Sunday, December 23, 2007

Vivemos em tempos de Jean Calas

Saiu na folha de São Paulo
São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007


Outro caso de tortura é investigado em Bauru
Construtor denunciou em março que policiais civis da cidade o torturaram com choque por suspeitar que ele fosse seqüestrador
Cidade é a mesma onde jovem morreu no último sábado, após levar choques de policiais militares; caso está no Ministério Público
TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

Antes de o garoto Carlos Rodrigues Júnior, 15, morrer torturado com choques após ser abordado por policiais militares, um outro morador de Bauru (343 km de SP) já havia denunciado abusos similares por parte da outra polícia, a Civil.
O construtor civil André Luiz Araújo Costa, 37, registrou um boletim de ocorrência na Corregedoria da Polícia Civil dizendo ter sido vítima de agressões e choques por todo o corpo por seis horas em 29 de março.
A Secretaria da Segurança Pública disse que a corregedoria abriu inquérito para investigar o caso, que foi enviado em agosto ao Ministério Público Estadual. Procurado ontem à noite, o Ministério Público afirmou não ter como levantar informações àquela hora.
A reportagem achou Costa. Ele disse que policiais à paisana o abordaram em casa dizendo que precisavam reparar uma válvula. Ele afirma ter sido posto em um Fiesta prata, ter tido um capuz colocado na cabeça e ter sido levado a um local que, descobriu depois, ser a sede do Deinter-4 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior).

Seqüestro
O construtor disse que os policiais repetiam que ele tinha envolvimento em um seqüestro cujo cativeiro foi em uma chácara onde trabalhou. "Eles me sufocaram, colocaram um saco preto na minha cabeça e falaram que eu tinha matado uma criança, tinha seqüestrado", afirmou.
"Depois, eles me deram chutes, socos e pegaram o que parecia jornal enrolado, molharam e bateram no meu corpo. Aí, pegaram uma máquina de dar choques e deram no meu pescoço, atrás da orelha, na palma da mão, sob a unha, na sola do pé e na virilha."
Segundo Costa, os policiais ainda o ameaçaram e disseram que entrariam na casa dele à noite se ele contasse para alguém o que tinha acontecido. "Eles diziam que, se me matassem, não tinha problema porque ninguém tinha me visto sair de casa com eles."
O construtor civil disse que contou o que aconteceu no dia seguinte a um amigo, o investigador particular Luiz Castro.
Castro, 47, afirmou ontem que, depois, também levou socos e pontapés de policiais.
À Folha ele disse que os policiais tinham um mandado judicial para revistar a residência. Ele diz que os policiais descobriram o fato porque o telefone de Costa estava grampeado.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2012200710.htm

Comentário: Vivemos em tempos de Jean Calas, isto é, em tempos de intolerância, injustiça, impunidade e truculência policial.

No comments:

Militares, ciências, Educação Popular.

A pandemia atual expõe a falácia de alguns dogmas sobre a pós modernidade, ela mesma integra a lista dos enunciados falsos de evidências lóg...