Tuesday, December 05, 2006

A IRONIA TRÁGICA

A IRONIA TRÁGICA


“A ironia trágica poderá consistir em mostrar como, no decurso do drama, o herói cai na armadilha da própria palavra, uma palavra que se volta contra ele trazendo-lhe a experiência amarga de um sentido que ele obstinava em não reconhecer” (Vernant, Jean-Pierre, 2002, 20).
A citação acima do mitólogo, historiador e filólogo francês nos recordam da importância da tragédia grega no decurso dos nossos dramas políticos, éticos, religiosos, jurídicos, sociais, estéticos e culturais – ao refletir sobre as nossas ações e palavras, de modo especial na Grécia Antiga que se desvela como um universo extraordinário de cultura e criação artística.
O imaginário da tragédia grega instaura teias de relações em nossos tempos, por meio, do mito do herói defensor dos pobres, ao mesmo tempo perseguido, fraco, oprimido, forte e guerreiro dos trabalhadores perseguidos e desanimados – pai dos pobres desse universo chamado Brasil, como salientou o seu propagador na mídia nos tempos de eleições.
A recordação da tragédia nesse momento trágico da vida política brasileira em meio a tantas confusões não resolvida no decorre do decurso do drama do herói que mergulha em sua própria armadilha, por meio, das suas ações e discursos que assume sua verdadeira significação e revelam sua verdadeira face.
Qual será a face do nosso presidente? Será do líder ditador que quer impor a lei da censura à mídia brasileira que tanto o elevou em tempos primordiais do nascimento do PT, com características democráticas e que seguia e perseguia uma proposta ética para política brasileira ou será do “bom governo” para os pobres de um Brasil com mil faces e que enfrenta entre as várias crises, a liberdade de expressão?
Não sei! Mas podemos pensar sobre o assunto quando algumas posições e nuances aparecem nessa encruzilhada chamada Brasil com “palavras de ordem” que se manifestam como expressão totalitária no discurso do governo ao querer impedir a comunicação e o esclarecimento dos fatos, dos acontecimentos e das lambanças dos “administradores” do Estado brasileiro.
A experiência amarga do drama do herói – pai dos pobres – que não reconhece suas ações e discursos em outros tempos – tempos de luta, conflito e contradições com os capitalistas usurpadores dos valores e direitos humanos, em beneficio dos interesses do mercado, na época do capital estrangeiro – hoje do capital financeiro, esquece-se com freqüência da sua própria “história política” de lutas – quando defende o assistencialismo, os banqueiros e os amigos corruptos e crítica a ação da imprensa de “golpista” quando busca esclarecer o povo brasileiro da trágica ironia que se instalou no nosso país, como o “cala boca” silencioso contra a imprensa.

Daner Hornich, Mestre em Filosofia (PUC - SP) e professor.



1 comment:

Adriano Lima said...

Daner, sem querer fugir muito do assunto, penso que política não escapa tão facilmente da "ironia trágica", da "armadilha da própria palavra", porque o partidarismo não tem memória, nem mesmo uma comissão ou departamento que zele pela sua "doutrina", como é o caso da igreja institucional. Dentro dela, existem sempre algumas linhas de pensamento a ser seguidas para manter a memória da instituição. Já o partidarismo da nossa "democracia" não tem linhas de pensamento assim tão enraizadas no tempo. Acho que são as circusntâncias do agora que ofuscam o passado dos partidos e da nação e que constantemente põem os políticos às portas das armadilhas de seus próprios discursos.

Militares, ciências, Educação Popular.

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