Saturday, April 28, 2007

A CONDIÇÃO MISERÁVEL DO TRABALHADOR

A CONDIÇÃO MISERÁVEL DO TRABALHADOR

Às vezes temos em nossas companhias pessoas ilustres para conversar e refletir sobre as condições políticas, sociais, econômicas e religiosas do nosso país, do nosso estado e da nossa cidade que fazem refletir e questionar o nosso imaginário estabelecido.
Um desses personagens é Karl Marx (1818 – 1883) – filosofo alemão – importante interprete da condição humana do mundo moderno e de modo especial – do mundo do trabalho e da condição miserável do trabalhador, com uma “existência animal”, diante das exigências capitalistas.
Numa dessas conversas e reflexões com Karl Marx fiz alguns passeios por suas argumentações que são validas para os nossos tempos na sociedade brasileira ao falar do trabalhador, isto é, “a existência do trabalhador é, portanto, reduzida à condição de existência de qualquer mercadoria. O trabalhador tornou-se uma mercadoria e é uma sorte para ele conseguir chegar ao homem que se interesse por ele. E a procura, da qual a vida do trabalho depende, depende do capricho do rico e capitalista” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 24).
Na sociedade mundial e em especial em nossa sociedade a condição do homem moderno e contemporâneo é a de uma simples mercadoria que dependem dos caprichos dos ricos e capitalistas que exploram, dominam e consumem a força vital corporal e espiritual do trabalhador – que numa situação de precariedade e servidão, são exemplos os nossos cortadores de cana no Brasil e entre outros escravos da tecelagem na China.
Não podemos esquecer do processo de industrialização corrente no mundo que rebaixou o trabalhador “... à (condição) de máquina, a máquina pode enfrentá-lo como concorrente” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 27). Além de transformar o homem numa máquina, produziu sua concorrência que “... tal, como o acúmulo de capital aumenta a quantidade da indústria e, portanto, de trabalhadores, essa mesma quantidade da indústria traz, através dessa acumulação (Accumulation), uma grande quantidade de obras malfeitas (Machwerk) que se torna sobreprodução (Überproduktion) e acaba: ou por colocar fora (da esfera) do trabalho uma grande parte de trabalhadores, ou por reduzir o seu salário ao mais miserável mínimo” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 27).
A argumentação acima é alarmante na época de Karl Marx, mas uma constatação em nossos tempos, que privilegiam a acumulação do capital com tecnologia e inovações, por meio, do mercado financeiro competitivo, concorrente e corrupto que desvaloriza o trabalhador, objeto de troca com um preço cada vez mais reduzido, ou seja, uma mercadoria transformada em uma classe de escravos.
Contudo, a conversa se agrava quando encontramos o seguinte argumento: “..., uma vez que, segundo Smith, uma sociedade em que a maioria sofre não é feliz, mas uma vez que a situação mais rica da sociedade conduz ao sofrimento da maioria, e que a economia nacional (de maneira geral, a sociedade do interesse privado) conduz a esta situação mais rica, (deduz-se que) a infelicidade da sociedade é a finalidade da economia nacional” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 28).
Essa é a fotografia da sociedade brasileira – a foto de uma sociedade em que a maioria trabalhadora sofre em detrimento dos poucos ricos que subsiste como uma elite sem projeto de nação, mas que usa dos benefícios públicos para engordar os seus bens privados e alargar a desigualdade e a injustiça social que joga o nosso Brasil num buraco de explorações, roubo e lamaçal de sujeira, que usa a máquina estatal e desvaloriza o seu trabalhador ao vender a sua própria dignidade.

Daner Hornich é Mestre em Filosofia (PUC –SP),
Professor

Sunday, April 15, 2007

Hannah Arendt e mais uma biografia

O comentário
A nova biografia de Hannah Arendt comentada por Elio Gaspari na Folha de São Paulo (www.folha.com.br ou Domingo, 15 de abril de 2007 A 16)- escrita por Laure Adler não desqualifica o pensamento e nem mesmo as obras de Hannah Arendt ao negar a publicação de um livro e depois utilizá-las nas suas referências, isto é, fundamentar a bibliografia dos seus textos e obras -penso ser indilicado o tom indicativo ao citar Celso Lafer como "aluno e devoto da pensadora".
Não sabemos separar o "joio do trigo" - para usar um jargão religioso e dialético na construção de reflexões que julgam o comportamento das pessoas, pois essa não era a intenção de Laure Adler como bem indicou o professor de filosofia Newnton Bignotto no Caderno Mais (Domingo, 15 de abril de 2007 Masi! 8)
Muito menos pelo chavão intitulado de "racionalismo e esnobismo" para contar um episódio cômico, trágico e banal, mas não do mal na vida de Hannah Arendt - episódio digno de risos e de pouca sagacidade crítica e criativa de Elio Gaspari que se perdeu no "sensacionalismo e facilidades" bibliográficas que a obra de Laure Adler não apresentou e nem se perdeu como comentou Newnton Bignotto no Caderno Mais!
Por fim, qual é o metro ou medida para dizer: qual é a melhor biografia ou que "Saiu a melhor biografia", como disse Gaspari?
No mundo das ciências humanas e mesmo nas ciências naturais as coisas, as análises e as conclusões não são tão absolutas e dogmáticas como imaginamos, inventamos e criamos - quando induzimos os nossos parâmetros e modelos de leituras ao mundo da opinão - quem sabe no mundo da ditadura da verdade isso possa valer e funcionar.

Daner Hornich (Mestre em Filsofia PUC - SP).

Sunday, April 01, 2007

Reflexões para a semana:

Reflexões para a semana:
Reflexões para a semana: "A solidariedade da multidão judaica com aquele a ser crucificado é expressa tr~es vezes na narrativa de Lucas, que nunca menciona qualquer chacota feita por judeus presentes. A multidão o acompanha e as mulheres lamentam, o povo presencia a crucificação e quando vê que Jesus está morto, bate no peito como sinal de pesar e, lamentando, volta para a casa. A solidariedade do povo é compreensível. A multidão estava com Jesus todo o tempo em que ele permaneceu em Jerusalém, e os sumos sacerdotes não ousaram detê-lo em público porque "temiam o povo" (Lc 20:19; Mc 12:12). (Flusser, David. Jesus. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002, 186 - 187).
Daner Hornich

Resistência ao pensar

Muitas pessoas resistem à possibilidade de pensar sobre as coisas que emergem no cotidiano de nossa existência - de modo especial, os universitários míopes que vivem sobre as sombras do ensino médio ou da mediocridade que se solidifica pelas perguntas e respostas prontas, definitivas e acabadas que não ensinam a pensar e muito menos problematizar uma questão fora das ordens estabelecidas.
Viva a instabilidade que aguça a capacidade de pensar!

Daner Hornich

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...