Thursday, May 01, 2008

A CONDIÇÃO MISERÁVEL DO TRABALHADOR

A reprodução de uma reflexão deste mesmo blog:


A CONDIÇÃO MISERÁVEL DO TRABALHADOR


Às vezes temos em nossas companhias pessoas ilustres para conversar e refletir sobre as condições políticas, sociais, econômicas e religiosas do nosso país, do nosso estado e da nossa cidade que fazem refletir e questionar o nosso imaginário estabelecido.
Um desses personagens é Karl Marx (1818 – 1883) – filosofo alemão – importante interprete da condição humana do mundo moderno e de modo especial – do mundo do trabalho e da condição miserável do trabalhador, com uma “existência animal”, diante das exigências capitalistas.
Numa dessas conversas e reflexões com Karl Marx fiz alguns passeios por suas argumentações que são validas para os nossos tempos na sociedade brasileira ao falar do trabalhador, isto é, “a existência do trabalhador é, portanto, reduzida à condição de existência de qualquer mercadoria. O trabalhador tornou-se uma mercadoria e é uma sorte para ele conseguir chegar ao homem que se interesse por ele. E a procura, da qual a vida do trabalho depende, depende do capricho do rico e capitalista” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 24).
Na sociedade mundial e em especial em nossa sociedade a condição do homem moderno e contemporâneo é a de uma simples mercadoria que dependem dos caprichos dos ricos e capitalistas que exploram, dominam e consumem a força vital corporal e espiritual do trabalhador – que numa situação de precariedade e servidão, são exemplos os nossos cortadores de cana no Brasil e entre outros escravos da tecelagem na China.
Não podemos esquecer do processo de industrialização corrente no mundo que rebaixou o trabalhador “... à (condição) de máquina, a máquina pode enfrentá-lo como concorrente” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 27). Além de transformar o homem numa máquina, produziu sua concorrência que “... tal, como o acúmulo de capital aumenta a quantidade da indústria e, portanto, de trabalhadores, essa mesma quantidade da indústria traz, através dessa acumulação (Accumulation), uma grande quantidade de obras malfeitas (Machwerk) que se torna sobreprodução (Überproduktion) e acaba: ou por colocar fora (da esfera) do trabalho uma grande parte de trabalhadores, ou por reduzir o seu salário ao mais miserável mínimo” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 27).
A argumentação acima é alarmante na época de Karl Marx, mas uma constatação em nossos tempos, que privilegiam a acumulação do capital com tecnologia e inovações, por meio, do mercado financeiro competitivo, concorrente e corrupto que desvaloriza o trabalhador, objeto de troca com um preço cada vez mais reduzido, ou seja, uma mercadoria transformada em uma classe de escravos.
Contudo, a conversa se agrava quando encontramos o seguinte argumento: “..., uma vez que, segundo Smith, uma sociedade em que a maioria sofre não é feliz, mas uma vez que a situação mais rica da sociedade conduz ao sofrimento da maioria, e que a economia nacional (de maneira geral, a sociedade do interesse privado) conduz a esta situação mais rica, (deduz-se que) a infelicidade da sociedade é a finalidade da economia nacional” (Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos, 2004, 28).
Essa é a fotografia da sociedade brasileira – a foto de uma sociedade em que a maioria trabalhadora sofre em detrimento dos poucos ricos que subsiste como uma elite sem projeto de nação, mas que usa dos benefícios públicos para engordar os seus bens privados e alargar a desigualdade e a injustiça social que joga o nosso Brasil num buraco de explorações, roubo e lamaçal de sujeira, que usa a máquina estatal e desvaloriza o seu trabalhador ao vender a sua própria dignidade.

Daner Hornich é Mestre em Filosofia e doutorando em filosofia (PUC –SP),
Professor

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