No momento em que se assiste uma grande crise de lideranças na vida social e política, em nível planetário, eis que o Espírito Santo nos envia um Papa próximo, acolhedor e de ouvidos atentos ao clamor dos pobres e desterrados da Terra. Um Papa que brada: “Esse sistema é insuportável!”, e que é capaz de nos oferecer razões para acreditar que um mundo justo, solidário e fraterno é possível. Sim, temos um Papa que toma partido, se tomar partido for entendido como viver o Evangelho. Foi com este espírito que o CEPAT, em parceria com a CVX Regional Sul e apoio do IHU, realizou sua última etapa do ciclo de estudos e reflexões O Magistério Social do Papa Francisco, na fria noite curitibana do dia 01 de junho, a partir do tema Análise dos três discursos papais aos Movimentos Populares, contando com a assessoria de André Langer (FAVI).
Momento de debate (Foto: Reginaldo Aparecido Grilo)
A iniciativa dos três encontros do Papa Francisco com o Movimentos Populares é algo sem precedentes na história da Igreja. Trata-se de um esforço da Igreja em se (re)aproximar dos Movimentos Populares, dando voz a eles, em sintonia com “uma Igreja pobre e para os pobres”, conforme deseja o Papa. Trata-se de uma iniciativa de fortalecimento, encorajamento e valorização destes movimentos. Como bem salientou André Langer, o Papa acredita verdadeiramente no potencial dos Movimentos Populares e não quer jamais que esta força que está, única e exclusivamente nas mãos do povo, seja entorpecida pelos falsos fatalismos que a injusta estrutura econômica atual quer fazer vigorar.
Ao longo dos três encontros, consecutivamente nos anos de 2014 (Roma), 2015 (Bolívia) e 2016 (Roma), Francisco nos brindou com discursos históricos, permeados por uma crítica social muito bem fundamentada nos valores evangélicos e ancorada em uma percepção da conjuntura econômica, política, social e cultural contemporânea capaz de apontar cirurgicamente ao que popularmente dizemos ser o ‘X’ da questão.
Para a análise destes discursos, André Langer optou por fazer uma leitura transversal dos três discursos papais, destacando alguns pontos centrais:
a) A denúncia do ídolo dinheiro, que ameaça a dignidade da pessoa humana e favorece a cultura do descarte e a globalização da indiferença;
b) A defesa de uma mudança de estrutura, uma vez que o atual sistema é insuportável à vida que precisa ser protegida em todas as esferas, desde os pobres até a Mãe Terra. O Papa incentiva todos(as) a reconhecer: “Nós precisamos e queremos uma mudança”;
c) O Papa quer uma economia que esteja a serviço dos povos e não como um mecanismo de acumulação e depredação. “Esta economia mata!”, denunciou. A verdadeira economia leva em conta a casa comum, que precisa ser cuidada adequadamente, com uma reta distribuição de seus bens entre todos(as);
d) O Papa defende o direito à Terra, Teto e Trabalho. Ficou célebre sua frase, durante o encontro de 2014: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”.
e) Francisco também adverte a respeito das novas formas de colonialismo, que por trás de falsos discursos de conteúdo social e humanitário (combate à corrupção, ao terrorismo, etc.) e concentração monopolista dos meios de comunicação (colonialismo ideológico) escondem a s causas da miséria, da violência, das migrações forçadas, da desigualdade, etc., privilegiando os países mais ricos em detrimento dos mais pobres;
f) Francisco retoma, em especial, um tema que lhe é muito caro: a dura realidade dos migrantes, refugiados e deslocados. As palavras do Papa são duras ao reconhecer que, no cenário atual, “o Mediterrâneo transformou-se em um cemitério”, diante da tragédia vivida pelos refugiados ao tentar chegar à Europa. Trata-se da “bancarrota da humanidade”.
g) Francisco alerta os movimentos populares a não se deixar formatar, evitando ser funcionais ao sistema - não cair na tentação de ser “meros administradores da miséria existente” -, e não se deixar corromper, mantendo a coerência e a sobriedade.
h) Francisco insiste no protagonismo dos pobres, reconhecendo-os como semeadores de mudança, capazes de gerar processos de transformação da realidade. Animando-os, reconhece que no ato de resistir e insistir em alternativas de organização popular, imitam o próprio Jesus.
As palavras do Papa Francisco ao Movimentos Populares destoam profundamente do establishment veementemente defendidos por aqueles que se acostumaram com as regalias do poder e do dinheiro, à custa da miséria de povos e comunidades. Suas palavras são de esperança, de capacidade de reagir, de se organizar, de acreditar na força de quem se organiza a partir de baixo.
Nas mãos dos pobres, no cultivo de seus valores e ações, está a possibilidade de um outro mundo. Não há como não se render às palavras do Papa: “Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, na capacidade de se organizarem e promover alternativas criativas na busca diária dos “3T” (trabalho, teto, terra) e também na participação de vocês como protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem!”.
Ao longo dos três encontros, consecutivamente nos anos de 2014 (Roma), 2015 (Bolívia) e 2016 (Roma), Francisco nos brindou com discursos históricos, permeados por uma crítica social muito bem fundamentada nos valores evangélicos e ancorada em uma percepção da conjuntura econômica, política, social e cultural contemporânea capaz de apontar cirurgicamente ao que popularmente dizemos ser o ‘X’ da questão.
Para a análise destes discursos, André Langer optou por fazer uma leitura transversal dos três discursos papais, destacando alguns pontos centrais:
a) A denúncia do ídolo dinheiro, que ameaça a dignidade da pessoa humana e favorece a cultura do descarte e a globalização da indiferença;
b) A defesa de uma mudança de estrutura, uma vez que o atual sistema é insuportável à vida que precisa ser protegida em todas as esferas, desde os pobres até a Mãe Terra. O Papa incentiva todos(as) a reconhecer: “Nós precisamos e queremos uma mudança”;
c) O Papa quer uma economia que esteja a serviço dos povos e não como um mecanismo de acumulação e depredação. “Esta economia mata!”, denunciou. A verdadeira economia leva em conta a casa comum, que precisa ser cuidada adequadamente, com uma reta distribuição de seus bens entre todos(as);
d) O Papa defende o direito à Terra, Teto e Trabalho. Ficou célebre sua frase, durante o encontro de 2014: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”.
e) Francisco também adverte a respeito das novas formas de colonialismo, que por trás de falsos discursos de conteúdo social e humanitário (combate à corrupção, ao terrorismo, etc.) e concentração monopolista dos meios de comunicação (colonialismo ideológico) escondem a s causas da miséria, da violência, das migrações forçadas, da desigualdade, etc., privilegiando os países mais ricos em detrimento dos mais pobres;
f) Francisco retoma, em especial, um tema que lhe é muito caro: a dura realidade dos migrantes, refugiados e deslocados. As palavras do Papa são duras ao reconhecer que, no cenário atual, “o Mediterrâneo transformou-se em um cemitério”, diante da tragédia vivida pelos refugiados ao tentar chegar à Europa. Trata-se da “bancarrota da humanidade”.
g) Francisco alerta os movimentos populares a não se deixar formatar, evitando ser funcionais ao sistema - não cair na tentação de ser “meros administradores da miséria existente” -, e não se deixar corromper, mantendo a coerência e a sobriedade.
h) Francisco insiste no protagonismo dos pobres, reconhecendo-os como semeadores de mudança, capazes de gerar processos de transformação da realidade. Animando-os, reconhece que no ato de resistir e insistir em alternativas de organização popular, imitam o próprio Jesus.
As palavras do Papa Francisco ao Movimentos Populares destoam profundamente do establishment veementemente defendidos por aqueles que se acostumaram com as regalias do poder e do dinheiro, à custa da miséria de povos e comunidades. Suas palavras são de esperança, de capacidade de reagir, de se organizar, de acreditar na força de quem se organiza a partir de baixo.
Nas mãos dos pobres, no cultivo de seus valores e ações, está a possibilidade de um outro mundo. Não há como não se render às palavras do Papa: “Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, na capacidade de se organizarem e promover alternativas criativas na busca diária dos “3T” (trabalho, teto, terra) e também na participação de vocês como protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem!”.
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