítica da esquerda?

Olgária Matos - Como pensador da liberdade radical, Lefort cedo identificou mesmo nas formas de crítica da burocracia uma variante “liberal” do totalitarismo, como Trotski. A esquerda tradicional - aquela que herda do século XIX a prática da clandestinidade e governos absolutistas e cujas leis se baseavam em privilégios de classe - por vezes mantém práticas cuja eficácia se supunha existir, no limite, na guerra social, apostando muito das rupturas definitivas e na violência revolucionária tomada como produtora de consciência e do novo. Lefort, ao afirmar a legitimidade do conflito, não elide a questão dos interesses antagônicos, mas realça o que pode haver de entendimento no conflito. Autor do monumental Maquiavel, o trabalho da obra, Claude Lefort enuncia que a política como as obras de pensamento é trabalho imanente que produz democracia, o exercício de direitos e de invenção de novos direitos, sempre no sentido de que privilégios e carências, não podem se universalizar. Por isso também a economia não pode ser a medida do político, mas a autonomia com respeito à barbárie do mercado.


IHU On-Line - Quais são os principais limites e possibilidades da democracia apontados por Lefort?

Olgária Matos - As análises de Lefort sobre maio de 1968 contêm já a crítica das formas tradicionais de produção de “consenso”, pois em A Brecha, Lefort mostra que ele foi o momento la boétienao da política francesa, momento disruptivo em que a palavra se liberou e com ela a criatividade social em que a rua tomou a palavra, quer dizer, o pensamento se fez público e o direito de discordar é a base da vida social em suas tensões e distensões. Mostra também que a política democrática não necessita da ideia de líder, de guia, de “partido consciência de classe”, porque a invenção democrática não depende nem das virtudes, nem dos vícios dos governantes, mas da qualidade de suas instituições.


IHU On-Line - Como podemos transpor para nosso momento político brasileiro a crítica do filósofo ao nivelamento “por baixo” promovido pela democracia? De que forma as falhas apontadas por Lefort à democracia podem contribuir no fortalecimento deste sistema?

Olgária Matos - A democracia que foi-se instituindo a partir da Revolução Francesa se baseou na educação humanista, formadora do laço social, tanto que o professor era chamado instituteur porque ele “instituía” a sociedade; e estudante é eleve porque a educação eleva a criança e sublima o povo. Esta educação dita republicana garantia que todo cidadão era portador de “sabedoria política” porque seria o agente em exercício da crítica que vinha do mundo “letrado”, quer dizer, que passava pela qualidade de sua escolarização. Assim o repertório da discussão política e a livre faculdade de julgar estariam garantidos não só pelas condições materiais de existência, mas sobretudo pela “vida do espírito”. Na sociedade de massa, ou da comunicação, ou da informação, altamente tecnologizada e despolitizada, só conserva da politização as formas de convencer por “ideologias” e pelas formas de militância que possuem por sua natureza fórmulas prontas, quer dizer, formas de “doutrinamento”. Por isto é que Lefort dizia que a sociedade de massa pode tanto resultar em democracia (exercícios de criatividade social, política, ética, estética, científica) quanto em ditaduras, pois se o presente é contingente e o futuro é incerto, essa brecha de nossa indeterminação necessita de “sabedoria prática”, “presença de espírito” para que escolhas sejam feitas no sentido de ampliação do espaço público e do bem-estar material, moral, cultural, e possam ser compartilhadas.


>> Olgária Matos já concedeu outra entrevista à IHU On-Line. O material está disponível no sítio do IHU (www.ihu.unisinos.br).

• Uma discussão sobre progresso, laços afetivos e política. Entrevista especial com Olgária Matos, concedida em 05-7-2006 e publicada nas Notícias do Dia

Fonte: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3609&secao=348 26/10/2010

Sunday, September 26, 2010

as razões e desrazões do lulismo

A sempre lúcida Maria Sylvia de Carvalho Franco, em um artigo sobre as razões e desrazões do lulismo na Folha de São Paulo.
Conferir:

Razões e desrazões do lulismo

O lulismo seria um continuador do varguismo? Sim, mas pelo que Getúlio tinha de pior, segundo Maria Sylvia Carvalho Franco e Sergio Fausto, que fazem um contraponto ao artigo de André Singer "A história e seus ardis", publicado na Ilustríssima, em 19/9

De casas, pastores e lobos

RESUMO Lula valeu-se da herança varguista do paternalismo para constituir seu governo e sua popularidade, calçada na cultura da carência dos brasileiros, em violações de direitos e no marketing político. O alardeado êxito comercial leva a escolhas eleitorais sem racionalidade, que ignoram fragilidades econômicas e valores cívicos.

MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO

ENTRE AS IMAGENS ARCAICAS do poder político estão as do pastor e do pai. Esta última figura, o presidente Lula reclamou explicitamente para si. Não bastasse a evocação do paternalismo, as mazelas que o acompanham fazem-se mais e mais visíveis. O cerne dessa ordem está, justamente, em transpor a casa -moradia da família grande, com pais, filhos, parentes, clientela, compadres, afilhados e companheiros- para o palácio, com seus membros convertidos em ministros, deputados e senadores, agregados, sindicalistas e executivos de empresas oficiais.
Emblemáticos desse regime são os acontecimentos na Casa Civil deste governo, tornada gabinete pessoal de José Dirceu e da ministra demissionária. Ambos convenientemente descartados. Lula de nada sabia, esteve cego, surdo, calado; Dilma resguarda-se dos eventuais dolos de seu factótum, simples "assessora".
A gratidão aos acólitos, nula nesses protagonistas, é virtude privada e pouco interessa em política: importantes são os princípios que fundam o Estado e o espírito da magistratura, como a prudência e o respeito à legalidade. Nesse campo ético, o governante obriga-se a responder por seus próprios atos e os de seus adjuntos. O avesso dessa máxima orienta nossos dirigentes. Em atos e palavras, a disciplina necessária aos negócios públicos é subvertida com farsas tramadas para eludir responsabilidades.
Daí é um passo converter a economia doméstica em economia política, o interesse privado em fins coletivos, a dominação pessoal em benefício para os pobres, a pura mentira em razão de Estado. O crime de violação de sigilos constitucionalmente garantidos, como as declarações de rendimentos, transforma-se em ato banal para o ministro da Fazenda. As vítimas desse atentado convertem-se em réus, a imprensa que divulga os feitos transforma-se em golpista que os maquina.

VALORES INVERTIDOS A esse quadro de condutas e valores invertidos Dilma pertence: escolheu integrá-lo ao sagrar-se "mãe", como seu padrinho diz-se "pai" dos brasileiros. À sombra do arcaico paternalismo, acomodou-se um esmaecido perfil de mulher moderna, da jovem ex-resistente contra a ditadura, da universitária e profissional habilitada.
É confrangedor ver a espinha humana vergar às técnicas de controle político: a curvatura vai da aparência física à indumentária, ao discurso, à identidade, perdida na aliança com personagens cujo estigma a candidata quer afastar de si.
José Dirceu faz sua campanha Brasil afora, Antonio Palocci -derrubado no episódio da violação, sem mais, de um preceito constitucional- a avaliza junto aos empresários, temerosos da "guerrilheira", mas desatentos à ameaça que representa, a eles como a toda a cidadania, a possível devassa, sem ordem judicial, na vida econômica de qualquer pessoa. Palocci é enaltecido em jantar, com direito a fotografia risonha e cordial, impressa em jornais, comemorando a "classe média" alardeada na propaganda e erguida ao paraíso mercantil.

DA MÃO PARA A BOCA Há quem afirme que essa "classe média, pela primeira vez neste país, compra e vota com racionalidade". A associação é significativa: compra e vota. Racionalidade, nesse exíguo espaço de pensamento, inexiste: se a minguada Bolsa Família -suposto arcano da prosperidade- permite ao pobre comer, a racionalidade vai da mão para a boca (dizia o velho Marx).
Esse critério de voto realça outro arquétipo do mando político, o pastoreio, reativado por Lula e Dilma ao prometerem "cuidar" dos brasileiros. Filhos são singulares, não compõem um rebanho de animais dóceis, tangidos pelo pastor. Este "trata" de sua manada: a alimenta, supervisiona e preside seus cruzamentos, reproduzindo-a e engordando-a para o corte. Se o pastor e seus ajudantes fornecem comida, dia virá em que, por sua vez, comerão o redil, convertendo-se em lobos, saciando-se com o poder garantido pelos votos encurralados.
É esse viés obsoleto que Lula soube expandir, distorcendo o regime democrático. Não raro, o pastor comunga, com sua confraria, a mesma origem e formação, o que o torna conhecedor das almas que visa aliciar e bom juiz das palavras que as atingirão. Mas, neste caso, Lula não é só um ex-partícipe do rebanho e do sertão que abandonou, ao passar para a classe dominante com suas benesses: ele é simbólico dessa cultura de carência e sabe explorá-la, apoiado em suas falanges de marqueteiros.
A clássica técnica de dominação -medo e esperança-, entranhada na crença em entidades salvadoras, é a energia que nutre o fantástico aplauso ao governo: o temor de perder o recebido, conjugado à expectativa de conservá-lo e à gratidão pela dádiva concedida, não deixa nada contido "sub ordine rationis", tudo é carreado para a superstição.

FÉ E GRAÇA O amálgama -fé e graça- impulsiona o calamitoso circuito inverso, rumo ao retrocesso, de nossas instituições políticas. Em entrevista à Folha, Maria Celina D'Araujo cotejou o presente "pai do povo" com Getúlio Vargas, destacando decisiva diferença entre ambos: Vargas formou uma força de trabalho industrial, urbana, organizada. Interferiu, portanto -muitas vezes para o mal, com implacável ditadura-, nas diretrizes da organização econômica e social do país. Sua outorga de direitos ao trabalhador não gerou uma consciência autônoma, mas não explorou o puro assistencialismo.
Lula projetou a cultura política para atrás de Vargas, revertendo-a no mínimo à República Velha (1889-1930), com a sua tralha de favores, hoje reforçada pela ampliação capitalista e pelas técnicas de controle sociocultural, monitorando as eleições desde as imagens dos candidatos até o mais recôndito sufrágio. De Vargas, retomou o domínio do sindicato e transfez o peleguismo em arma para o aparelhamento do Estado.

COMÉRCIO Voltando ao pastor: se o rebanho prospera, alimentado pelos milhões aspergidos na economia, o milagre alimenta o comércio especializado em vender para pobres, para a "classe média" que teria alterado, reza a propaganda, a estrutura social do país. Mas, de fato, os pobres continuam pobres, não raro adquirindo produtos inferiores e precários (por isto mesmo reiterativos das compras), "made in China" ou aqui produzidos por imigrantes ilegais na situação de escravos.
Enquanto isto, o comércio de altíssimo luxo multiplica-se nos centros ricos. A pletora de importações -da quinquilharia aos carros preciosos, todos produtos acabados- anuncia a desindustrialização e compromete as reservas cambiais (lembremos de Dutra). Insistindo no plano comercial -a grande arma publicitária-, indaga-se: que é da menor desigualdade social? Até quando se afastará a inadimplência (Serasa, agosto 2010)?
E o setor produtivo, com a perda bilionária da exportação de bens industrializados, face à de matérias-primas, com a pauta de exportações regredindo ao nível de l978, resultando em queda no saldo comercial, rombo nas contas externas e maior dependência de capitais a curto prazo?
Enfim, menos empregos e menos riqueza, somadas a outras consequências, como a falta de infraestrutura e a evasão empresarial (Associação do Comércio Exterior do Brasil). A economia vai bem? O ministro da Fazenda inverte sua tendência funesta e afirma que a exportação majoritária de commodities não é problema.

DESRAZÃO Impossível ser contra mitigar a pobreza material, mas a vida do espírito não deve continuar miserável. Que livre-arbítrio pode emergir nesse mundo avesso à consciência crítica? Esta é outra arma brandida pela sofística própria à propaganda. Quanto menos informados os eleitores (a não ser no interesse da facção que sustenta a catequese, como o merchandising de seus prosélitos), melhor para os marqueteiros, exímios em desvirtuar os valores democráticos para alavancar seus mecenas.
Essa inversão ética bloqueia compreensões racionais: há quem fique perplexo diante da sobrevivência de Lula através dos escândalos que o atingem, razões sobejas para sua rejeição. Mas a solércia o leva a abandonar os náufragos, convertendo a ingratidão pessoal em decoro cívico, punitivo da prevaricação. Os subterfúgios que implementou fornecem-lhe a escapatória: nada acontece porque o chamado "cenário" onde ele habita funda-se na desrazão instalada ao longo das camadas sociais, tornando-as crédulas em maravilhas. Todas as aparências servem à prestidigitação publicitária: o mundo efetivo é escondido, as deformações de seus aspectos são meticulosamente produzidas, mitos fabricam os candidatos, engrandecendo suas proporções.
O perigo, nessa engrenagem de seres vivos, é que estes podem escapar ao planejado: a irracionalidade que a sustenta pode ameaçá-la, pelo açodamento e por certezas impensadas, como em suas crises periódicas.
De todo modo, enquanto a falange de marqueteiros a serviço de Lula, infantaria pesada, faz razia no território político e colhe seu butim, a desordenada oposição custou a perceber que caíra, distraída, em um campo de batalha.

"Lula não é só um ex-partícipe do sertão que abandonou, ao passar para a classe dominante: ele é simbólico dessa cultura de carência e sabe explorá-la"

"Impossível ser contra mitigar a pobreza, mas a vida do espírito não deve continuar miserável. Que livre-arbítrio pode emergir nesse mundo avesso à consciência crítica?"

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/il2609201006.htm acesso em 26/09/2010.

Friday, May 28, 2010

Reportagem: O impacto da biologia sintética

Ciência no Mundo: O impacto da biologia sintética

O impacto da biologia sintética
Divulgação do primeiro genoma criado em laboratório é alvo de debates entre cientistas
Edição Online - 21/05/2010
© M. ELLISMAN/NCMIR, UNIVERSITY OF CALIFORNIA, SAN DIEGO
Imagem de microscopia eletrônica que mostra a bactéria com genoma sintético se replicando

Uma verdadeira revolução científica ou grande feito tecnológico? Essa era a grande questão um dia após uma equipe do J. Craig Venter Institute, dos Estados Unidos, ter anunciado a criação do primeiro genoma totalmente sintético, composto de um milhão de unidades químicas (as bases A,T, C e G). Criado em laboratório a partir de uma sequência química fornecida por um computador, o genoma foi transferido para a célula de uma bactéria (Mycoplasma mycoides), onde assumiu o lugar do DNA original do micróbio e passou a controlar toda a produção de proteínas e o processo de replicação do microrganismo. O trabalho, que foi publicado online ontem no site da revista cientítica Science e obteve enorme repercussão nos meios de comunicação de todo o mundo, consumiu mais de uma década de pesquisa, recebeu investimentos da ordem de U$ 40 milhões e envolveu 20 cientistas.

Para o pai do genoma sintético, o ousado e polêmico cientista Craig Venter, o trabalho é um marco na biologia e vai abrir caminho para o desenho de micróbios úteis aos homem, capazes de, por exemplo, produzir vacinas e biocombustíveis. "Trata-se de um avanço tanto filosófico como técnico", disse Venter, que, anos atrás, já havia se tornado famoso ao liderar um projeto privado de sequenciamento do genoma humano. Na entrevista que deu para divulgar o trabalho, ele disse que a célula sintética da bactéria é "a primeira espécie que se autorreplica do planeta cujo pai é um computador". O genoma criado em laboratório é quase igual ao DNA original da própria bactéria: tem aproximadamente 400 genes, 100 a menos do que tem naturalmente a Mycoplasma mycoides. Genes que não eram considerados esseciais para o micróbio foram descatados pelos cientistas em seu trabalho de montar um genoma sintético.

Pesquisadores não ligados à pesquisa desenvolvida por Venter se dividiram em relação à importância do DNA sintético que comanda a vida de uma bactéria. Alguns teceram loas ao feito. Outros tentaram relativizá-lo. Esse foi o caso do Prêmio Nobel de Medicina de 1975, o americano David Baltimore, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). "Para mim, Craig exagerou um pouco a importância do trabalho", dissa Baltimore ao jornal The New York Times. Ele acredita que a criação do genoma sintético foi mais "tour de force técnico", uma questão de escala, do que uma descoberta científica revolucionária. "Ele não criou vida, apenas a imitou". De qualquer forma, é inegável que o trabalho de Venter sinaliza um aumento da capacidade de o homem manipular o DNA de organismos. Por tratar de um tema polêmico, capaz de criar novos dilemas morais, o artigo científico de Venter na Science levou ontem mesmo o presidente norte-americano Barack Obama a encomendar um estudo à comissão de bioética da Casa Branca, que terá seis meses para produzir um relatório sobre as implicações éticas da biologia sintética.
Acesso: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=6464&bd=2&pg=1&lg= aceso 28/05/2010.

Entrevista: MARY DEL PRIORE

Entrevista MARY DEL PRIORE:


História do amor no Brasil
Mary Del Priore discute a história do amor
Publicado em 10 de maio de 2010
TAGS: dossiê, Entrevista

Mary Del Priore: a miscigenação brasileira influiu na maneira de dizer o amor

Mary del Priore é uma conhecida historiadora brasileira, ex-professora da USP e da PUC-RJ, e tem se dedicado à história do amor. De suas pesquisas resultou o trabalho História do amor no Brasil, publicado pela editora Contexto. Também escreveu uma História das crianças no Brasil e uma História das mulheres no Brasil (ambos, pela Contexto), tendo recebido, por essa última obra, o Prêmio Jabuti. Apresentando uma reflexão rica e fartamente documentada, Del Priore toma a sério a reflexão sobre o imperativo do amor, que, “como outros imperativos – comer, por exemplo –, está inscrito em nossa natureza mais profunda”. A obra percorre o Brasil Colônia, o século XIX e o século XX, mostrando como a concepção romântica de amor – idealizadora do encontro entre duas pessoas – é inteiramente recente, apesar de uma ênfase erótica explícita já em formas literárias medievais, renascentistas e modernas. Como conclusão, Mary del Priore assume posições muito instigantes, em defesa, por exemplo, de uma concepção tradicional de amor, diagnosticando a angústia da juventude diante da liberdade sexual e denunciando uma ditadura moderna do gozo. Gentilmente, ela concedeu uma entrevista à CULT, cujas respostas mais significativas para o dossiê deste mês apresentamos aqui.
CULT: Apesar do caráter recente da visão romântica do amor, a senhora aponta para a exploração do erotismo na literatura francesa do século XVI. Mas Portugal, desse ponto de vista, teria vivido um atraso, associando, ainda, prazer e pecado. Em que consistiu esse atraso?

MARY DEL PRIORE: Teorias que consideravam o desejo sexual uma doença estão presentes em vários textos médicos portugueses desde o começo do século XVI. Havia quem dissesse, como o escritor João de Barros, em 1540, que o sentimento apaixonado “abreviava a vida do homem”, minguando ou secando os mebros do enamorado. Que doenças decorriam da paixão: ciática, dores de cabeça, problemas de estômago ou dos olhos. A relação sexual, por sua vez, emburrecia, além de abreviar a vida. Ele concluía: só os “castos vivem muito”. Os portugueses também estiveram cara a cara com uma ars erotica que usava e abusava de afrodisíacos. Dela, contudo, só levaram para Portugal a possibilidade de ver em tudo pecado ou doença! O contato imediato dos lusos com as Índias Orientais colocou-os em contato com perfumes vindos tanto da China quanto do subcontinente asiático, e com afrodisíacos largamente utilizados naquela parte do mundo: a cannabis sativa, bangue, maconha ou ópio. Esse era usado como excitante sexual capaz de duas funções: agilizar a “virtude imaginativa” e retardar a “virtude expulsiva”, ou seja, controlar o orgasmo e a ejaculação. No século XVIII, a idéia de que o amor é uma doença não faz os afrodisíacos desapar dos manuais de remédios, mas se recomendam, cada vez mais, os anafrodisíacos. Definindo-os como “aqueles remédios que ou moderam os ardores venéreos ou mesmo os extinguem”. É o caso do agnus castus, ou agnocasto, a mais eficaz das plantas antieróticas. Existiam várias outras substâncias com a mesma reputação de esfriar ou anular o desejo sexual, como a cânfora, por exemplo.

CULT: O Brasil seria um herdeiro do atraso português?

MARY DEL PRIORE: O Brasil herdou costumes que vieram da Europa, de Portugal, da Igreja e de outras instituições. Mas não foi uma simples transferência. Houve adaptações. A miscigenação proporcionou, por exemplo, um repertório linguistico que influiu na maneira de dizer o amor. Uma viajante francesa, Adéle Toussaint-Samson, no século XIX, sintetizou: “A língua brasileira, com todos os seus diminutivos em -zinha, -zinhos, tem uma graça toda crioula, e jamais a ouço sem descobrir um grande encanto; é o português com sua entonação nasal modificada. Todas as suas denguices lhe caem bem e dão à língua brasileira um não-sei-quê que seduz mais ao ouvido do que a língua de Camões”. Outro exemplo vemos no Romantismo, momento de eclosão da poesia afro-brasileira. Nela, homens como Laurindo José da Silva Rabelo faziam versos os mais apaixonados. Em Suspiros e saudades, ele canta a interpretação romântica de sua dor, mas uma dor mestiça, feita de saudades à moda portuguesa. Já em Cruz e Souza, a busca subjetiva da cor branca é o tema de toda a obra poética. Quando o poeta ama, o objeto desse amor é a “mulher, ‘da cor nupcial da flor de laranjeira’, e loura, ‘com doces tons de ouro’”. Para Tobias Barreto, o amor era um sentimento unificador: andava por onde quisesse não se detendo nas barreiras do preconceito de cor.

CULT: Seria possível resumir em etapas mais ou menos homogêneas a cronologia do amor no Brasil? Como?

MARY DEL PRIORE: Não há etapas homogêneas em história, mas momentos de mudanças e permanências coexistentes. Por exemplo, o século XIX introduziu a ideia do amor romântico. As pessoas começam a ler romances onde heróis e heroínas buscam um casamento por amor e um final feliz para suas histórias. Isso era novo. Ao mesmo tempo, nas elites, o casamento arranjado com parentes ou amigos era uma constante. Isso era arcaico. As fórmulas coexistiam. Daí começarem os raptos de noivas que se recusavam a casar com candidatos impostos pela família, preferindo fugir com os escolhidos do coração. É como se tivéssemos passado de um período em que o amor fosse uma representação ideal e inatingível (a Idade Média), para outra em que vai se tentar, timidamente, associar espírito e matéria (o Renascimento). Depois, para outro, em que a Igreja e a Medicina tudo fazem para separar paixão e amizade, alocando uma fora, outra dentro do casamento (a Idade Moderna). Desse período, passamos ao Romantismo do século XIX, que associa amor e morte, terminando com as revoluções contemporâneas, momento no qual o sexo tornou-se uma questão de higiene, e o amor parece ter voltado à condição de ideal nunca encontrado.

CULT: Na abertura de seu livro, a senhora subscreve as palavras de Luís Felipe Ribeiro: no passado, as pessoas “não davam”, mas se davam; hoje, elas “dão”, mas não se dão. Na conclusão, a senhora afirma que a liberdade amorosa – típica de nosso tempo – tem contrapartidas: a responsabilidade e a solidão. E termina apontando para um lado positivo da tradição, pois esta, defendendo a família e a procriação, seria uma fonte de profunda emoção. Gostaríamos de ouvi-la um pouco mais sobre a vivência do amor no mundo contemporâneo.

MARY DEL PRIORE: Considerando as transformações pelas quais passou a sociedade brasileira, poderíamos avançar o seguinte: aquilo a que se assistiu, ao longo dos tempos, foi uma longa evolução que levou da proibição do prazer ao direito ao prazer. Fomos dos manuais de confessor, que tudo interditavam, aos casamentos arranjados, policiados, acompanhados passo a passo por familiares zelosos. E desses ao impacto das revoluções, que, ao final dos anos 60, exportaram mundo afora lemas do tipo “Ereção, insurreição” ou “Amai-vos uns sobre os outros”, sem contar o movimento hippie, com o lema “Paz e Amor”. Desde então, o amor e o prazer se tornaram obrigatórios. O interdito se inverteu. Impôs-se a ditadura do orgasmo forçado. O erotismo entrou no território da proeza e o prazer tão longamente reprimido tornou-se prioridade absoluta, quase que esmagando o casamento e o sentimento. Passou-se do afrodisíaco à base de plantas para o sexo com receita médica, graças ao Viagra. Passou-se da dominação patriarcal à liberação da mulher.

Entre nós, durante mais de quinhentos anos, os casamentos não se faziam de acordo com a atração sexual recíproca. Eles mais se realizavam por interesses econômicos ou familiares. Entre os mais pobres, o matrimônio ou a ligação consensual era uma forma de organizar o trabalho agrário. Não há dúvidas de que o trabalho incessante e árduo não deixasse muito espaço para a paixão sexual. Sabe-se que entre casais, as formas de afeição física tradicional – beijos e carícias – eram raridade. Para os homens, contudo, as chances de manter ligações extra-conjugais, eram muitas. O resultado dessa longa caminhada? Especialistas afirmam que hoje queremos tudo ao mesmo tempo: o amor, a segurança, a fidelidade absoluta, a monogamia e as vertigens da liberdade. Fundado exclusivamente no sentimento que sobrou do amor romântico, o sentimento mais frágil que existe, o casal está condenado à brevidade, à crise. Mais. A liberdade sexual é um fardo para os mais jovens. Muitos deles têm nostalgia da velha linguagem do amor, feita de prudência, sabedoria e melancolia, tal como viveram seus avós. Hoje, a loucura é desejar um amor permanente, com toda a intensidade, sem nuvens ou tempestades. Numa sociedade de consumo, o amor está supervalorizado.

O sexo tornou-se uma nova teologia. Só se fala nisso e se fala mal, com vulgaridade. Sabemos, depois de tudo, que o amor não é ideal, que ele traz consigo a dependência, a rejeição, a servidão, o sacrifício e a transfiguração. Resumindo: existe um grande contraste entre o discurso sobre o amor e a realidade de vida dos amantes. O resultado? Escreve-se cada vez mais sobre a banalização da sexualidade e o desencantamento dos corações, enquanto o amor segue uma coisa sutil e importante que continua a fazer sonhar, e muito, muitos homens e mulheres.

Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/05/historia-do-amor-no-brasil/ Acesso em 28/05/2010

Entrevista: Chico de Oliveira

Entrevista de Chico de Oliveira na Revista CULT:


Chico de Oliveira
A crítica social como instrumento de diálogo público
Publicado em 08 de maio de 2010
TAGS: Entrevista, Sociologia

Por Ruy Braga e Wilker Sousa
Fotos: Marcelo Naddeo

“A cada instante em que se consolidou uma explicação sobre o Brasil – histórica, sociológica ou econômica –, nós sempre pudemos contar o trabalho de Chico de Oliveira para a desmontagem, explicação e uma outra compreensão.” A frase de Marilena Chaui parece tocar no ponto central da postura empreendida por Francisco de Oliveira ao longo das últimas décadas. Sociólogo que participou ativamente de momentos decisivos da história recente do país – como a criação do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) –, o pernambucano Chico de Oliveira reafirma a tradição de intelectuais públicos no Brasil.

Imbuído da crítica incisiva, busca estreitar o diálogo com a sociedade brasileira, ao oferecer respostas às questões candentes da contemporaneidade. Dos estudos sobre as periferias, resultou a dialética de atraso e progresso, por meio da qual desmonta análises mais simplificadas da teoria marxista aplicadas à realidade brasileira. De fundador a dissidente do PT, é crítico contumaz da gestão Lula, alegando ser este um governo que simboliza o retrocesso da política nacional.

Chico recebeu a CULT no Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da USP, instituição na qual detém o título de professor emérito. A importância dos intelectuais públicos na formação do Brasil, o processo de criação do PT e as razões que o levaram a romper com o partido estão entre os temas desta entrevista, na qual o sociólogo desvela seu pensamento contundente, uma vez que, para ele, “a tarefa da crítica é não absolver ninguém”.

CULT – Como você analisa o papel da crítica social no Brasil?
Chico de Oliveira – Eu diria que somos um pouco franceses. Na França, os intelectuais tiveram um papel relevante na formação da sociedade e até mesmo da nacionalidade. Embora tenhamos o costume de diminuir nossa reflexão sobre o Brasil, eu acho que, sob esse ponto de vista, somos mais franceses do que qualquer outra coisa.

Eu acredito que o Brasil se moldou um pouco dessa forma. Em vários períodos, os intelectuais corresponderam a esse papel e o desempenharam bem. Seria fácil citar nomes. Há intelectuais dos dois lados. Mesmo os autoritários clássicos do começo do século 20 tiveram um papel importantíssimo na política, de moldar a identidade brasileira. De modo que eu procuro me inscrever nessa tradição. Tenho um papel nessa sociedade e procuro cumpri-lo.

CULT – Poderíamos chamar essa tradição de “intelectuais públicos”?
Chico – Acho que sim, pois esses intelectuais dialogam com o público. Eles têm um papel pedagógico na discussão pública. Pedagógico não no sentido de que vão mandar o povo para a escola, mas sim um papel de balizar qual é o cenário do debate. Isso foi muito importante no Brasil e, na chamada geração moderna, é marcante. Todos os grandes intelectuais foram sociólogos públicos de extremada relevância. Gilberto Freyre, por exemplo, que é o conservador dessa grande plêiade, foi deputado constituinte e fundou dois partidos. Ele ajudou a fundar a esquerda democrática e a UDN, que acabou por ser o partido da direita no Brasil. Sua sociologia não era aquela do recato da casa-grande, mas uma sociologia que dialogava com o público.

CULT – Sem contar Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes…
Chico – Sim, estou falando apenas do Gilberto porque é o mais suspeito deles, pois era o mais conservador, nostálgico. Caio Prado foi deputado do Partido Comunista, dava cursos para operários; Sérgio Buarque assinou a carta de fundação do PT; Florestan foi deputado federal e constituinte pelo PT, além de ter um papel na discussão da campanha pela escola pública.

Essa é uma tradição que as gerações mais recentes reafirmaram, até mesmo no extremo. Se pensarmos em Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, mesmo que se discorde de suas ideias, ele chegou à presidência da República via seu trabalho intelectual no meio político. Então, é nessa tradição que eu me inscrevo, embora com o coração mais à esquerda.

CULT – Você poderia falar de seu papel público na formação do PT e da CUT?
Chico – Meu papel não foi tão relevante, mas participei, sim, sem falsa modéstia. Foi um período em que nós nos abrimos para o diálogo com a sociedade. O Cebrap [Centro Brasileiro de Análise e Planejamento] foi criado em 1969, eu entrei em 1970 e fiquei lá 25 anos. O centro criou-se fora da universidade e isso foi uma vantagem imediata, porque ficamos de dizer aquilo que não podia ser dito em âmbito universitário.

Tivemos uma interlocução muito forte com os movimentos sociais. Visitávamos constantemente os sindicatos de São Bernardo do Campo (SP) – que eram o epicentro do novo movimento sindical – e havia uma troca real. Não eram intelectuais indo lá ensinar os operários, não se tratava disso. Havia, sim, um diálogo forte e isso foi muito importante, pois alimentou as linhas de trabalho de pesquisa do Cebrap e nos ajudou a tomar posição no espectro político brasileiro da época, que era extremamente repressivo. Aí, eu ajudei a fazer o PT e a CUT. Sem dúvida nem remorso, porque a vida é assim mesmo.

CULT – A formação de um partido socialista de massas com um forte braço sindical representava uma novidade em relação a tudo aquilo que se conhecia até então. Como se deu a construção da identidade do partido?
Chico – A construção dessa identidade é histórica. A maior parte de nós já tinha a completa consciência de duas coisas: em primeiro lugar, de que o processo do capitalismo contemporâneo não permite mais simplificações, sobretudo sob uma visão embasada no marxismo – simplificações do tipo que a sociedade se dividirá entre proletários e capitalistas. Portanto, ou se está armado da crítica mais radical ou não se pode entender nada.

O segundo aspecto, já bastante avançado em nossa perspectiva, era o fato de que o tipo de solução política dada às questões nas décadas anteriores tinha sido equivocado. Em outras palavras, o stalinismo foi derrotado não pelos erros de Stalin, mas sim pela história, pela complexidade de um mundo que se abriu, de modo que o marxismo engessado não era capaz de compreendê-lo.

CULT – E como se deu a formulação teórica para entender esse processo?
Chico – Eu vinha de uma tradição mais cepalina [referente à Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe] do que marxista, e me dei conta, de alguma maneira, de que o capitalismo tinha coisas mais complexas do que o esquematismo apontava. Daí surgiu a Crítica à Razão Dualista como uma perspectiva diferente de pensar o processo de crescimento de acumulação na periferia, o que tinha muito a ver com a história brasileira de termos sido colônia.

Esse legado se atualizava permanentemente em todos os avanços que a própria sociedade brasileira fazia. Isso foi muito profícuo para a reflexão. E foi essa reflexão que tentamos trazer para o diálogo público, para a formação dos partidos e da CUT. Então, um pouco da forma especial com que o PT se constituiu tem algo a ver com isso.

CULT – Qual foi e qual é a sua intuição sobre o Brasil?
Chico – Naquele momento, eu era um cepalino e tive um contato muito estreito com Celso Furtado, o que me influenciou muito. Além do mais, aquele era o pensamento econômico dominante na América Latina. Mas minha experiência de vida me incomodava, dizia que havia alguma coisa que não casava com aquele esquema, por mais rico e heterodoxo que fosse em relação às interpretações clássicas. Havia algo que não batia. A relação entre dominantes e dominados era muito mais complicada do que parecia.

CULT – Daí que nasce sua noção da dialética do atraso e do progresso?
Chico – Sim, é daí que nasce essa noção. Eu tinha 30 e poucos anos quando cheguei a São Paulo; tinha toda uma vivência no Recife, que era uma cidade com uma tradição de luta operária muito forte. Quando comecei a assimilar o marxismo, isso me levou a entender que a formação do conflito capital-trabalho – conflito básico que move o sistema na perspectiva de Marx – não era uma externalidade do mundo real que eu conhecia. Esse mundo de meeiros, posseiros e latifundiários não era uma externalidade, e talvez estabelecesse diferenças no processo da economia e da sociedade brasileira.

A forma de meação, que era característica da agricultura do Nordeste, não era simplesmente sinal de atraso, devia ser outra coisa. Aí dentro há movimento, há luta de classes sob formas que a teoria não é capaz de reconhecer, mas que levam a outro desenlace: a luta social.

CULT – O PT cedeu ao atraso de força modernizadora e isso o coloca no coração dessa dialética do atraso e do moderno?
Chico – Coloca, mas coloca pelo avesso. Ultimamente eu tenho discutido uma proposta heterodoxa de que estamos em uma era de hegemonia às avessas, isto é, o dominado conduz a política em benefício do dominante. A maior parte das pessoas rejeita a proposta, dizendo que ela é muito estrambótica.

É uma vanguarda que se converteu ao atraso comida pela vanguarda. Quando o PT se mete a gerenciar o capitalismo em sua fase financeira (que é o que ele está fazendo), é devorado pelo atraso, no sentido de negar as reivindicações da classe trabalhadora e da sociedade brasileira. Ele está sendo comido não pelas forças do atraso, mas sim pelas forças do progresso. É o progresso da acumulação, dominado pelo capital financeiro. É essa a contradição que eu encontro nessa decadência do PT como partido da transformação. Esse é o nó, que é difícil de desfazer.

CULT – Não há perspectivas?
Chico – Qual é o tipo de revolução que se exige para desfazer esse nó eu não sei. Nem mesmo a luta de classes em suas formas anteriores, tradicionais – naquelas em que o PT soube atuar, transformando uma insatisfação social em luta política –, nem mesmo isso é possível porque a contradição é muito interna ao processo de reprodução da sociedade brasileira.

Há também outra conclusão melancólica: o nível da crítica ao capitalismo no Brasil pela esquerda formal quase inexiste. Tirando o PSTU, para falar em termos das formações partidárias, os outros não têm crítica nenhuma. O que antes nós socialistas achávamos um problema, que é o êxito do capitalismo, hoje não é um problema, como diz o poeta, mas sim uma solução. Então, é difícil conceber as formas da política que possam dar combate e uma solução mais avançada para desfazer esse nó.

Leia a entrevista completa na edição 146 da revista CULT, já nas bancas!

Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/05/o-compromisso-da-critica/

Relações Internacionais: Hillary vê discordância séria com Brasil

Hillary vê discordância séria com Brasil

Para americana, acordo entre Brasília e Teerã só ajuda o Irã a ganhar tempo e torna o mundo mais perigoso

Secretária de Estado dos EUA afirma já ter feito ao governo brasileiro alerta de que o país está sendo usado pelo Irã

Chip Somodevilla/Getty Images/France Presse

A secretária de Estados dos EUA, Hillary Clinton, em evento no Instituto Brookings, em Washington, na qual falou sobre nova estratégia de segurança

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Na maior exposição pública de contrariedade dos EUA com o Brasil desde o anúncio do acordo entre Brasília e Teerã no início da semana passada, a secretária de Estado dos EUA disse ontem que Washington tem "discordâncias muito sérias" com o governo brasileiro quanto à abordagem da questão.
Hillary falava em Washington sobre a nova Estratégia de Segurança Nacional da Casa Branca quando foi indagada se o Brasil passou a ser considerado pelos EUA como "parte do problema" -especialmente após a insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar evitar sanções a Teerã por seu programa nuclear.
"Certamente temos discordâncias muito sérias com a diplomacia brasileira em relação ao Irã. Dissemos ao presidente Lula e ao ministro [Celso] Amorim [Relações Exteriores] que ajudar o Irã a ganhar tempo e evitar uma posição internacional unânime contra seu programa nuclear torna o mundo mais perigoso", respondeu.
Como a Folha revelou ontem, o acordo que Brasil e Turquia fecharam com Teerã segue roteiro traçado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, em carta enviada a Lula em abril.
Apesar de o Brasil seguir a receita dos EUA, porém, o pacto foi esnobado por Washington. No dia seguinte à sua divulgação, a Casa Branca apresentou ao Conselho de Segurança da ONU esboço de resolução com novas sanções ao Irã, referendado pelos demais membros permanentes do órgão (Rússia, China, França e Reino Unido).
Procurada pela Folha para explicar a mudança de posição, a Casa Branca disse que não comenta correspondência diplomática.
Hillary afirmou ontem ter dito ao governo brasileiro "que o Irã está usando vocês, que achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança e que só depois de ação [nesse fórum] o Irã se engajará de fato" na discussão sobre seu programa nuclear.
A secretária insistiu, porém, que a discordância "de forma alguma mina o compromisso dos EUA em ter o Brasil como parceiro efetivo neste hemisfério e além".
"O Brasil é parte de solução; em um grande número de temas o Brasil é um parceiro responsável e eficaz."
Ela mencionou como exemplos positivos a atuação conjunta após o terremoto no Haiti, na ação relacionada à mudança climática e na relação comercial.
Em outro momento, Hillary também elogiou o Brasil por ter carga tributária alta em relação ao PIB, o que segundo ela favorece o desenvolvimento econômico.

DOCUMENTO
O texto da Estratégia de Segurança Nacional de Obama, divulgado ontem, menciona brevemente o país, sem considerá-lo porém um "centro-chave de influência".
Essa distinção foi reservada para os outros países do grupo dos Brics -China, Índia e Rússia. O Brasil foi citado como "país de influência crescente", ao lado de África do Sul e Indonésia.
Em outro momento, o documento diz que os EUA "apreciam a liderança do Brasil e seu esforço para ir além das antigas divisões Norte-Sul" na abordagem de temas internacionais.
Por fim, o texto diz que os EUA trabalharão com o Brasil no G20 e na Rodada Doha.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2805201001.htm acesso em 28/05/2010

Comentário: Relações Internacionais: As nossas relações com o mundo e as atrapalhadas no Irã e no mundo do "pequeno timoneiro" do grande barco chamado Brasil em suas navegações diplomáticas como o suposto grande articulador sem complexo de "vira lata".

Sobre a educação em São Paulo

São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010 - Caderno Cotidiano - Folha de São Paulo.

ENTREVISTA

Faltam ações estruturais, diz pedagoga
DE SÃO PAULO
Para a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Márcia Malavazi, a iniciativa divulgada mostra que faltam medidas estruturais para melhorar o magistério. (FT)


FOLHA - A medida prejudica a qualidade de ensino?
Maria Márcia Malavazi - Primeiro, você deixa que a pessoa se forme em cursos de quinta categoria. Depois, faz um exame e fala que aquele professor é inadequado, sem ter dado nenhum apoio a ele.
Quando vê que faltarão professores, chama reprovados e, depois, até quem não fez o exame. Em todo processo, se reafirma a má formação dos professores, sem tomar medidas estruturais. Fora o desprestígio que você põe na categoria.
Também serão chamados profissionais para dar aula fora de sua área. Você já viu farmacêutico fazer cirurgia? No final, os prejudicados são as crianças, que não recebem ensino de qualidade, e a sociedade, que precisa de boa formação.

O que deveria ser feito?
Melhorar os cursos de formação de professores, até fechando os ruins. E no curto prazo, dar bons cursos aos que estão na ativa e aos que ingressam. Nada disso tem sido feito.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2805201009.htm acesso 28/05/2010.

Resposta ao governador Alberto Goldman de uma leitora atenta e crítica

Resposta ao governador Alberto Goldman de uma leitora atenta e crítica
Conferir no final da reportagem da Folha de São Paulo a boa resposta no própria Folha de São Paulo do dia 28/05/2010.


SP desiste de regra para contratar docente
Com falta de professores, Estado abre possibilidade de admitir temporário que não fez prova de conhecimento
Exame anual foi criado no ano passado para melhorar a seleção de professores para a rede de ensino paulista
Zanone Fraissat/Folhapress


Escola Estadual José Monteiro Boanova, na City Lapa, que enfrenta falta de professores

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

O governo de SP autorizou a contratação de professores que não tenham prestado um exame de seleção. Criado em 2009, o exame, segundo sempre pregou o próprio governo, tem como objetivo melhorar a escolha de docentes para a rede.
A resolução já está em vigor. A secretaria diz que a norma, publicada ontem no "Diário Oficial", é só uma garantia caso faltem professores temporários (não concursados). Primeiro, são chamados os concursados e depois, os temporários que passaram pela avaliação.
A norma prevê ainda que formados em pedagogia poderão dar aulas, de forma emergencial, de matérias específicas -como física, química e matemática.
Não foram divulgados números sobre o deficit de docentes nem sobre o de alunos que estão sem aulas por falta de professor. A secretaria informou apenas que há carência na área de exatas.
Os sindicatos do setor afirmam que a falta de docentes é generalizada. O próprio governador Alberto Goldman (PSDB) reconheceu anteontem que há deficit.
"A Secretaria da Educação já constatou e está fazendo todo o esforço para que sejam formados professores na área de física. Parece que ninguém quer ser professor de física, não sei por quê."

200 DIAS FORA
Para os sindicatos, o governo enfrenta dificuldades para contratar por ter determinado que os temporários não podem dar aulas por anos consecutivos.
Segundo lei aprovada em 2009, eles precisam ficar 200 dias fora da rede após um ano de trabalho. A ideia do Executivo é evitar que os temporários se transformem em permanentes, sem ter prestado concurso.
Sindicalistas dizem que o propósito é evitar a caracterização de vínculo empregatício, que elevaria os gastos. Também não houve tempo de chamar os 10 mil aprovados em concurso, aplicado no início do ano, que poderiam substituir parte dos cerca de 80 mil temporários. Os não concursados representam cerca de 40% de todo o corpo docente da rede.
Em nota, a secretaria negou que a "quarentena" para os temporários tenham prejudicado a distribuição de aulas -mas não deu mais detalhes sobre o assunto.

BANCO DE CANDIDATOS
A pasta afirmou ainda que a resolução apenas cria um banco de candidatos, que só serão chamados em caso de emergência.
Disse ainda que "a norma só foi publicada porque este é um ano eleitoral, quando não poderá ser feito novo concurso de admissão ou nova seleção".
A Secretaria da Educação enfrenta dificuldades em preencher os postos nas escolas desde o início do ano.
Após a aplicação da prova dos temporários, a pasta verificou que o volume de aprovados seria insuficiente e permitiu que reprovados também fossem chamados. Eles foram classificados segundo a nota do exame.
Cerca de 40% dos professores não atingiram o desempenho mínimo necessário (metade das 80 questões).
"Agora, poderá dar aula até quem nem fez o concurso. Liberou geral", disse o presidente da Udemo (sindicato dos diretores), Luiz Gonzaga Pinto. "Já é quase meio do ano e várias escolas estão sem todos os professores."
"Primeiro o governo avalia e exclui. Aí, vê que falta professor. Não há organização", diz a presidente da Apeoesp (sindicato dos docentes), Maria Izabel Noronha. Segundo ela, os maiores deficit são em química, biologia e física.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2605201001.htm - 28/05/2010.

Educação
"Parece que ninguém quer ser professor de física, não sei por quê", disse o governador Alberto Goldman (Cotidiano, 26/5).
Posso ajudar a esclarecer. Química, biologia e física, na grade estadual, têm duas aulas semanais no ensino médio. Para o professor completar uma jornada de 32 aulas/semana, precisa de 16 salas, com média de 40 alunos por sala -640 alunos, no mínimo.
Se o professor aplicar duas avaliações mensais, são 1.280 provas a corrigir, além de 16 diários de classe para preencher e, pasmem, as 32 aulas são distribuídas em duas ou três escolas, porque dificilmente há em uma única escola 16 turmas de ensino médio. Tudo isso para ganhar R$ 7 por aula.
Avalie você mesmo se alguém em sã consciência, em início de carreira, se sujeitaria a isso.
MAGALI APARECIDA LOVATTO NASCIMENTO (Manduri, SP)

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2805201009.htm acesso em 28/05/2010

Friday, February 19, 2010

É possível sobreviver sem avaliação do desempenho?

Uma entrevista interessante no blog De Rerum Natura:

É possível sobreviver sem avaliação do desempenho?
No Jornal Público de 30 de Janeiro de 2010 foi publicada uma entrevista de Ana Gerschenfeld a Christophe Dejours, professor no Conservatoire National dês Arts et Métiers, em Paris.

Nessa entrevista, o especialista com obra reconhecida na área da Psicologia do Trabalho e da Acção apresenta o essencial das análises que tem feito sobre a avaliação individual do desempenho profissional que está a ser implementada em inúmeros países, nos mais diversos sectores, em instituições e empresas públicas e privadas, sob o pretexto de aumentar a qualidade do trabalho e a igualdade e justiça social.

Trata-se de análises que não deviam ser ignoradas porque há nelas factores de sobra para nos preocuparmos directamente e a curto prazo com a saúde física e psicológica dos profissionais, a qual se reflectirá no funcionamento social e técnico das instituições onde estão integrados, que, por sua vez, se reflectirá no atendimento às pessoas que a elas se dirigem. Menos directamente e a mais longo prazo, mas de modo mais sério e profundo, reflectir-se-á no modo como nos vemos e vemos os outros, como encaramos a nossa existência e que sentido lhe atribuímos, como estruturamos os valores que fundam a cultura em que nos estruturámos como pessoas.

Da referida entrevista destaco uma passagem, pela alternativa que aponta, pela possibilidade que abre de repensarmos a relação que temos ou devíamos ter com aquilo que fazemos na vida e com a vida.
"Uma empresa que defendesse os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade conseguiria sobreviver no actual contexto de mercado?
Hoje, estou em condições de responder pela afirmativa, porque tenho trabalhado com algumas empresas assim. Ao contrário do que se pensa, certas empresas e alguns patrões não participam do cinismo geral e pensam que a empresa não é só uma máquina de produzir e de ganhar dinheiro, mas também que há qualquer coisa de nobre na produção, que não pode ser posta de lado. Um exemplo fácil de perceber são os serviços públicos, cuja ética é permitir que os pobres sejam tão bem servidos como os ricos – que tenham aquecimento, telefone, electricidade. É possível, portanto, trabalhar no sentido da igualdade. Há também muita gente que acha que produz coisas boas – os aviões, por exemplo, são coisas belas, são um sucesso tecnológico, podem progredir no sentido da protecção do ambiente. O lucro não é a única preocupação destas pessoas. E, entre os empresários, há pessoas assim – não muitas, mas há pessoas muito instruídas que respeitam esse aspecto nobre.

E, na sequência das histórias de suicídios, alguns desses empresários vieram ter comigo porque queriam repensar a avaliação do desempenho.
Comecei a trabalhar com eles e está a dar resultados positivos.

O que fizeram?
Abandonaram a avaliação individual – aliás, esses patrões estavam totalmente fartos dela. Durante um encontro que tive com o presidente de uma das empresas, ele confessou-me, após um longo momento de reflexão, que o que mais odiava no seu trabalho era ter de fazer a avaliação dos seus subordinados e que essa era a altura mais infernal do ano. Surpreendente, não? E a razão que me deu foi que a avaliação individual não ajuda a resolver os problemas da empresa. Pelo contrário, agrava as coisas. Neste caso, trata-se de uma pequena empresa privada que se preocupa com a qualidade da sua produção e não apenas por razões monetárias, mas por questões de bem-estar e convivialidade do consumidor final. O resultado é que pensar em termos de convivialidade faz melhorar a qualidade da produção e fará com que a empresa seja escolhida pelos clientes face a outras do mesmo ramo. Para o conseguir, foi preciso que existisse cooperação dentro da empresa, sinergias entre as pessoas e que os pontos de vista contraditórios pudessem ser discutidos. E isso só é possível num ambiente de confiança mútua, de lealdade, onde ninguém tem medo de arriscar falar alto. Se conseguirmos mostrar cientificamente, numa ou duas empresas com grande visibilidade, que este tipo de organização do trabalho funciona, teremos dado um grande passo em frente."

Fonte: http://dererummundi.blogspot.com/ acesso em 19/02/2010

Daner Hornich
Conflito de interesses entre o Estado e a Federação – veja a pequena reportagem na folha de São Paulo – assim são tratados os cidadãos estudantes desta nação.

São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Impasse entre MEC e SP ameaça tirar aluno da universidade

Estudantes podem perder prazos de confirmação de bolsa no ProUni e em faculdades por conta de imbróglio entre governos

Problema está na emissão de certificado necessário para aluno confirmar vaga; é o Estado que emite documento com base em dados da MEC

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudantes que usaram o Enem para substituir o antigo supletivo podem ficar sem vaga no ensino superior por conta de um impasse entre o Ministério da Educação e a Secretaria Estadual da Educação de SP.
O risco é os alunos perderem os prazos para matrícula em universidades (na UFSCar, por exemplo, é nesta segunda-feira) e de confirmação de bolsa de estudo no ProUni (que termina na próxima sexta-feira).
Para garantir a vaga, mesmo que tenha sido aprovado, o aluno precisa de certificado emitido pelo governo estadual com base em informações do governo federal. As gestões Serra (PSDB-SP) e Lula (PT) discordam sobre a forma de transmissão dos dados dos alunos.
Não há levantamento oficial sobre o número de afetados. A Folha apurou que cerca de 50 mil fizeram o Enem e não tinham terminado o ensino médio (potenciais prejudicados).
Pela primeira vez, o exame passou a servir como instrumento para conceder certificado equivalente ao diploma de conclusão do ensino médio. Para isso, o aluno deve ter mais de 18 anos e obtido pontuação mínima (400 em conhecimentos gerais e 500 na redação).
O governo paulista diz que ao menos 200 alunos procuraram o documento. Devido ao impasse, nenhum recebeu. "Parece desprezo com quem depende do certificado", diz Rafael da Guia Sousa, 18, que obteve vaga do Prouni em direito na PUC-SP e passou na UFSCar.
Ele reclama ainda "da confusão que foi o Enem". O exame foi adiado de outubro para dezembro porque a prova vazou.

O imbróglio
O MEC colocou na internet uma página para que os alunos demonstrem interesse no certificado (http://sistemasenem2.inep.gov.br/Enem2009/). Em princípio, só ao final do prazo os dados serão enviados aos Estados.
A data fixada foi 31 de março -após o fim das matrículas em boa parte das universidade e da confirmação do Prouni.
A União diz, porém, que se os governos enviarem a relação de alunos que procuram o certificado, pode mandar esses dados específicos "no dia seguinte".
O governo paulista afirma que não foi informado da possibilidade. Diz ainda que, como responsável pelo Enem, a União é quem deve identificar quem precisa do certificado.
Como opção emergencial, sugere que o Ministério da Educação envie o banco de dados dos alunos paulistas, para que tenha agilidade para pesquisar as informações. A União diz que o banco é sigiloso e só fornece dados específicos.

Erro
A Folha apurou que, no Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC), há a avaliação de que houve erro no formulário do Enem, pois deveria existir um campo para que o aluno informasse se estava interessado no certificado, agilizando o processo. Oficialmente, entretanto, o ministério afirma que essa opção não é possível, pois corre o risco de ser acusado de discriminação.
A reportagem não obteve resposta de outros Estados sobre o problema ocorrido em São Paulo.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1902201018.htm acesso em 19/02/2010.

Daner Hornich

Sem carteira, aluno senta no chão em escola de SP

E, por falar em gestão pública deficitária veja a reportagem na folha de São Paulo do nosso candidato a presidência da República – é lamentável a gestão do PSDB nos que diz respeito à educação de São Paulo e do Brasil na era FHC – isso não quer dizer que na gestão do governo Lula seja melhor.


São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem carteira, aluno senta no chão em escola de SP

Prédio novo também continha sobras de material de construção e goteiras

No primeiro dia de aula, escola reduziu tempo de permanência dos estudantes -foram apenas duas horas para cada turma

VINÍCIUS DOMINICHELLI
DO "AGORA"

Parte dos alunos da Escola Estadual Presidente Café Filho, no Campo Limpo (zona sul), voltaram ontem às aulas em um prédio novo, mas sem itens básicos para estudar. No primeiro dia de aula, eles tiveram de sentar no chão - em cima de pedaços de papelões-, pois ainda não havia carteiras.
Além desse problema, a escola reduziu o tempo do aluno na escola. Ontem, foram apenas duas horas de aula para cada turma. Isso aconteceu não apenas para os alunos do prédio novo, mas para todos os estudantes da unidade escolar.
Os alunos reclamaram que a nova construção estava com resto de material de construção e goteiras. Os professores sofreram com a falta de armários.
Uma das professoras, que pediu anonimato, disse que já tentou tomar providências. "Liguei para o Conselho Tutelar, mas disseram que aceitam esse tipo de denúncia só pessoalmente. Um aluno não pode ser tratado como lixo e ser colocado no chão."

Em obras
Dentro do novo prédio, os barulhos da obra, que ainda não foi concluída pelo Estado, continuavam mesmo com as aulas em andamento. Nos corredores havia muito pó e a sujeira.
Um pai de aluno, de 52 anos, disse que pretende tirar seu filho da escola o mais rápido possível. "Onde já se viu começar aula sem carteira para as crianças sentarem?", afirmou o homem, que também pediu que seu nome não fosse divulgado.
Do lado de fora do colégio, uma placa do governo do Estado informa que foram gastos mais de R$ 4 milhões com o prédio novo e outros R$ 3 milhões com reformas

Fonte; http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1902201016.htm 19/02/2010

Brasília um escândalo atrás do outro - transcendeu o grau de moralidade e vergonha


Brasília um escândalo atrás do outro – não bastou o primeiro mensalão no governo Lula e a queda do José Dirceu e seus companheiros de partido e similares, como lição para os políticos profissionais (de carteirinha e tudo de Brasília) de todo o país para pararem de corromper o espírito público e democrático em benefícios privados. A questão parece ser a impunidades dos políticos corruptos que não foram punidos até o momento neste país. Vamos verificar o que vai acontecer com Arruda e os seus companheiros, pois o papelão destes caras na política brasileira transcendeu o grau de moralidade e vergonha que passamos com tanta incompetência na gestão dos cargos públicos.


Veja abaixo a reportagem sobre os escândalos em Brasília no site do congresso em foco:

Paulo Octávio se irrita com impeachment
Mário Coelho
O governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), ao ser comunicado da aprovação do pedido de impeachment pela Câmara Legislativa, demonstrou irritação em um encontro com deputados distritais na noite nesta quinta-feira (18). Segundo parlamentares ouvidos pelo site, Octávio afirmou: "Não acredito que fizeram isso comigo". Sete distritais participaram do encontro, que aconteceu no Palácio do Buriti e durou aproximadamente uma hora.
Em tempo recorde, os distritais aprovaram na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) três pedidos de impeachment contra Paulo Octávio. Na segunda-feira (22), eles devem começar a ser analisados pela Comissão Especial criada hoje na Câmara. Paulo Octávio não gostou de saber que os processos já estão tramitando. Desde que assumiu o governo do DF no lugar de José Roberto Arruda (sem partido), preso na última quinta-feira (11), ele tem conversado com distritais e reforçado a necessidade de manter a governabilidade na capital do país. Ele contava com a hipótese de que os deputados distritais poderiam preservá-lo.
O Congresso em Foco apurou que Paulo Octávio recebeu a promessa de distritais governistas de que o impeachment não seria aprovado. Porém, o instinto de sobrevivência dos deputados da Câmara falou mais alto. Ameaçados pelo pedido de intervenção feito pela Procuradoria Geral da República (PGR), os parlamentares decidiram não entregar o que haviam prometido. De sexta para cá, aprovaram os pedidos de impeachment contra Arruda e contra Paulo Octávio, completaram a composição da CPI da Corrupção e criaram a comissão especial.
Participaram da reunião o presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), o relator dos processos de impeachment, Batista das Cooperativas (PRP), e os distritais Paulo Tadeu (PT), Raimundo Ribeiro (PSDB), Paulo Roriz (DEM), Dr. Charles (PTB) e Cristiano Araújo (PTB). Oficialmente, o encontro era para informar o governador da aprovação dos pedidos de impeachment. Porém, a intenção era tentar convencer Paulo Octávio de que ele não tem mais suporte político na Câmara para governar.
Na tentativa de virar o jogo, Paulo Octávio convidou os distritais para uma reunião no próximo sábado (20). Ele disse que pretende tratar da governabilidade. Mas o site apurou que, na verdade, o governador em exercício tentará convencer os distritais a abandonar os processos de impeachment. Caso ele tivesse renunciado hoje, mas acabou voltando atrás, os pedidos teriam sido descartados.

Fonte:http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=31877 acesso em 19/02/2010


Daner hornich

Saturday, February 13, 2010

O prefeito de Piracicaba e os seus vereadores são míopes

O prefeito de Piracicaba e os seus vereadores são míopes ou não andam pelas ruas da cidade, pois o asfalto na cidade de Piracicaba é lastima (a chuva não é desculpa, pois o asfalto é de péssima qualidade – será que alguma empresa deve ganhar ou lucrar com os reparos? Surgem dúvidas na cabeça do contribuinte), temos buracos e ondulações em todos os lugares da cidade, seja na periferia da cidade, seja no centro.
Próximo do ATACADÃO ou na entrada que dá acesso ao bairro de Santa Terezinha - temos vários buracos, próximo da empresa BELGO, temos crateras que podem fazer estragos até em pneu de caminhão, imagine no pneu do carro e outros acessórios do veículo, na Vila Rezende, Paulista e Vila Independência na mesma proporção, vamos arrumar gente esses lugares, pois não podemos ficar imaginando ponte e viadutos – se não conseguimos fazer pontes com a população para a melhoria do bem comum – pois o governo de Piracicaba deve ser público ou republicano, algo que parece não ser.
Na próxima reflexão vamos falar da situação das escolas municipais e da situação dos professores que ganham um salário de miséria (por que temos tantos concursos para professores na cidade? Desistência por conta do salário e das condições de trabalho? E o famoso horário dos professores para estudar ou planejar suas atividades, com seu inflexível tempo de estudo e planejamento que inviabiliza outras possibilidades de trabalhos – Será que a prefeitura paga bem os seus professores para querer exclusividade? Fala prefeito – será que o seu economista – gestor em educação não calculou essas possibilidades? Sabe o que o que é bom pra vocês? É ter um jornal na cidade que apóia suas empreitadas e não tem massa crítica para pontuar a lamentável gestão do “senhor” prefeito que começou com propagandas a todo vapor e vai terminar com as propagandas sem vapor.
p/s: não foi possível fazer a correção do texto acima, mas logo vamos fazer e melhorar o texto.

Daner Hornich

Falar das atrapalhadas do governo Lula, aqui é um posicionamento crítico e não campanha para o próximo presidente

Lembrete: Falar das atrapalhadas do governo Lula, aqui é um posicionamento crítico e não campanha para o próximo presidente, pois também não concordo com os posicionamento do Governo de São Paulo - Basta ver as situações das nossas estradas, das nossas escolas e do nosso sistema de saúde - é uma lastima - sem falar do salário dos nossos professores e do tratamento dado a todos eles.
Veja na reportagem da folha notícias de uma irritação:

São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No interior de SP, Serra chama manifestante de "energúmeno"

De acordo com assessores, governador se irritou com xingamentos da plateia

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), chamou um manifestante de "energúmeno" ontem, durante solenidade de entrega de 57 ônibus escolares na cidade de Guararapes (558 km da cidade de SP).
Carregando faixas e identificando-se como da Apeosp (sindicato dos professores), um grupo de manifestantes usava apitos para encobrir o discurso de Serra, enquanto a plateia, em maior número, gritava o nome do governador.
Serra perguntou se ali, no público, havia alguém contra a entrega de ônibus e investimentos do governo. Em resposta, ouviu um coro de "não".
O governador solicitava apoio dos prefeitos para a instalação de hospitais destinados a portadores de deficiências físicas, quando foi interrompido por um manifestante que, de acordo com a sua assessoria, xingava Serra.
"Esse energúmeno é contra o atendimento dos cegos, é contra os deficientes físicos, é contra os ônibus escolares [...]é contra tudo e todos", reagiu o governador, ainda segundo assessores que estavam no local.
Aplaudido pelo plateia e sob vaias dos manifestantes, Serra disse que estava trabalhando ali, mas que os que protestavam faziam "campanha" política.
O manifestante - que havia se aproximado do palanque - foi retirado da plateia por policiais porque, segundo a assessoria do governador, tinha desacatado Serra com ofensas.

Cheques
Antes, o governador havia entregado cheques de R$ 900 a moradores de São Luiz do Paraitinga, umas das cidades mais prejudicadas pelas chuvas que atingem o Estado.
O valor equivale a três meses do auxílio-moradia emergencial lançado pelo governo do Estado. Alguns moradores subiram ao palco e receberam os cheques das mãos do governador e de secretários estaduais.
Após o evento, uma fila de moradores foi formada na quadra de uma escola municipal. Segundo o governo, 308 famílias serão beneficiadas.
Algumas famílias deverão receber até R$ 1.900. Isso porque Serra lançou o programa Novo Começo, que, além do auxílio-moradia, destinará R$ 1.000 para que famílias atingidas pelas chuvas comprem móveis e outros objetos perdidos.
"Se depender de mim, ele será presidente", afirmou a dona de casa Alessandra Fernandes, 33, após receber seu cheque.
Para Fernando Neves, ex-ministro do TSE, a entrega dos cheques não configura infração à legislação eleitoral "desde que não haja pedido de voto". A prática se configura como "atividade de governo", diz ele.
As consequências políticas das chuvas preocupam os tucanos e Serra. Ontem, ele disse que ainda não sabe se viajará no Carnaval, apesar de ter convites para ir ao Rio, a Recife e a Salvador. O governador só visitará outros Estados caso o tempo esteja bom em São Paulo.
Serra evitou novamente falar de política e de sua provável candidatura, mas afirmou que houve uma "politização" das consequências da chuva.
"Tem muita gente jogando e se deliciando com "o quanto pior melhor". Mas eu não presto atenção nisso. O importante é trabalhar", afirmou o tucano. "A politização, inclusive eleitoral, é natural. Eu encaro isso, não com agrado, mas com certa naturalidade e frieza, porque não tem remédio", completou.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1302201022.htm Acesso em 13/02/2010.

Daner Hornich

Será que o Lula vai ouvir o povo do Irã?

Será que o Lula vai ouvir o povo do Irã? Lula escuta o povo brasileiro? O Lula fala, fala, fala, fala em discurso para o povo das inaugurações eleitoreiras, mas não escuta – se ele escuta é a sua voz. Veja abaixo:


São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula tem de se encontrar com dissidentes em Teerã, diz Nobel

DE GENEBRA

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã, em maio, só será válida se ele se reunir também com dissidentes, e o diálogo que Brasília defende com Teerã precisa incluir questões de direitos humanos e não só temas econômicos e políticos, defende a advogada, ativista e Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi.
"É claro que precisamos de mais diálogo, mas o diálogo também tem de ser sobre democracia e direitos humanos", disse Ebadi a jornalistas brasileiros em Genebra ao ser indagada sobre a posição do Itamaraty de que pressão e punição isolariam o Irã, e ainda há tempo para conversar com o país sobre seu programa nuclear.
"Até agora, o diálogo entre Brasil e Irã foi só sobre questões econômicas", respondeu, após evento em que listou violações do governo Ahmadinejad, como julgamentos sumários, prisões de jornalistas, tortura e perseguição de ativistas.
Ebadi defendeu que o governo brasileiro use sua proximidade com o Irã para influenciá-lo sobre o tema. O país será submetido nesta segunda à revisão periódica pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, e o Brasil vai se pronunciar a respeito. "É muito importante que o povo brasileiro saiba o que o governo iraniano tem feito com seu povo."
A ativista, que perdeu o direito de advogar no Irã por expressar-se contra o governo, afirmou que é "boa" a visita do presidente Lula, mas pregou que não se restrinja a atos oficiais.
"Não há nada de errado com a visita. Contanto que ele não fale só com o governo iraniano, que fale com ativistas de direitos humanos, jornalistas, familiares de vítimas", afirmou, dizendo que essa seria a forma mais adequada de "mostrar respeito ao povo".
"Os governos vão e vêm, as nações ficam."
Ebadi, laureada em 2003, também criticou a ideia defendida pelos EUA e outros países de aplicar novas sanções contra o Irã no âmbito do Conselho de Segurança da ONU para demover o país de seu programa nuclear, o qual Teerã diz ser, por ora, pacífico -embora Mahmoud Ahmadinejad tenha dito, nesta semana, ter capacidade para produzir uma bomba.
"Sanções só vão piorar a situação para o povo. Graças ao apoio da Rússia e da China, o governo do Irã consegue contornar as sanções. Mais sanções só vão punir o povo."
Segundo Ebadi, o que os governos ocidentais deveriam fazer é pressionar suas empresas que negociam com o governo Ahmadinejad. "A Siemens e a Nokia fornecem ao governo iraniano a tecnologia para monitorar e-mails e mensagens por celular, e é por causa desse monitoramento que muita gente está na prisão." (LC)

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1302201003.htm

O governo Lula e suas atrapalhadas posições frente ao IRÃ

O governo Lula e suas atrapalhadas posições frente ao IRÃ (Hoje sabemos que o Estado Iraniano reprime o seu povo, e o nosso governo parece compactuar com o governante daquele país). Veja abaixo:


São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

Próximo Texto | Índice

Brasil fará crítica a direitos humanos no Irã

Mudança de tom no conselho sobre o tema, em Genebra, é planejada como demonstração de que apoio a Teerã não é incondicional

Ao endurecer discurso na esfera humanitária, país busca estender margem de atuação para manter posição contra as sanções no CS

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O Brasil está coordenando sua posição sobre eventuais sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, com sua ação sobre o país no Conselho de Direitos Humanos da organização, em Genebra. Um endurecimento neste último o ajudaria a se credenciar como mediador na questão nuclear.
Fontes ouvidas pela Folha relatam uma triangulação constante que inclui conversas e reuniões abarcando ambos os temas à medida que cresce a pressão por novas sanções contra Teerã -o Irã passou a enriquecer urânio a um nível mais alto nesta semana, ampliando seu programa nuclear, que diz ser pacífico, mas que para EUA e aliados visa a bomba.
É nesse contexto que se aproxima a revisão periódica da situação dos direitos humanos no Irã pelo conselho em Genebra, depois de amanhã.
A ideia do Itamaraty é tomar uma posição mais firme em relação à violação de direitos humanos no Irã ao passo que mantém o discurso contra sanções no CS -onde defende haver espaço ainda para diálogo.
Brasília estreitou os laços com Teerã e tem recebido críticas abertas e veladas, vindas dos demais países que antes tentavam negociar com o governo iraniano o escrutínio de seu programa nuclear e que agora pedem sanções (EUA, França e, a julgar pela última semana, também a Rússia).
Com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva agendada para maio, é preciso marcar posição. Uma ação mais firme no Conselho de Direitos de Humanos mostraria aos demais aliados que o Brasil não é aliado irrestrito do Irã, dando mais credibilidade à sua insistência pelo diálogo nuclear.
No mês passado, o chanceler Celso Amorim declarou que as questões não devem ser "misturadas". É uma brecha para rever o histórico de evitar críticas duras ao país e se abster nas votações sobre o tema na Assembleia Geral da ONU.
Outro passo nessa direção é o discurso que a embaixadora brasileira nas Nações Unidas em Genebra, Maria Nazareth Azevedo, fará durante a sessão de revisão do Irã, depois de amanhã. A fala, apurou a Folha, deve citar as prisões arbitrárias e condenações sumárias à morte no país. Mesmo sem mencionar a repressão pós-eleitoral (a mesma que Lula chamou de "briga de torcida"), cujo saldo foi de ao menos 20 mortos e centenas de ativistas presos, a alusão é clara.
Mais de um observador ouvido pela reportagem aponta uma mudança recente, discreta mas firme, na posição brasileira. O Itamaraty também passou a considerar "mais razoável" a posição americana sobre o tema (os EUA são críticos firmes das violações).
O Brasil já havia colocado, em outras ocasiões, sua preocupação com a perseguição de minorias e com os direitos das mulheres no país -inclusive o fez no encontro de Lula com Mahmoud Ahmadinejad em Brasília, em novembro. Desde então, o tema continua sendo discutido "a nível de embaixadas", segundo o Itamaraty.
A referência às prisões, porém, foi feita apenas na última reunião da ONU em Nova York sobre a questão, em dezembro. Foi exatamente quando o país se absteve de votar alegando que o conselho em Genebra seria o fórum adequado.
Entidades de direitos humanos pressionam agora pelo cumprimento da promessa e, como pediu a Conectas em carta dirigida a Amorim, "recomendações concretas e mensuráveis ao Estado iraniano".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1302201001.htm 13/02/2010

Daner Hornich

o universo é regido por uma inteligência amorosa

Uma boa leitura para esse carnaval pode ser o artigo do Juevenal Savian Filho sobre Boécio (475 – 525) na revista CULT da edição 143.


Edição 143 A busca de unidade interior

A Consolação da Filosofia registra não apenas a consolação que Boécio recebeu da filosofia, mas também a que procurou oferecer a ela

Juvenal Savian Filho

O autor mais emblemático, na história da filosofia, para o tema da consolação é certamente Boécio (475-525), cuja obra de maior divulgação, aliás, intitula-se A Consolação da Filosofia.

A consolação, nessa obra, é apresentada em dois sentidos: aquela oferecida "pela" filosofia e aquela oferecida "à" filosofia. Como se diz em gramática clássica, toda a diferença está na partícula "da", interpretada como genitivo subjetivo ou como genitivo objetivo. A Consolação de Boécio registra, assim, não apenas a consolação que ele recebeu da filosofia, mas também a que ele procurou oferecer a ela.

Consolação oferecida "à" filosofia
Com efeito, Boécio diagnosticava, em sua época - a fase final da desagregação do Império Romano -, um descaso com a atividade filosofia, ou, então, a manipulação e a dilapidação do patrimônio filosófico por parte de tendências que entravam na moda e saíam dela. Na obra escrita no cárcere, ele procura "consolar" esse patrimônio com um texto esmerado do ponto de vista literário e dotado de um conteúdo teórico que mantinha viva a herança clássica greco-romana.

É certamente em função dessa consolação que Boécio, nas primeiras páginas de sua derradeira obra, retrata a filosofia sob a forma de uma mulher, a dama Filosofia, cuja aparência, embora imponente, encontrava-se embaçada, e com vestes rasgadas por mãos violentas:

Apareceu-me uma mulher, acima de meu olhar. Seu aspecto era venerável; seus olhos, repletos de fogo, mais penetrantes do que podem ser os olhares humanos. (...) Suas vestes eram confeccionadas de fios muitos finos, trabalho delicado, matéria indestrutível; fora ela mesma quem as tecera. Podia-se ler, bordada na franja inferior, a letra grega Pi; e, no alto, um Theta. Entre essas duas letras, via-se como uma escada, com degraus que levavam da letra inferior à superior. Entretanto, sua indumentária havia sido rasgada por mãos brutais, que lhe arrancaram tantos pedaços quantos foi possível arrancar.

A imponência dessa mulher simbolizava a tradição filosófica greco-romana, incluindo os autores bizantinos antigos, bem conhecidos por Boécio. Quanto aos agressores, eles eram identificados como os ignorantes pretensiosos, os inimigos de Sócrates, alguns epicuristas e alguns estoicos.


Boécio não desvalorizava o estoicismo e o epicurismo em geral. Ele se punha, inclusive, em concordância com muitas teses dessas escolas. Mas via problemas nelas, como, por exemplo, a associação estoica entre a esperança e a infelicidade, ou a eleição epicurista do prazer como bem absoluto do ser humano. Esses modismos, somados à violência sofrida pela cultura clássica (em tempos "bárbaros"), estariam representados nas vestes rasgadas da dama Filosofia.

Para Boécio, apenas uma esperança ilusória seria causa de infelicidade (como, por exemplo, esperar justiça de um tirano), e o prazer seria apenas um bem relativo, nunca absoluto (o bem absoluto teria de ativar as capacidades racionais do ser humano, distinguindo-o dos outros animais). Numa palavra, a esperança autêntica deve ser lúcida, e o prazer, bem situado no conjunto dos bens humanos.

Esses exemplos apontariam para a elaboração da experiência prática, visando chegar à contemplação teórica da verdade sobre a existência: tal o sentido dos degraus que partem da letra pi (inicial de práxis, em grego) e levam à letra theta (inicial de theoría, em grego), bordadas respectivamente na parte inferior e superior das vestes da Filosofia.

Essa elaboração da prática, vazada em elementos platônicos, aristotélicos, cristãos e neoplatônicos - com pivô e ápice na Felicidade -, molda a consolação "da" Filosofia e denuncia o que, para Boécio, constituía formas de pensamento fáceis e sedutoras, porém equivocadas e autoilusórias.

Consolação oferecida "pela" Filosofia
A escalada dos degraus da práxis à teoria constituía, por sua vez, a consolação oferecida "pela" Filosofia a Boécio. Seus últimos dias, vividos na prisão, arremataram uma existência de coerência ética e política. De conselheiro do imperador Teodorico, ele passou, depois de uma acusação injusta, a ser visto como traidor do império. Foi, então, obrigado a manter residência forçada no norte da Itália, longe da família, dos amigos e de sua biblioteca, à espera da execução. Nesse período, ele compôs a Consolação.

Essa obra é o registro de um protesto contra sua sorte injusta, bem como a tentativa de responder a graves problemas filosóficos que, no contexto da prisão, revelaram, em cores fortes, seu caráter existencial. Suas queixas centravam-se na instabilidade da Fortuna, deusa caprichosa, responsável pelas variações da Natureza em geral, ora prodigalizando os seres de bens, ora subtraindo-lhes tudo, sem nenhuma razão aparente.

A Filosofia, então, para consolar Boécio, inicia com a aplicação de remédios suaves, até chegar a remédios amargos, porém mais eficazes. Os remédios suaves consistirão na lembrança dos bens concedidos pela Fortuna (o bem-estar passado de Boécio e o de sua família, sua carreira política, a carreira de seus filhos etc.) e os amargos, no esclarecimento de sua natureza variável, no enfrentamento do problema do mal, da liberdade, da providência divina etc.


A causa do sofrimento de Boécio estaria em confiar nessa deusa cega e caprichosa, esperando que ela se comportasse sempre do mesmo modo. Mas, caso ela se comportasse sempre do mesmo modo, então negaria seu caráter. A Filosofia mostra, então, como o desejo humano leva os indivíduos a desejar a constância da Fortuna.

O desejo, em si mesmo, não seria mau; equivocada é a ilusão que ele acarreta, ou seja, a crença de que a abundância de bens pode trazer a felicidade. Em outras palavras, haveria um erro humano, o de querer suprir as carências com a abundância. Aliás, a abundância seria antinatural, pois, segundo Boécio, os outros seres vivos precisam de pouco para sobreviver. Mas os humanos, além de se iludir com a abundância, nem sempre se dão conta de que têm algo a mais do que os outros animais. Para serem felizes, têm de acionar a capacidade que os distingue, a mente, ponto de semelhança, inclusive, entre eles e o ordenamento do mundo. Numa palavra, a realização humana residiria no desenvolvimento da capacidade mental e no uso correto dos bens.

Nesse sentido, a consolação oferecida pela Filosofia a Boécio consiste em fazê-lo avaliar com prudência a natureza das coisas (à semelhança da filosofia consoladora de Sêneca) e em ativar sua mente para o conhecimento de si. Essa é a razão de a Filosofia cantar em seus versos:

Oh, que feliz era aquele tempo antigo
que se contentava dos campos fiéis,
sem perder-se num luxo inútil.
E contentava-se dos frutos rústicos.
(...)
Oh, quão feliz seria o gênero humano,
se aos vossos espíritos regesse o amor;
aquele mesmo que rege o céu.

O bem próprio do ser humano, atividade interior de natureza espiritual, não seria redutível às experiências físicas, e a felicidade só seria atingível pela posse e pelo cultivo desse bem.

A atividade da mente, no dizer de Boécio, levaria ao conhecimento de si, e esse conhecimento, por sua vez, levaria ao conhecimento da inteligência amorosa que rege o universo. Da perspectiva desse conhecimento, tudo passaria a ter sentido, inclusive aquilo que se vive como sofrimento. As situações adversas passam a ser valoradas como consequência da fragilidade da Natureza e da vida humana, sem que o desejo irracional leve à ilusão de uma vida constante e sem imperfeições.

Por fim, o fato de se afirmar que o universo é regido por uma inteligência amorosa não significa tolhimento da liberdade. O exercício da liberdade ligar-se-á à capacidade humana de determinar o sentido da existência de cada indivíduo, em meio aos constrangimentos impostos pelo dinamismo da vida. Esses remédios são o consolo que a Filosofia oferece a Boécio. É no registro de uma busca de unidade na experiência interior (vivida no corpo e com os bens do corpo) que a filosofia, segundo Boécio, pode ter um papel consolador.

Na linguagem clássica, a filosofia consola não porque extirpe o sofrimento, mas porque é Sabedoria.

Juvenal Savian Filho, professor de filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Escreveu, entre outros, Metafísica do Ser em Boécio (Loyola, 2008), Deus (Globo, 2008), Fé e Razão: Uma Questão Atual? (Loyola, 2005)


Fonte; http://revistacult.uol.com.br/novo/dossie.asp?edtCode=62159830-7C0E-4F83-880B-17D4CC4AE09A&nwsCode=F4F7CB5E-9E28-4C65-B5AB-45B1DCB29301 13/02/2010

Daner Hornich

Wednesday, January 06, 2010

"Brilhante" para quem, José Sarney?

Comentário: É triste e lamentável verificar que a frase dita por José Sarney é muito mais do que uma ilusão produzida por suas idéias, mas uma crença num mundo imaginário que não existe para a população brasileira, mas que existe na cabeça do Senador Sarney e de muitos políticos que se perpetua em cargos públicos como lamentáveis “donos do poder” na republica oligárquica do Brasil. Conferir o artigo abaixo do Jornalista Rudolfo Lago:
Quarta-Feira, 6 de Janeiro de 2010


Colunistas

Home > Colunistas

05/01/2010 - 06h20

"Brilhante" para quem, José Sarney?

"Nada pode resumir melhor a atual situação de total distanciamento entre a percepção da elite política e a da sociedade brasileira do que essa frase do presidente do Senado"

Dita já na semana do Natal, ao fazer um balanço das atividades do Senado em 2009, o senador José Sarney (PMDB-AP) acabou cunhando a frase do ano. Disse Sarney: “O ano de 2009 no Senado terminou brilhantemente”. Nada pode resumir melhor a atual situação de total distanciamento entre a percepção da elite política e a da sociedade brasileira do que essa frase de Sarney. Como é que um ano em que, na ótica da sociedade, o Congresso jogou a ética no lixo pode terminar “brilhantemente”? O que aponta para uma mudança de fato no comportamento político brasileiro para 2010 que possa, ao menos, nos fazer concluir que o Congresso aprendeu realmente com os escândalos que surgiram e vai se corrigir? Que ação praticada nos últimos dias do ano de 2009 dá alguma indicação de que a sociedade ensaia voltar às boas com seus representantes políticos para que se possa concluir que um ano que começou complicado, como Sarney reconhece, terminou “brilhantemente”? Não, presidente Sarney, apesar dos números e das estatísticas, o ano político não terminou “brilhantemente”. A não ser para aqueles que, por fazerem parte da festa, nunca deixaram de julgá-lo brilhante.

Estamos aí diante, então, do grande drama. Há alguns anos, fiz uma entrevista com o escritor Carlos Heitor Cony para o Correio Braziliense. Nessa entrevista, Cony dizia que já não tinha a menor crença na democracia representativa. Sem se sentir obrigado a apresentar uma alternativa melhor, ele simplesmente dizia que algo tinha acontecido na velocidade das mudanças ocorridas nos últimos anos na sociedade (com o advento da internet, do noticiário em tempo real, das redes sociais, etc) que tinha patrocinado de vez o divórcio das pessoas e de seus representantes políticos. Apesar de eleitos por nós, os políticos passaram a formar uma casta que já não se preocupa conosco e vive à parte de nós. É por isso que Sarney consegue enxergar algo de brilhante aonde nós não vemos absolutamente nada.

Em primeiro lugar, as deformações do sistema fazem com que os políticos eleitos não sejam exatamente aqueles que nós realmente escolheríamos. Nas grandes votações, para presidente ou para os demais cargos executivos, ainda é possível enxergar alguma lógica no voto do eleitor. Mesmo que a escolha se revele depois errada, o pensamento por trás delas é perceptível: o eleitor elegeu Fernando Collor em 1989, por exemplo, movido pelo sentimento de total renovação que o fim da ditadura militar ensejava; votou em Lula em 2002 porque já tinha experimentado todas as demais combinações mais conservadoras e se frustrado com elas, especialmente no que dizia respeito ao cuidado com o trato do dinheiro público. No voto para o Legislativo, principalmente para deputado, essa lógica não aparece. Primeiro, porque o voto proporcional faz com que o eleito não seja necessariamente aquele nome em que o eleitor votou. É um sistema complicado, que acaba colaborando para o descompromisso do cidadão para com esse voto (quase ninguém lembra em quem votou para deputado). Segundo, porque a possibilidade de eleições seguidas formou uma casta de políticos e filhos de políticos. Numa sociedade que despreza essa atividade, ninguém quer ou se sente apto para entrar nesse jogo além desses profissionais de eleições e as suas famílias. Mesmo que queira, terá que aceitar as regras e condições estabelecidas pelas castas. As opções, portanto, são eles, e ponto final.

Então, certas de que já sabem o caminho das urnas, seguras de que têm os esquemas necessários para se eleger, essas castas políticas passam a atuar para si. Começa a importar menos para elas o sentimento da sociedade. Como costuma acontecer com qualquer outra corporação fechada, também a corporação política começa a ter uma percepção particular da realidade. Assim é que ela vê desfechos brilhantes para um ano em que revelou, como nunca, seus defeitos e privilégios.
Rudolfo Lago


É difícil imaginar como se vai sair dessa encalacrada. Como mostra a frase de Sarney, não se deve contar com a elite política para isso. Eles estão felizes, satisfeitos. O caminho provavelmente vai se dar mesmo pelo aprofundamento desse distanciamento e das tensões que virão disso. Com a perplexidade e com a indignação que uma frase como a de Sarney provoca. Se tivermos paciência para insistir na democracia, vamos achar o caminho. Porque é a democracia que permite expor de forma clara esse distanciamento entre a sociedade e a sua política. É ela que pode aprofundar essas tensões. E que acaba levando essa elite a, por bem ou por mal, modificar seu comportamento e se abrir para novas demandas e conceitos. Com a democracia, a gente provoca essa elite mais ou menos como quem cutuca um elefante com um palito de dentes. Demora, mas um dia o elefante se mexe.

Rudolfo Lago*
*É o editor-executivo do Congresso em Foco. Formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília em 1986, Rudolfo Lago atua como jornalista especializado em política desde 1987. Com passagens pelos principais jornais e revistas do país, foi editor de Política do jornal Correio Braziliense, editor-assistente da revista Veja e editor especial da revista IstoÉ, entre outras funções. Vencedor de quatro prêmios de jornalismo, incluindo o Prêmio Esso, em 2000, com equipe do Correio Braziliense, pela série de reportagens que resultaram na cassação do senador Luiz Estevão


Fonte: http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=31379&filha=1 06/01/2009

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...