ram a surgir sobre uma condenação no TSE afetaram não só as expectativas dos executivos, mas o andamento de seus negócios.
O dono da Centauro Sports, Sebastião Bomfim Filho, diz que as vendas nas mais de 150 lojas da rede caíram 15% no dia seguinte à reportagem do jornal O Globo.
"A partir das 19h30 da noite, o Brasil mudou. No primeiro dia, foi um susto enorme, mas depois recupera. O importante é que a economia continua dando sinais de que está caminhando."
O dono da Centauro Sports, Sebastião Bomfim Filho, diz que as vendas nas mais de 150 lojas da rede caíram 15% no dia seguinte à reportagem do jornal O Globo.
"A partir das 19h30 da noite, o Brasil mudou. No primeiro dia, foi um susto enorme, mas depois recupera. O importante é que a economia continua dando sinais de que está caminhando."
Calmaria e força política
Os sinais identificados por Bomfim também são apontados por CEOs de outros setores. Eles falam em uma "calmaria" e uma recuperação da crise política que já estaria em curso - mesmo com o TSE ainda por decidir se cassa ou não o mandato do presidente.
"É uma guerra. Você acha que o mundo vai acabar e de repente não tem mais tiro. (O governo) conseguiu colocar em pauta o Refis (novo parcelamento de débitos tributários, por uma Medida Provisória). O Congresso está trabalhando e é isso que Temer faz questão de deixar claro: a ideia de normalidade em meio a uma crise", diz o dono de uma grande rede alimentícia que não quis se identificar.
Um indício recente de que o cronograma de medidas econômicas não está completamente congelado, dizem os empresários, foi a aprovação do texto da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado na terça-feira.
Segundo os executivos, tais articulações mostrariam que o peemedebista ainda possui alguma força política. A manutenção do PSDB na base aliada e as dúvidas sobre uma possível manipulação da gravação feita por Joesley Batista teriam contribuído para fortalecer o presidente - e descartar sua saída por meio da Operação Lava Jato, na qual é investigado. Um impeachment também seria difícil.
"Tenho a sensação de que o governo já acionou tentáculos para se proteger das denúncias contra ele", diz Luiz Barsi, um dos maiores investidores da Bovespa. "Acredito que (Temer) vai conseguir reunir forças para aprovar as reformas. Mas quem vai conquistar apoio não é ele, são as reformas propriamente ditas. Passadas as medidas, vamos ver se os outros seguirão apoiando um presidente não legítimo."
O cenário otimista se estendeu também às expectativas sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral.
"Vejo uma mudança de tom nas duas últimas semanas: talvez ele ganhe no TSE, ele está se articulando para ficar. Logo depois (da delação) dizia-se que provavelmente seria cassado", diz o CEO da Engebanc Real Estate.
Barsi, que tem experiência de décadas na Bolsa, diz que no mercado aventa-se a possibilidade de um julgamento político, no qual a estabilidade do governo será levada em conta. Nesse caso, a chance de cassação seria baixa.
"Se for jurídico, provavelmente a chapa será cassada. Se for político, outros fatores serão analisados, os impactos para o país. Acredito que alguém vai pedir a vista do processo, a coisa vai se arrastar por mais três ou quatro meses, e nesse ínterim haverá numa fase de esquecimento por parte da opinião pública."
Apostando na memória curta do brasileiro e em processos lentos sem impacto para Temer, o investidor vê no presidente a pessoa mais propícia para tocar as reformas. Não por preferência, ressalta, mas por falta de opção. "Acho que vamos chegar num bom termo mesmo que não seja um governo legítimo. É o que todos os brasileiros desejam: aprovação das reformas, e que o Brasil se torne competitivo."
Assim como o investidor, a maioria dos entrevistados encara a aprovação desses projetos como inevitável, porque já seriam uma prioridade não só do governo, mas do Legislativo.
"Qualquer que seja o cenário, as reformas são inevitáveis. É a cola que impede uma queda maior. A reforma trabalhista, por exemplo, foi um produto do Congresso. Foi uma iniciativa do Executivo, mas muito mais tímida do que a versão do Congresso, que fez um modelo moderno", diz o diretor da CNI.
Mesmo que parlamentares resistam a passar as alterações, haverá pressão do mercado, diz o sócio-diretor do Grupo De Biasi, companhia de consultoria e auditoria, LucianoLucci De Biasi. "Os deputados e os senadores do primeiro escalão do governo sabem que não têm alternativa. Porque se não for aprovado, o Brasil entra numa recessão profunda. O que haverá no Congresso é pressão dos próprios empresários. As grandes associações, os representantes, vão pressionar pela aprovação."
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