Thursday, June 28, 2007

RENAN SEU NOME É UMA VERGONHA PARA A POLÍTICA BRASILEIRA

“Não vou falar da minha vida intima” - não quero saber da sua vida intima, sua vida intima pouco me importa, mas o dinheiro público, os conchavos políticos que deterioram as relações democráticas e republicanas com notas frias, com ações corruptas e favoritismo oligárquico - isso sim quero saber e conhecer, pois o Senhor foi eleito senador para representar de forma transparente, digna e honesta o cidadão brasileiro no cargo que ocupa.

Daner Hornich

Tuesday, June 26, 2007

Isto é Brasil. Isto é fascismo. Isto é falta de lei e de efetiva democracia.

Tirado do blog http://robertounicamp.blogspot.com/ ou CONTRA A RAISON D´ÉTAT


Vamos ler os dois textos? O da agredida e o do pai dos agressores? E depois....o que dizer?
"Quero que se faça justiça", diz doméstica espancada no Rio

Após receber alta de hospital, Sirlei afirmou querer que agressores "paguem'

A polícia do Rio prendeu ontem mais dois rapazes acusados pelo crime, sendo que um deles se entregou no fim da noite no 16º DP

DA SUCURSAL DO RIO

"Quero que se faça justiça", afirmou à Folha a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32, após receber alta do hospital Barra D'Or, ontem, no Rio. Ela foi espancada e roubada por cinco jovens na madrugada de sábado, quando estava em um ponto de ônibus na av. Lúcio Costa, na Barra da Tijuca (zona oeste). Ela seguia para uma consulta médica.
"Eu quero que eles paguem, não sei como", disse ela, ao ser questionada se pretendia pedir indenização às famílias dos rapazes de classe média que identificou como seus agressores. Três suspeitos foram presos no sábado, e outros dois, ontem.

A doméstica foi espancada às 4h30 de sábado. Outras duas mulheres que estavam no ponto de ônibus também teriam sido agredidas. Um dos detidos disse à polícia que o grupo pensou que a vítima era prostituta."Mesmo que [as outras mulheres que estavam no ponto de ônibus] fossem prostitutas, não tinham que fazer [as agressões]", afirmou Sirlei."Foram muitos chutes, pontapés, socos, cotoveladas", descreveu ela. Mostrando o braço roxo e inchado, Sirlei disse que tentou se defender em vão das agressões. "Coloquei para proteger o rosto, mas eles ficaram chutando o meu braço."Segundo a doméstica, não houve dúvida para reconhecer os agressores. "O reconhecimento foi imediato."

A polícia do Rio prendeu ontem de manhã o universitário Rubens Arruda, 19, acusado de ser um dos agressores. Seu pai, o empresário do setor naval Ludovico Ramalho Bruno, indicou o local em que ele estava, a casa de um amigo na Ilha do Governador (zona norte).O estudante de turismo Rodrigo Bassalo, 20, que estava foragido, se entregou às 23h15 acompanhado de advogados no 16º DP (Barra da Tijuca), onde passaria a noite preso. Ele não falou com a imprensa.

A partir da placa do carro usado pelos rapazes, anotada por um taxista que testemunhou a agressão, a polícia prendeu no sábado o estudante de direito Felipe Macedo Nery Neto, 20. Ele admitiu o espancamento, disse que o grupo pensava que a vítima fosse uma prostituta e deu os nomes dos demais rapazes. Foram presos então Júlio Junqueira, 21, dono de um quiosque na praia da Barra e estudante de gastronomia, e Leonardo de Andrade, 19, técnico em informática.Ontem, quando negociava a apresentação do filho à polícia, na 37ª DP (Ilha do Governador), o empresário Ludovico Bruno tornou-se vítima de um conflito na Ilha do Governador entre a PM e traficantes.Por volta das 9h, o empresário estava em um banco, na entrada, quando o local foi metralhado. Uma das balas atingiu suas pernas de raspão. "Não morri porque Deus não quis."

Contratado pelo empresário José Maria Souza Mota, patrão de Sirlei, para representá-la, o advogado Marcus Fontenele disse que entrará na Justiça contra os suspeitos com uma ação civil por danos morais, físicos, estéticos e financeiros.
De acordo com o delegado Carlos Augusto Pinto Nogueira, Nery Neto é o único dos quatro presos que mantém uma "postura agressiva". Os demais dizem estar arrependidos e não param de chorar. O delegado indiciou os cinco por tentativa de latrocínio.O advogado de Andrade, Paulo Scheele, disse que seu cliente não participou do espancamento. A Folha não conseguiu ouvir pais e advogados dos demais. (SERGIO TORRES, MALU TOLEDO e MÁRCIA BRASIL)


"Existem crimes piores", diz pai de jovem agressor
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O microempresário Ludovico Ramalho Bruno, 46, disse acreditar que o filho Rubens Arruda, 19, estava alcoolizado ou drogado quando participou do espancamento da empregada doméstica Sirlei Pinto. "Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa?", perguntou ele após ter sido vítima de um tiroteio na delegacia. Dono de uma firma de passeios turísticos marítimos, Bruno afirmou que o filho não deveria ser preso, para não conviver com criminosos na cadeia. "Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi.

Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores." Se forem indiciados, os acusados vão responder por tentativa de latrocínio (pena de 7 a 15 anos de prisão em caso de condenação) e lesão corporal dolosa (de 1 a 8 anos de prisão).


Folha - O sr. acredita na acusação contra seu filho?

Ludovico Ramalho Bruno - Eles não são bandidos. Tem que criar outras instâncias para puni-los. Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores.

Folha - O sr. já falou com ele?

Bruno - Não. É um deslize na vida dele. E vai pagar caro. Está detido, chorando, desesperado. Daqui vai ser transferido. Peço ao juiz que dê a chance para cuidarmos dos nossos filhos. Peguei a senhora que foi agredida, abracei, chorei com ela e pedi perdão. Foi a primeira coisa que fiz quando vi a moça, foi o mínimo que pude fazer. Não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento desses garotos.

Folha - O sr. acha que eles tinham bebido ou usado droga?

Bruno - Estamos com epidemia de droga. A droga tomou conta do Brasil. O inimigo do brasileiro é a droga. Tem que legalizar isso. Botar nas farmácias, nos hospitais. Com esse dinheiro que vai ser arrecadado, pagar clínicas, botar os viciados lá, controlar a droga.

Folha - Mas o sr. acha que eles poderiam estar embriagados ou drogados?

Bruno - Mas é lógico. Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa? Lógico que não. Lógico que estavam embriagados, lógico que podiam estar drogados. Eu nunca vi [o filho usar droga]. Mas como posso falar de um jovem de 19 anos que está na rua numa epidemia de droga, com essas festas rave, essas loucuras todas.

Folha - Como é o seu filho em casa?

Bruno - Fica no computador, vai à praia, estuda, trabalha comigo. Uma pessoa normal, um garoto normal.




Comentário:

Quando se trata de Pobre, Preto, Prostituta, tudo vale no país da classe média fascista. Vale espancar, roubar, agredir a honra (aliás, quem disse que para os moçoilos e seus papais existe honra em pobre? Para eles, honra é privilégio de quem tem status, não é mesmo?). Tanto é verdade, ficamos sabendo, que o doce de coco que espancou covardemente uma pessoa frágil (que se dirigia ao médico) "tem caráter, estuda". E, lógico, não pode ser misturado aos "bandidos", pois certamente será estuprado na prisão, para falar o mínimo. Tem caráter....tem caráter...tem caráter...a frase bate na consciência filosófica como uma tapa : caráter é um dos elementos essenciais da moral kantiana. Depois, no século 20, foi analisado por E. Mounier (O Tratado do Caráter) e finalmente exposto, na sua crueza, por Richard Sennet: A Corrosão do Caráter.

Na verdade, a coisa é mais comezinha e brutal. Tenho um amigo sociólogo e economista de primeira plana que me disse, tempos atrás, depois de mesa redonda que partilhamos: o certo é que a classe média brasileira, ou o que se entendia por ela (trata-se de conceito difícil, em todos os sentidos, mas a realidade empírica é patente), com o modelo de desenvolvimento econômico (?) dos últimos tempos, desde pelo menos o final do governo militar, está perdendo as gorduras, acumuladas na era do Estado forte e do Brasil pequeno em termos urbanos. Quem tinha "gorduras" (casa, apartamento, casa de praia, terrenos, poupanças, etc. ) na classe média, as está gastando rápido devido ao desemprego, à veloz modificação tecnológica com padrões de consumo exigentes (não mais se trata de comprar eletrodomésticos americanos, como na era Dutra, mas de objetos caros e que dão visibilidade), modas, restaurantes, tudo acima do nível das entradas mensais. Os pais se penduram em dívidas, ficam desempregados e imaginam manter as aparências a todo custo. A todo custo. Os filhotes, todos com muito caráter, de compradores das drogas passam, muito rápido, a vendedores. partilhando o destino dos "sem caráter ou estudo". Note-se que os bonitinhos agrediram PARA ROUBAR. E quem rouba, nestas condições, é porque não tem dinheiro para pagar as suas necessidades, sejam elas físicas ou imaginárias. Enfim, os docinhos de coco são entes duplos: de classe média, estudam e podem ter acesso às benesses sociais, políticas, econômicas. Eles ainda não descobriram o filão petista, por enquanto aberto apenas aos "companheiros". Mas há um encontro no meio do rio, das águas: os "companheiros", também à mingua de recursos lícitos, aceitam jipes presenteados, pegam milhões de empréstimos sigilosos, etc. Tornam-se ilegais e seguem à margem dos procedimentos visíveis e justificáveis. Os moçoilos da classe média assumem a ilegalidade para cobrir um modus vivendi acima dos padrões do contra cheque de papai ou mamãe: a roupa de marca é cara, os carros mais ainda, a TV, os restaurantes, as namoradas, etc. Alguém paga a conta, pois como dizem os norte-americanos, sábios em muitas coisas que ignoramos, não existe almoço grátis. E a sugestão do papai, para que as drogas sejam legalizadas? É possível assumir várias atitudes em relação ao problema. O argumento Ad hoc do genitor magnânimo é evidente. O filhotinho deve ser tratado como doente, não como criminoso. Ah! O mesmo papai diz, ele é "uma criança". Se é criança, o que fazia ele, altas horas da noite, embriagado em companhia de seus iguais? Papai estava nanando? Que sono pesado!

Em todo caso de violência, roubo, etc. é importante usar a misericórdia. Não desejo que os rapagões torturadores sejam torturados no xilindró. Desejo acreditar que estejam de fato arrependidos. Quero o seu retorno ao trato civil, sobretudo em se tratando do que estuda DIREITO. Mas a entrevista de papai mostra a origem dos males. É sempre o raciocínio dos que vivem nos porões da Casa Grande: disciplina? Só para os de baixo. Prisões? Só para os de baixo. Respeito? Só para os que "não têm caráter".

Onde estão os que botaram fogo no indio Galdino? Coitadinhos! A notoriedade sumiu, absolvendo o seu ato.

Isto é Brasil. Isto é fascismo. Isto é falta de lei e de efetiva democracia.

No mesmo dia, na mesma edição de jornal (Folha de São Paulo), os que seguem os preceitos democráticos podem ler as seguntes frases, dignas de um país com tradição ditatorial (no século 20, sofremos sob duas ditaduras, é bom lembrar), pronunciadas por alguém que deveria zelar pelo Estado de Direito, mas que não faz por seguir ordens do "governo companheiro" :" A privacidade é garantida na Constituição, como também há garantias constitucionais para a vida, o patrimônio público e pessoal. Não há valores absolutos quando estão em questão interesses sociais" (Paulo Lacerda).

Atenção! Alerta! Com tal pensamento jurídico, logo os "interesses sociais" determinarão quem merece, ou a quem deve ser negada as garantias da Lei. Os jornalistas que servem como linha auxiliar de semelhantes procedimentos, leiam alguns volumes das histórias "revolucionárias" (de esquerda ou direita). Os que operam como linha auxiliar são os primeiros a serem fuzilados. E bem merecem tal sorte.

Roberto Romano

Sartre e a Tropa de Choque: O Silêncio dos Inocentes

Segue abaixo uma reflexão escrita pelo antigo aluno da Unesp
Ronan Gomes Gonçalves, recebi por e-mail do professor Luís Antonio Groppo:

Sartre e a Tropa de Choque: O Silêncio dos Inocentes
Ronan Gomes Gonçalves

A Unesp de Araraquara entrou para a história. Há bons anos atrás o campus caipira promoveu evento acadêmico com notáveis dentre o público e com outro grande notável, - intelectual e esquerdista-, que entrou para a história da filosofia mundial: Sartre. Aquele grande evento que reuniu a nata da intelectualidade nacional contrasta com o tom cinzento dos professores de hoje e com o outro grande fato histórico: a expulsão dos alunos ocupantes da diretoria da unidade, por intermédio de uma ação efetuada pela tropa de choque, no meio da madrugada. Tempos atrás, a Unesp de Araraquara atraía ônibus de intelectuais e um grande nome do século XX. Hoje, a Unesp de Araraquara atrai ônibus de policiais militares, para depois lotá-los com alunos, numa belíssima excursão rumo à delegacia. Será que de tanto pesquisar as condições sociais em seu redor as chefias acadêmicas da Unesp de Araraquara decidiram copiar os métodos de gestão levados a cabo pelos latifundiários e usineiros da região?
Mas nem só de Sartre, Antônio Cândido e Fernando Henrique Cardoso, assim como, nem só de tropa de choque vive a Unesp de Araraquara. Nos últimos tempos temos visto ser criada uma corrente de opinião e uma prática gestorial de criminalização das lutas estudantis dentro de toda a Unesp. Se a Unesp de Araraquara se destacou ao trazer ao seu recinto um intelectual do porte de Sartre, não é pioneira com relação à tropa de choque. Desde a gestão do antigo reitor Trindade que a tropa de choque foi incluída como elemento do diálogo com as lutas estudantis. Foi tal reitor que se preocupou em transferir as reuniões do Conselho Universitário para cidades mais afastadas, procurando, assim, evitar que lá chegassem os estudantes e, ainda, incluiu a tropa de choque nas portarias dos prédios onde se realizavam tais reuniões.
O que é curioso, realmente curioso, é o fato de a vinda de Sartre ter se tornado objeto de pesquisa, enquanto a prática de inclusão da tropa de choque no diálogo com as lutas estudantis nunca ser objeto de estudo. Para Sartre, eventos comemorativos, dissertações, teses, publicações. Para as lutas estudantis, não há um único grupo de pesquisa em toda a universidade, desconhecem-se dissertações e teses, publicações, etc. A prática de repressão e criminalização das lutas estudantis dentro da Unesp tem sido corroborada com o silêncio dos inocentes. Das várias entidades estudantis, dos vários grupos de pesquisa, dos milhares de pesquisadores, não há um único eco das botas e cassetetes, dos gritos e palavras de ordem, do trabalho de formiga efetuado pelos que resolveram não abaixar a cabeça e reivindicar coisas tão simples e necessárias como moradia, almoço, transporte, livros. A memória das lutas estudantis e dos problemas que ela encerra é levada acabo pela própria luta. Daí que tais lutas possuam, além de um incomensurável valor pedagógico, a capacidade de preservar minimamente uma memória coletiva.
A falta dessa memória incapacita pessoas alheias às lutas estudantis de se aperceberem de fatos nunca mencionados nos sites e jornais. A repressão na Unesp tem atingido os vários campi que sempre se destacaram como locais de luta e resistência. O ostracismo a que a grande mídia condena as lutas estudantis na Unesp impossibilitou à opinião pública ter conhecimento de que essa universidade, a menos elitizada das estatais do Estado de São Paulo, foi palco das mais profícuas lutas que ocorreram nas universidades paulistas nos últimos dez anos. Quem souber, por exemplo, que a moradia estudantil da Unesp de Marília foi fruto de uma ocupação de 4 anos, na qual alunos moraram por esse período em sala de aula – resistência para Mandela nenhum botar defeito-, talvez se assuste de sua própria ignorância dos fatos.
Os campi da Unesp de Araraquara, Marília, Franca, Assis, Presidente Prudente, Bauru, São Paulo, sempre se destacaram enquanto locais de lutas estudantis. São justamente os campi que alojam os cursos de humanidades e licenciaturas, para os quais acorre uma parcela mais precarizada de alunos, muitos deles beneficiados com as isenções de vestibular distribuída pelo Estado e, portanto, necessitados da política de inclusão universitária, consubstanciada nas bolsas para alunos carentes, moradias, subsídios em restaurantes universitários, transporte, etc. Foram esses estudantes que ao longo dos anos, tal qual no exemplo da moradia de Marília, obrigaram as chefias egoístas da universidade a criarem políticas de inclusão universitária, possibilitando, minimamente, que os alunos carentes sócio-econômicamente pudessem realizar seus cursos e não abandoná-los, como gostaria uma parcela ressentida. A Unesp de Araraquara se inseria num amplo espectro de mobilização e lutas estudantis.
Para a realização dessa mobilização vários fatores contribuíam. Um, muito importante, era o acesso aberto que os alunos tinham com relação à infra-estrutura da universidade. Na gestão do antigo reitor Antônio Manoel, 1999 em diante, desbravou-se movimentos de ocupação por moradias estudantis em vários campi: Araraquara, Marília, Assis, Rio Preto, Bauru, São Paulo, Presidente Prudente. Essas ocupações eram reforçadas com encontros de moradia, também encontros mensais dos estudantes, os chamados Encontros de Entidades Estudantis da Unesp. Ainda, havia muitas viagens para protestos na capital paulista, local onde se encontra a reitoria. Todas essas viagens eram facilitadas pelo fato de os alunos poderem utilizar os ônibus de cada unidade. As ocupações de reitoria eram feitas utilizando os ônibus das faculdades para irem até São Paulo. Os alunos se alimentavam (lanche de mortadela, queijo – o X-luta) com a ajuda de custo que eles conseguiam das direções para as viagens, idem dos sindicatos, alguns professores. Os alunos conseguiam obrigar as chefias das distintas faculdades a fornecerem os meios materiais para eles fazerem a sua luta. Assim como elas fornecem a estrutura para as empresas hoje, para os gestores do poder público, etc.
Não só os ônibus eram utilizados livremente pelos estudantes, mas também as salas e os espaços, para alojarem os congressos, as reuniões, as festas que arrecadavam fundos, os eventos de discussão política e discussão pública, as salas de vídeo, os laboratórios de fotografia. Com auxílio das chefias, os alunos faziam jornais, fanzines, eventos culturais, de poesia, musica, etc. Os alunos da Unesp, por comparação com os da USP e Unicamp, têm a distância entre os campi a vencer se quiserem se mobilizar de forma mais coletiva, e para isso a utilização da infra-estrutura da universidade era essencial, tudo o que contribua para ampliar os laços entre os estudantes é bem vindo. Lugar para os alunos de outros campi dormirem, meios de transporte, etc. Naqueles anos, os alunos não necessitavam de autorização de professor para solicitar a utilização de ônibus, salas, vídeos, câmeras, e nem eram obrigados a ter um professor acompanhando as viagens. As festas não eram proibidas e a maior abertura dos campi possibilitava um trânsito mais livre de estudantes entre as várias unidades. A própria Unesp de Araraquara alojou um encontro geral de estudantes em 1999 que não seria permitido hoje.
Num tempo em que o PT não estava ainda no poder, a UNE não era um departamento governista como hoje e os alunos, vez por outra, podiam contar com alguma ajuda material numa excursão de protesto que servia para eles irem estreitando os seus laços, fazendo suas lutas. A UNE hoje é uma subsecretaria do Ministério da Educação e junto com a UEE recebe somas vultosas do governo e anda angariando patrocínio de parceiros de luta como o Santander. Aliás, esse mesmo Santander andou patrocinando evento anticapitalista, onde se discutiria teoria crítica, na Unesp de Marília.
A limitação de acesso estudantil às infra-estruturas da universidade, que não foi combatida por nenhum professor - em sua ânsia egoísta de controlar tudo -, foi um dos aspectos contribuintes para o desmoronamento de um forte movimento estudantil. A proibição de realizar festas, encontros, eventos, o fim do patrocínio para as publicações estudantis, tudo isso foi fator importante para desalojar os estudantes de uma verve institucional mais ácida. A batida em retirada num sentido governista e/ou empresarial das entidades estudantis, a saída normal, dado a formatura, dos alunos mais empenhados nas lutas estudantis, a ausência de associações de ex-alunos, a vaidade que impede que os alunos existentes convoquem antigos alunos para falarem de suas experiências de luta, a inexistência de pesquisas sobre as lutas estudantis, projetos que preservem tal memória somaram-se a esses dados.Como os campi com maiores incidência de luta eram os campi de humanas, buscou-se, com a expansão de vagas a partir de 2003, introduzir cursos de exatas e biológicas, ou cursos mais caracterizadamente mercadológicos nesses mesmos campi. O aumento da heterogeneidade sócio-econômica e cultural, a falta de tradição de luta desses novos membros e a presença de uma clientela sem problemas econômicos foi fator decisivo para esmorecer os processos de luta.Essa expansão não seguiu apenas critérios pedagógicos.
A Unesp de Araraquara está numa linha fascista já faz uns dias. Foi lá que a Congregação baixou decisão proibindo manifestações de alunos, distribuição de cartazes, etc. O Diretor, para fazer o que fez, está muito bem respaldado num professorado elitista, egoísta e conservador. Professorado que há tempos vem buscando a guetificação das unidades universitárias, seu desligamento com os movimentos sociais, o acentuamento da hierarquização, o controle exclusivo sobre as estruturas. Estão, por sua vez, auxiliados por uma parcela de alunos conservadora e egoísta nos campi, que desejosos de servirem o mais rápido ao capital, servos voluntários, ressentem-se de qualquer de seus pares que pensem e façam diferente.
O mais problemático é perceber na Unesp o fim de uma cultura de união entre os alunos mais pobres. Uma imagem vem-me sempre à mente: a saída conjunta de todos os estudantes da moradia estudantil da Unesp de Marília para participarem de uma reunião com a então vice-diretora da unidade, em 1999, quando a direção pretendia expulsar um aluno da moradia. Não vou me estender em minúcias, basta citar que nesse dia - único na vida -, os estudantes chegaram a fazer a gestora chorar dado o teor do debate e do confronto verbal. No mesmo ano de 1999, dado a possibilidade de a tropa de choque ir desalojar os estudantes do campus de Rio Preto que estavam ocupados na luta por moradia, alguns alunos da Unesp de Marília juntaram suas moedas e foram a Rio Preto prestar solidariedade aos seus pares. Ou lembrar dos colchões e mantimentos, também da ajuda financeira, que o movimento de ocupação de 1999 em Marília recebia de vários alunos, funcionários e alguns professores.
Nos últimos anos as moradias estudantis têm perdido a cultura de identidade que possuíam, perdido também o orgulho de serem os alunos mais precarizados que contra tudo e contra todos conseguiram passar pelo filtro sócio-econômico que é o vestibular das universidades estatais. Nunca mais vi camisetas como aquela que dizia: Sou da Moradia, Sim Senhor e que, ao lado do desenho das casas existentes, tinha desenhado as futuras moradias, que a luta estudantil ia conseguir e conseguiu. Sumiram as festas com objetivo de sociabilididade e grassam as festas com objetivo de ganhos monetários, onde a classe média pode se distinguir por poder pagar os ingressos cobrados. Passa a contar a roupa de grife, a detenção de cursos de língua, praticas culturais elitistas como rapel, tênis. Os alunos pobres deixam-se envergonhar por serem pobres, abraçam a perspectiva dos mais bem nascidos, aceitam, como ocorreu numa festa da Relações Internacionais em Marília, que seguranças a serviço de tais alunos espanquem dois alunos pobres. Será que se fossem filhos de um promotor, um gerente de banco, os seguranças teriam agido tão tranqüilamente e os estudantes teriam dado a ordem tão facilmente?
A tropa de choque em Araraquara é apenas o aspecto de um amplo processo. Muitos poderão, tranqüilamente, refazer as suas consciências. O papel da tropa de choque é bater, o dos policiais reprimir. Mas para que a tropa de choque venha desfilar onde antes desfilou Sartre, muita coisa há de mudar. Como lembrou um professor da Unesp de Marília, a policia que hoje está voltada para os estudantes pode estar voltada, a futuro, contra os próprios professores. Quem duvida disso deve ler o memorial do Maurício Tragtenberg, ou Florestan Fernandes, no O Livro Negro da USP. Saber, por exemplo, que alguns professores da rede estatal fundamental e média foram exonerados depois da greve de 2000. Nesta hora seria interessante imaginar o que diria Sartre diante de tal fato. Por enquanto é rezar: volte Sartre, volte!

Monday, June 25, 2007

A volta das bestas feras e a banalidade das ações

A volta das bestas feras e a banalidade das ações

São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007 - Folha de São Paulo

Jovens de classe alta são acusados de agredir doméstica
Três rapazes (dois deles estudantes de direito) moradores da zona oeste do Rio foram detidos; 2 ainda são procurados
Sirlei Pinto contou que foi atacada no ponto de ônibus, na madrugada de ontem, quando seguia para uma consulta médica
MALU TOLEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32, foi espancada e roubada na madrugada de ontem por cinco jovens na zona oeste do Rio de Janeiro. Os suspeitos são moradores de condomínios de classe alta na Barra da Tijuca, também na zona oeste. Três deles foram presos e dois continuam foragidos.
Sirlei relatou à polícia que estava em um ponto de ônibus da avenida Lúcio Costa, na Barra, perto do apartamento onde trabalha e mora, por volta das 4h30 -ela tinha saído cedo para ir a uma consulta médica-, quando cinco rapazes desceram de um Gol preto.
Os jovens começaram a xingá-la, arrancaram a sua bolsa e começaram a chutá-la na cabeça e na barriga. A agressão foi testemunhada por um taxista que passava pelo local.
Eles também são acusados de ter levado pertences de Sirlei, como o telefone celular e a carteira, que tinha R$ 47.
Após a agressão, Sirlei Pinto conta que foi até a casa onde trabalha e pediu socorro.
Pelo número da placa do Gol, anotada pelo taxista, a polícia localizou Felipe Macedo Nery Neto, 20, estudante de direito.
Ele foi preso e, segundo a polícia, confessou a agressão e forneceu os nomes dos outros quatro acusados.
A partir das informações fornecidas por Nery Neto, foram presos Leonardo de Andrade, 20, técnico de informática, e Júlio Junqueira, 21, estudante de direito.
Na delegacia, Sirlei reconheceu os agressores, depois de ter recebido atendimento médico no hospital Lourenço Jorge, que fica na Barra.
Em depoimento, de acordo com a polícia, os rapazes detidos confessaram as agressões a Sirlei, mas não disseram o motivo da violência.
Os jovens afirmaram que estavam voltando de uma festa, mas, segundo o delegado, não estavam alcoolizados nem drogados. Foi encontrada dentro do carro uma garrafa de metal usada para colocar bebidas.
Os familiares dos jovens presos que estiveram na delegacia não quiseram dar entrevistas e se negaram a comentar as acusações da doméstica.

Foragidos
Ainda estão foragidos Rodrigo Bassalo, 20, e Rubens Arruda, 19 -ambos também são estudantes de direito.
Segundo o delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, responsável pelo caso, as famílias de Bassalo e Arruda já disseram que eles vão se entregar. Mesmo assim, diz o delegado, as buscas continuam.
Sirlei reconheceu os dois por fotos e deve voltar à delegacia quando eles forem presos, para novo reconhecimento.
"Eles vão ficar presos até acabarem as investigações, o que vai ser rápido. Eles pediram com certeza [o habeas corpus]. A vítima ficou muito machucada, com o rosto destruído e o corpo todo inchado", disse o delegado.
Se forem indiciados, os acusados vão responder por tentativa de latrocínio (pena de 7 a 15 anos de prisão em caso de condenação) e lesão corporal dolosa (de 1 a 8 anos de prisão).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2506200711.htm
Comentário:
Vivemos momentos de barbárie e degradação das nossas relações políticas, éticas, sociais e morais – a ausência de parâmetro e noção de valores é gritante na sociedade brasileira – Exemplos sãos os jovens bestas feras, idiotas e ditadores fascistas e nazistas acima que são acusados de agredir a empregada doméstica. As desculpas dos idiotas e bestas: pensamos que ela fosse uma prostituta. Isso não é desculpa e esse não é o problema. Independente da profissão e da opção de vida todas as pessoas têm direito de viver com dignidade e respeito.

Daner Hornich

Sunday, June 24, 2007

Quem são os coveiros da universidade?

Retirado do blog do Reinaldo Azevedo:

Os coveiros da universidade

Excelente um artigo publicado no Estadão deste sábado por Marco Aurélio Nogueira, professor de Teoria Política da Unesp, sobre o, digamos assim, “movimento estudantil”. Segue abaixo.
*
A universidade sempre foi um espaço de luta, debate e reflexão. Um lugar para se pensar o mundo, pesquisar, aprender e estudar, seja no sentido básico de acumular conhecimentos, produzir ciência e adquirir melhores estruturas reflexivas, seja no sentido de agir sobre a vida e revolucioná-la.

A articulação entre seus objetivos fundamentais - lutar por justiça e igualdade, fazer pesquisa, estudar - constitui a razão de ser da universidade, aquilo que a distingue como instituição. Quebrada a conexão, desfaz-se a magia.

O ideal de uma comunidade de professores e estudantes sempre figurou entre as grandes utopias universitárias. Uma universidade de qualidade, que desempenhe uma efetiva função pública, não é só uma instituição com bons docentes e boa estrutura física. Também existe como estado de espírito, cultura, disposição intelectual, procedimentos.

Mas o que é fácil de ser encontrado nas cartas de intenções e nos discursos de praxe nem sempre se traduz adequadamente em termos práticos. Não é porque se defende um ideal comunitário que uma comunidade passa a existir. Ela nunca está pronta; precisa ser construída e reconstruída dia após dia, num processo que não se encerra jamais. Além disto, nem toda comunidade é virtuosa. Há comunidades que se sustentam em mecanismos repressivos, verticalizados e unidimensionais, nas quais o consenso é imposto, em vez de nascer do entrechoque das opiniões e da livre movimentação das pessoas.

Ainda que estejam do mesmo lado e se devam afinar quanto às finalidades da universidade, docentes e estudantes nem sempre caminham juntos. Podem divergir em muitos pontos, até porque estão separados por abismos geracionais e também porque se relacionam de modo distinto com a instituição. Aquilo que é, para a maioria dos professores, causa profunda e permanente, para a imensa maioria dos estudantes é um meio de se projetar para outros ambientes e continuar a vida. Há muito combustível para que professores e alunos entrem em atrito.

O sucesso de uma “boa” comunidade repousa na capacidade de fazer com que os atritos sirvam para fortalecê-la, em vez de miná-la, coisa que só pode acontecer se os integrantes dispuserem de uma vida coletiva livre, aberta, dialógica. Sem isto as questões não são processadas democraticamente e as soluções deixam de refletir o interesse das maiorias.

A universidade democrática e de massas do século 21, especialmente nos países periféricos, tornou-se também um espaço de assistência e proteção, recursos com que se busca viabilizar o estudo dos menos privilegiados e dos que enfrentam maiores dificuldades para se manter ao longo dos cursos. Trata-se de uma generosa e necessária ampliação dos princípios universitários, sem o que a universidade se elitizaria de modo inadmissível. A assistência, porém, converteu-se rapidamente num fim em si mesmo. Passou a ser reivindicada por todos e convertida em “direito” de todos, não somente dos que dela efetivamente necessitam. Deste modo, tornou-se muitas vezes mais relevante que os próprios fins específicos da universidade. Chegou-se assim à versão atual, que enfatiza a concessão em cascata de benefícios e subsídios, aumentando o privilégio dos privilegiados.

O problema é que a universidade, hoje, não dispõe de consensos a respeito de como encaixar a “permanência estudantil” em seu dia-a-dia. Sabe que precisa lutar por isto, mas não sabe de que modo e com que idéias fazê-lo. A articulação entre pensamento e ação está falhando.

Não se luta mais por idéias, mas por “direitos”. O foco não é mais qualidade de ensino, bons professores e bons cursos, mas boas notas, diplomas, carreiras e prestígio. Na maioria das vezes se luta por coisas direcionadas para melhorar a posição relativa de certas pessoas, não o funcionamento institucional, muito menos a vida de todos, o ensino e a pesquisa.

Mas, ora, dirão, por que não lutar pelas duas coisas, idéias e direitos? Nada contra, seria mesmo o certo. Mas desde que não se jogue fora uma delas para dedicar energia total à outra. Na agenda acadêmica de hoje cabe tudo, sem qualquer hierarquia ou critério. A pauta está invertida, os fins sendo engolidos pelos meios.

A agitação estudantil atual, movida a “radicalismo” midiático sem alma, bem como os professores que a ela se nivelam ou nela pegam carona, agarra-se ao assistencialismo para disfarçar sua dramática falta de densidade e de representatividade. Segue um caminho quase suicida, no correr do qual vai destruindo precisamente aquilo - a universidade como espaço de idéias, a razão crítica - que poderia ser sua força e sua plataforma de lançamento para o futuro. Em vez de salvadora da universidade, atua como seu coveiro. Seu único oxigênio é a “desobediência”, não a “alternativa”. Não é, na verdade, um movimento, mas um espasmo caricato, sustentado por uma sensação de força e pela inércia das instituições. Na sua base, uma massa estudantil que verbaliza, sem falar, um mal-estar gritante. A “maioria silenciosa” de hoje não é passiva: é um grito de alerta, que denuncia a irrelevância das cúpulas estudantis e das rotinas institucionais - por que brigar para ter aulas se dá para estudar de outro modo? - e desnuda o desconforto de toda uma geração, perplexa diante de um mundo de excessos e carências abissais. Ela, no fundo, está sendo levada ao silêncio pelo autoritarismo agressivo daqueles que dizem falar em seu nome.

Esta agitação não tem legitimidade e não interage com os estudantes, e nisso, tragicamente, repousam as melhores esperanças de uma “normalização”. Mas a crise por que passam as universidades públicas brasileiras - e, dentro delas, especialmente as escolas de humanidades - não é uma ventania de primavera. Justamente por isso, precisa ser enfrentada de peito aberto, de modo que seus principais agentes possam ser desmascarados, combatidos e neutralizados.

Marco Aurélio Nogueira, professor de Teoria Política da Unesp, é autor, entre outros, dos livros Em Defesa da Política (Senac, 2001) e Um Estado para a Sociedade Civil (Cortez, 2004) E-mail: m.a.nogueira@globo.com

Comentário: uma lembrança do Manifesto Comunista do Marx e do Engels de que todas as classes sociais dominantes visavam à conservação dos antigos modos de produção e do conjunto das relações sociais. Formas sociais essas que aparecem como normas eternas, imutáveis, respeitáveis – imagine isso dentro da universidade esgarçada por um modo "elitista" de se pensar a manutenção do poder e da dominação dos antigos modos de produção e seu conjunto das relações sociais - quem são os coveiros da universidade?

Teu nome é fascismo.

Saiu no blog do Professor Roberto Romano:

Sábado, Junho 23, 2007
Um pequena discordancia...
“Uma sociedade de ovelhas costuma dar lugar a um Estado de lobos”. José Manuel Moreira, em artigo publicado no Blog Pérolas, de Alvaro Caputo.

Comentário:

Tenho dúvidas sobre a frase acima. Um Estado de lobos reproduz uma sociedade de lobos, é o meu sentimento. E nisto estou com a mais importante pensador ético e político do Ocidente, Platão. O filósofo, na República, mostra que a democracia sem freios, na qual a lei é desprezada, resulta em tirania em ordem direta. Se nas ruas de Atenas os cavalos eram livres, e os transeuntes não tinham direitos (basta ler a República na análise do regime democrático), nas ruas brasileiras os cavalos que dirigem muitos cavalos no motor agem de modo idêntico. São tiranos que matam no trânsito, roubam nos impostos, acham normal passar por cima das leis. E merecem, portanto, um governo tirânico, mesmo porque nele votam imaginando vantagens. Votaram em todos os tiranetes do século 20 e 21. Até Lulla, que antes desprezavam, mereceu duas vezes o voto de semelhantes lobos.

Mas falamos de uma raça peculiar de lobos, os domesticados pelos 500 anos de Casa Grande. São lobos covardes que bajulam os poderosos e pisam nos humildes. Lobos sarnentos, desdentados, mas sempre capazes de surpreender as vítimas, pela astúcia.

Sociedade brasileira: teu nome é vergonha e decrepitude.

Hoje à tarde, por volta de 16, 30 estava eu na fila para ingresso no estacionamento com manobrista do Shopping Iguatemi, da Av. Faria Lima, em São Paulo. O movimento era grande, de modo que a espera na fila se prolongava. De repente o carro que estava na traseira do meu arranca, com perigo de vida para crianças, adultos, velhos, manobristas e gente rica (não importa a classe no momento) e passa para o primeiro lugar da fila. Não pude ir atrás do calhorda brasileiro, porque o meu carro era o quarto na fila. Dada a distância, também não pude ver o número da chapa. Detalhe: o manobrista que passava pelo meu carro, apenas disse, desconsolado: "o senhor vê como estas pessoas fazem?". Perguntei se era frequente o comportamento canalha. "Infelizmente, senhor, é muito comum".

Na escada rolante do mesmo Shopping, no mesmo dia, um rapagão sarado joga sua bolsa de plástico, cheia de jeans, etc., contra minha mulher. Pede "desculpas", rindo com deboche, pouco se importando com o fato de uma pessoa ficar desequilibrada em escada rolante. Nenhum gesto de ajuda, só o riso podre enquanto ela se equilibrava a duras penas. O esporte do f.d.p. é empurrar, e rir como hiena.

E assim prossegue a crônica das "ovelhas" do Brasil. Na verdade, a maior parte delas se conforma nos aeroportos, por cumplicidade : são apoiadoras de Marta Suplicy e quejandos.

Sociedade brasileira: teu nome é vergonha e decrepitude.

Teu nome é fascismo.

Roberto Romano

Thursday, June 21, 2007

PEDRINHAS DAS BANANAS II

PALAVRAS DE ORDEM – PEDRINHAS DAS BANANAS II

Ouvir alguns “nobres vereadores” na Câmara Municipal de Perdinhas das Bananas causa estranheza aos ouvidos das pessoas que visualiza o mínimo de democracia nas suas ações e palavras.
Alunos da “Escola Superior dos Camponeses dos Pés Calçados” em passeata contra as medidas do Governador Serra Serra do Vovó do Estado “Carro Forte” da Nação – desfilando e se movimentando próximo da Câmara Municipal gritavam palavras de ordem segundo o “nobre vereador” Borba Gato com o seguintes dizeres: O presidente da câmara está para nos receber? – Não! Os políticos são ladrões? – Sim! E outras frases e ditos de escândalo aos ouvidos dos “nobres vereadores”.
As palavras cantadas ou gritadas ao som do meio dia foram ditas ao sabor do vento que congela o coração e a mente dos homens de boa vontade dessa terra manchada de injustiça, corrupção, exclusão, desigualdade, escravidão, despotismo, oligarcas, coronéis e outros verbetes que compõem o cenário político brasileiro.
Os guardiões – representantes do povo soberano – ficaram revoltosos com as ditas palavras de ordem contra o poder estabelecido daquela “Casa de Leis” e começaram com suas palavras de desordem plantar a discórdia no meio da democracia, com os seguintes argumentos: gravamos tudo! Isso não é ameaça! (Isso é controle da ordem).
Na escola da roça – naquele banco de escola que sentei aprendi a respeitar o Poder Hierárquico Estabelecido, coisa que esses irresponsáveis estudantes não aprenderam e nem vão aprender na Universidade – pois esses estudantes são do lema que anuncia muita bebida e pouca pesquisa.
Pedrinha das Bananas me encanta – trechos da Bíblia são proclamados na “Casa de Leis” – o estado laico se confunde com o religioso e até um pequeno sermão é pronunciado em tom maior – me oriente Senhor para saber fazer as coisas com retidão e saber fazer as coisas da melhor forma possível sem reclamar daqueles que nada sabe e muito menos faz, como é o caso do prefeito que só quer aparecer em obras que brilha aos olhos da população, mas não é capaz de pensar e realizar algo de estratégico para os lugares menos vistos aos olhos hipnotizados da população, exemplo: é a saga do anel I viário de Pedrinhas das Bananas (local de roubo, terror, medo e vergonha) e a Estrada das sombras de uma via (só da morte) que liga Pedrinhas das Bananas ao bosque de Charquepiada, com mais de uma vitima por semana.

Daner Hornich

Wednesday, June 20, 2007

Corrupção Palaciana elimina o cidadão brasileiro do mapa

O Brasil mostra a sua cara no cenário nacional e começa indicar quem é o seu sócio (os bandidos de colarinho branco, um velho jargão) e o seu negócio (corrupção palaciana) com os bandidos que governam o Estado Democrático De Direito eliminando o cidadão brasileiro do direito de viver com dignidade, justiça e paz a sua cidadania.

Daner Hornich

A razão grega é de fato filha da cidade grega

O advento da polis grega e o nascimento da razão na reflexão de Vernant:
“A razão grega apareceu-lhe assim como solidária de toda uma série de transformações sociais e mentais ligadas ao advento da polis. Ela surgiu em um contexto em que podiam se desenvolver a retórica, a sofística, a demonstração de tipo geométrico, certas formas de história, de medicina, mas não a ciência experimental: uma razão imanente à linguagem, à troca verbal, e que visa agir sobre os homens, a convencê-los ou a persuadir-los mais do que transformar a natureza. Dentro desses limites, assim como em suas inovações, a razão grega é de fato filha da cidade grega” (VERNANT, Entre Mito e Política, 2001, 41).

Daner Hornich

Friday, June 15, 2007

Não agüentamos mais o Lula no governo desse barco

Não agüentamos mais o Lula no governo desse barco, com as suas mentiras, piadas de contos de fadas e lamentações contra a imprensa que foi a sua amiga em tempos de FHC e continua dando mimos para seus afazeres de incompetência e ineficiência governamental com as piores atrapalhadas possível dos seus companheiros trapalhões.

Daner Hornich

Desrespeito ao povo brasileiro

Saiu no site do professor Roberto Romano:http://robertounicamp.blogspot.com/
Sexta-feira, Junho 15, 2007
Gazeta Mercantil
Desrespeito ao povo brasileiro

15 de Junho de 2007 - Teoricamente, o lançamento do Plano Nacional de Turismo, ocorrido quarta-feira no Palácio do Planalto, deveria prestar-se à divulgação de medidas de estímulo a viagens financiadas pelo crédito consignado. Atormentados pelo colapso da aviação civil, pela erosão da malha rodoviária, pelo sumiço das ferrovias, pela inexistência de rumos para o desenvolvimento do turismo, os brasileiros mereciam ser consolados por duas ou três boas notícias.

15 de Junho de 2007 - Teoricamente, o lançamento do Plano Nacional de Turismo, ocorrido quarta-feira no Palácio do Planalto, deveria prestar-se à divulgação de medidas de estímulo a viagens financiadas pelo crédito consignado. Atormentados pelo colapso da aviação civil, pela erosão da malha rodoviária, pelo sumiço das ferrovias, pela inexistência de rumos para o desenvolvimento do turismo, os brasileiros mereciam ser consolados por duas ou três boas notícias.
Em vez disso, foram surpreendidos por mais bofetadas retóricas, que reafirmaram o crescente desrespeito do governo pela gente da terra. A seqüência de agressões à inteligência e ao bom senso foi desencadeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em outro improviso desconexo, decidiu que brasileiro só não viaja com mais freqüência por pura preguiça. "Sair de casa é um estado de espírito", ensinou o presidente.

Nenhuma palavra sobre o apagão que já dura oito meses. Nenhuma vírgula sobre o cenário apavorante forjado pelas multidões nas salas de embarque. Qualquer homem se animaria a enfrentar os piores flagelos se casado com alguém que conheça, como Lula, o ponto G dos viajantes traumatizados pela rotina de horrores. "A mulher tem de acordar e dizer: ‘Amorzinho, vamos’. Se começar o dia xingando, o marido bota o cuecão, fica deitado e não sai", explicou o chefe de governo.

A ligeireza da aula camufla revelações interessantes. O Brasil agora sabe qual é a primeira frase que Lula ouve de Marisa Letícia em dias de decolagem. Sabe, sobretudo, que o Primeiro-Piloto não consegue enxergar o Brasil real.
À discurseira debochada do presidente seguiu-se um show de cinismo protagonizado pela ministra do Turismo, Marta Suplicy. Instada por jornalistas a formular alguma recomendação às vítimas do apagão, Marta mandou um recado aos passageiros retidos horas a fio nos saguões congestionados.

"Relaxar e gozar", sugeriu a sexóloga semi-aposentada. "Eu também tenho sido vítima desses problemas, e sei que depois a gente esquece." Mentiu. Como todos os ministros, Marta desfruta do privilégio de requisitar algum jatinho da Força Aérea Brasileira quando se movimenta pelo País. É cliente da "Fabtur", única empresa áerea do País cujas aeronaves continuam a decolar e pousar na hora combinada. Ainda na quarta-feira, Marta divulgou uma nota oficial em que qualificou de "infeliz" o conselho grosseiro, pediu desculpas e mentiu de novo: garantiu que o governo tem tratado o colapso dos aeroportos com a merecida atenção. As soluções não tardarão, fantasiou. Foi prontamente endossada pelo ministro da Defesa, Waldir Pires. Não há apagão capaz de convencer Lula a afastar ineptos de estimação.

Nem a encarar o País sem a camuflagem dos arcos dos palácios do Planalto e do Alvorada. O apagão aéreo não perturba o presidente e seus ministros simplesmente porque os brasileiros ultrajados em salas de embarque são invenção da mídia, justifica-se o Primeiro Comandante. "O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira?", perguntou. "Só morte, bala perdida", respondeu, para culpar os meios de comunicação pelo fato de os moradores do País preferirem ficar dentro de casa a viajar. O comandante de honra da Aeronáutica não acredita em sons e imagens. Não houve choros e gritos que dominam saguões congestionados de desesperados nos aeroportos. Vôos cancelados, atrasos, controladores de vôo em greve, agentes federais em operação- padrão, nevoeiros? Invencionices. O Grande Homem vive de alucinações. E exime-se de responsabilidade. Até quando?
Apagão aéreo, greve de policiais federais, sanguessugas, mensaleiros. E Lula culpa a imprensa
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 2)

Tuesday, June 12, 2007

Morre o filósofo Richard Rorty, crítico da objetividade

Saiu na folha de São Paulo:

Morre o filósofo Richard Rorty, crítico da objetividade
Influente intelectual norte-americano sofria de câncer no pâncreas e tinha 75 anos; autor de "Verdade e Progresso", entre outros, criticava governo Bush

Pensador que atacava a existência de "verdades" exteriores aos discursos defendia um liberalismo de esquerda reformista

DA REPORTAGEM LOCAL
O filósofo norte-americano Richard Rorty morreu na última sexta-feira, aos 75, em Palo Alto, na Califórnia. Sua mulher, Mary Varney Rorty, anunciou ontem sua morte, causada por um câncer no pâncreas.
Rorty foi um dos mais importantes e influentes intelectuais da segunda metade do século passado, e sua reflexão é marcada, como a de muitos de seus contemporâneos, por uma crítica radical da metafísica. Do ponto de vista político, o norte-americano foi um liberal de esquerda reformista.
A crítica específica de Rorty à tradição moderna da filosofia se dava pela afirmação de que é impossível, para ele, separar um suposto mundo da "mente" (um sujeito do conhecimento) de um mundo exterior.
Conhecimento, portanto, não é a melhor adequação possível de idéias a esse mundo "exterior". Para os filósofos metafísicos e para a ciência, ele dizia, esse mundo serviria para testar ou, ao menos, para impor limites às construções de verdade do mundo da "mente", dos sujeitos.
Para Rorty, é sempre impossível fazer uma distinção entre o que é "dado" e o que é "adicionado pela mente". O conhecimento é, portanto, uma prática social e "conversacional", mais que qualquer reflexo mais ou menos bem sucedido do mundo exterior.
"Não há nenhuma outra base para se decidir o que conta como conhecimento e verdade do que aquilo que seus interlocutores deixarão você dizer numa troca aberta de defesas de idéias, de ataques e razões", disse o filósofo. "Truth is not out there", ou seja, não há verdade a ser encontrada, e ela não existe independente desses discursos, defendia Rorty.
Ele foi bastante atacado e criticado por suas posições, para muitos excessivamente relativistas. O filósofo dizia seguir a tradição do pragmatismo norte-americano, levada adiante por autores como Charles Sanders Peirce (1839-1914) e John Dewey (1859-1952).
Rorty encontrava críticos mesmo dentro dessa tradição, que, embora anticartesiana e defensora de que conceitos (ou melhor, práticas) como "verdade" e "conhecimento" são apenas instrumentos de melhor adaptação ao meio e de sobrevivência, ainda acreditariam em um "mundo lá fora" que restringiria nossas possibilidades discursivas.
Politicamente, dizia ter crescido num ambiente de esquerda crítico do stalinismo. Essa crítica encontraria mais tarde fundamento na sua teoria epistemológica, já que ele dizia que qualquer sistema que pose de desvelador de causas escondidas e sistemáticas para a exploração parte de uma idéia de realidade que, bem, não é real.
Para ele, haveria sempre um aspecto de ironia na defesa, necessária, do liberalismo, já que nenhum dos seus defensores pode afirmar que suas idéias são mais "verdadeiras" que as de seus opositores. Ainda assim seria necessário defendê-las em nome da diminuição do sofrimento no mundo.
Em anos recentes, Rorty fazia críticas à administração de George W. Bush, bem como à pregação de intelectuais antiamericanos. Em português, é possível ler obras como "Verdade e Progresso" (Manole, 472 págs., R$ 98) e "Pragmatismo e Política" (Martins, 134 págs., R$ 29,50). Seus debates com o alemão Jürgen Habermas aparecem em "Filosofia, Racionalidade, Democracia" (Unesp, 270 págs., R$ 37).

Fonte: São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007. Cadeno Ilustrada.

A amizade entre os cidadãos

Em tempos de corrupção, favorecimento e cegueira ideológica do discurso único em terras brasileiras é salutar recordar que a amizade é um dos requisitos para o bem público e democrático do nosso Estado Democrático de Direito, isto é, quando "... lemos em Aristóteles que a philia, a amizade entre os cidadãos, é um dos requisitos fundamentais para o bem-estar da cidade, tendemos a achar que ele se referia apenas à ausência de facções e guerra civil. Mas, para os gregos, a essência da amizade consistia no discurso. Sustentavam que apenas o intercâmbio constante de conversas unia os cidadãos numa polis. No discurso, tornavam-se manifestas a importância política da amizade e a qualidade humana própria a ela (Arendt, Homens Em Tempos Sombrios, 1987, 31).

Sunday, June 10, 2007

Prefeito abandone o seu olhar provinciano

Prefeito abandone o seu olhar provinciano, como argumentou Gilberto Dimenstein (Folha de São Paulo de Domingo, 10 de junho de 2007 no caderno Cotidiano C10) e construa um Anel Viário (lugar de tristeza e indecência, propicio para o banditismo e a roubalheira) decente para Piracicaba – isso é essencial para o desenvolvimento da nossa cidade – tanto quanto as obras que parecem à vista do piracicabano que provincialmente circula pelo centro da cidade e em alguns lugares da periferia, mas que pouco conhece dessa cidade com grande potencial – Não se esqueça da estrada da morte (nessa mesma estrada passa o progresso e o desenvolvimento com os seus caminhões carregados de cana de açúcar e álcool e outras coisas – o sonho do desemprego negativo estampado nas propagandas da prefeitura pelos bairros e centro da cidade) que liga Piracicaba a cidade de Charqueada.


Daner Hornich

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...