Saturday, October 07, 2006

Qual a diferença entre os dois candidatos?

Qual a diferença entre os dois candidatos?

Perguntas pertinentes surgem no cenário político, de modo especial no imaginário popular brasileiro. Após a visita do esperto quase morto pelas urnas do Estado do Rio de Janeiro, o senhor Garotinho – nosso Ulisses moderno – com sua esposa e filha que usava uma camiseta, com os dizeres: “Fora Lula”, nos conduz a pensar sobre algumas questões.
Pra quem passou o primeiro turno das eleições 2006 falando de ética e provocando seus adversários para agirem com as mãos limpas na administração pública, mas recebeu o malandro Garotinho acusado de mil e uma coisas no Estado do Rio de Janeiro, num esquema de corrupção que ultrapassam as cifras dos mensalões da federação brasileira, deixam em dúvida os eleitores, cidadãos brasileiros.
Antes mesmo de ser eleito o presidenciável paulista do Vale do Paraíba conversa em uma reunião de horas em seu gabinete com um corrupto que degrada a vida pública, por meio, dos favores, das ações fraudulentas e delinqüentes, como o propinoduto. Imaginemos depois de eleito com que esse presidenciável vai conversar para governar o país – será o nosso novo Lula sem barba e careca?
Sobre o nosso presidenciável que se diz ético e que age de mãos limpas em relação à administração pública (mas se encontra com o ícone da corrupção do Rio de Janeiro) é o mesmo que não deixou criar comissões de investigações no Estado de São Paulo, desde o caso da acupuntura até o caso da Nossa Caixa Nosso Banco.
O discurso do santo médico imaculado põe em dúvidas ou deixa em suspense a transparência ética do “vale paraibano” no que diz respeito ao trato com a coisa pública, a democracia e os bons costumes – em síntese não temos nem anjo e nem demônio, mas homens passíveis de corrupções na direção do Estado Democrático de Direito Brasileiro, mas com o povo como sensor.
Sem aprofundar muito sobre o problema político surgem as seguintes questões nesse momento trágico da vida política brasileira: Qual a diferença entre os dois candidatos? Qual a diferença entre os projetos dos dois candidatos? Serão os dois candidatos faces da mesma moeda? O que vamos ver e ouvir nos debates da TV – promessas que serão diferenciais para o desenvolvimento sustentável e econômico e que a educação e a saúde vão ser o carro condutor do governo? Ou vamos escutar que a nossa fome de pão e de beleza vai ser saciada com menos corrupção, escândalos e falcatruas?
Algumas questões vão ser debatidas, outras vão ser deixadas de lado, principalmente, aquelas que dizem respeito aos nossos problemas de desigualdade (entre trabalhadores qualificados e não qualificados, pra não falar da desigualdade física e moral), da educação para a técnica, tecnologia, ciência e a arte e dos desníveis das sociedades ricas comparando-se as classes mais pobres da nação que fica cada vez mais miserável.
Sobre esses assuntos vale o alerta e a provocação de Rousseau (1712 – 1778): “O povo, por si, quer sempre o bem, mas por si nem sempre encontra. A vontade geral é sempre certa, mas o julgamento que orienta nem sempre é esclarecido. É preciso fazê-la ver os objetos tais como são, algumas vezes tais como eles devem parecer-lhe, mostrar-lhe o caminho certo que procura, defendê-la da sedução das vontades particulares, aproximar a seus olhos os lugares e os tempos, pôr em balanço a tentação das vantagens presentes e sensíveis com o perigo dos males distantes e ocultos” (Do contrato Social, 1978, 56).

Daner Hornich – Mestre em Filosofia (PUC – SP)

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Militares, ciências, Educação Popular.

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