Friday, July 20, 2007

Tragédia de Congonhas

Saiu no Blog do William Waack

Tragédia de Congonhas: Brasil vai pagar um preço alto

A tragédia de Congonhas não vai ficar sem conseqüências internacionais para o Brasil. Duas organizações estão averiguando de perto a situação do setor aéreo civil brasileiro, e parecem dispostas a “rebaixar” o Brasil em seus rankings. Uma é a International Federation of Air Traffic Controllers (Ifatca), com sede no Canadá e que está acompanhando o trabalho dos controladores brasileiros.

“Eles acham um absurdo nossas condições de trabalho e o equipamento que somos obrigados a usar”, diz uma fonte entre os controladores de tráfego em Brasília, que pede para não ser identificada.

A Ifatca ameaça fazer uma recomendação de declarar o Brasil como “espaço aéreo perigoso” a uma outra organização que é fundamental para o tráfego aéreo internacional: a International Civil Aviation Organization, a ICAO, que estipula normas, procedimentos, códigos e áreas respeitadas internacionalmente. O Brasil é membro da ICAO desde a sua fundação, logo depois da Segunda Guerra Mundial.

A ICAO faz revisões periódicas da situação de segurança do tráfego aéreo em seus países membros e, a partir daí, emite pareceres que as principais empresas aéreas do mundo obedecem – elas impõe restrições operacionais, por exemplo, se um país for considerado “perigoso”, qualquer que seja o motivo. Recentemente, em fevereiro, a ICAO lançou um alerta sobre a situação de segurança do tráfego aéreo comercial na Rússia, exigindo que normas internacionais fossem cumpridas.

Já é altíssimo o “custo” de imagem para o governo brasileiro – que gosta de afirmar que “nunca antes este país” foi tão ouvido e respeitado lá fora (uma bobagem arrasada seguidamente pelos fatos, aliás). A imprensa internacional dedicou, claro, bastante espaço à tragédia. Mas a “suite” do caso, conforme o jargão jornalístico que designa a cobertura que se segue ao fato inicial, tem sido dedicada à incapacidade das autoridades brasileiras de lidar com a crise aérea.

O “Financial Times” afirma que o desastre de Congonhas tornou mais agudas as “sérias questões” a respeito da capacidade administrativa das autoridades federais; o “New York Times” relata em detalhes o apagão aéreo sob o título “O Brasil exige uma solução para a crise”; o “Der Spiegel” declara que “o governo (brasileiro) mostrou-se incompetente” ao lidar com a mesma crise; o espanhol “El País” qualifica o desastre de Congonhas, ecoando boa parte da imprensa brasileira, de “tragédia anunciada”.

O Brasil entra para estatísticas muito negativas, em termos internacionais: só mesmo a Rússia, notória pela insegurança aérea, teve acidentes de proporções tão grandes em tão pouco espaço de tempo (cerca de 1 ano): 3 deles em 2006. Em dez meses, o Brasil teve dois. Nenhum país entre os considerados avançados, e com muito mais pousos e decolagens do que o Brasil, apresentou números desse tipo.

Esta coluna não faz do governo brasileiro o responsável direto pelas mortes de tantas pessoas. O que esta coluna afirma é que a imagem internacional de incompetência das nossas autoridades não é fruto do imponderável (que ocorre em todo tipo de acidente) nem de má vontade da "mídia". Foi construída ao longo de anos, particularmente nos últimos, por políticos e administradores preocupados consigo mesmos em primeiro lugar, e muito pouco com a coisa pública (clique aqui para ler a cobertura completa do acidente do vôo 3054).

William Waack


Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7420,00.html

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