Thursday, March 17, 2016

O frenesi da nova direita faz o PT arriscar tudo

O frenesi da nova direita faz o PT arriscar tudo

“Na rádio CBNMerval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg pregam abertamente o impeachment ao invés de um parlamentarismo capenga. Julgam ser melhor um governo Temer para depois se retirar da política. Comparam-no aItamar e afirmam que o vice fará as "reformas " que o Brasil precisa. É o golpe branco sendo debatido em alto e bom tom, sem pudor. Querem vender tudo e rasgar os direitos constitucionais. A Globo não está brincando e não deixa de ser bem feito. Reboquismo e pacto de classes dá nisso. Não adianta sair com o vampiro e depois reclamar que ele quer o seu sangue”, escreve Bruno Lima Rocha, profesor de Relações Internacionais.
Segundo ele, “só a luta popular faz valer e ampliar os direitos coletivos. O reboquismo é o caminho mais rápido para o abismo e a derrota ideológica. Em todos os sentidos: 54 e 64 nunca mais”.
Eis o artigo.
Estamos diante de um momento crítico, onde as forças populares estão realmente sem uma base sólida por onde arrancar, e ainda pendentes do canto da sereia do eleitoralismo - por dentro e por esquerda do governo -; enquanto o governo Dilma, em sua segunda edição, é uma soma estranha de um grupo de confiança com aspirações próprias dentro do partido - como Miguel Rossetto e Jaques Wagner -, além de uma subordinação à base oligárquica do governo, comandada por Renan Calheiros e Sérgio Cabral Filho, ambos à frente do PMDB que se impõe em escala nacional.
Uma possibilidade de reação da base lulista com o próprio à frente é explicitar a punição seletiva da Polícia Federal e doMinistério Público, que investiga tudo em torno de Lula e Dilma (no meu entender, investigações corretas) e nada deFHC e Cia., onde abundam evidências e, no mínimo, situações concretas para notícias-crime. Mesmo apanhando todos os dias, o ex-sindicalista que segundo o próprio nunca fora de esquerda, ainda é a opção de projeto de poder do partido onde ele é o único ator individual com poder de veto e imposição de vontades, ao arrepio da organicidade e à revelia da democracia interna.
Quando o partido de governo se assemelha com os piores adversários do passado
Venho afirmando o óbvio em distintas dimensões. Creio que é consenso até entre a esquerda restante da base do governo, que o país se inclinou em demasiado para uma expansão do consumo, a acomodação de forças, as garantias das margens de lucro de empresas permissionárias e concessionárias e, para o jogo duro no Sistema Internacional, primarizou a economia brasileira.
Quem mandou engavetar a CPI do Banestado e a Operação da Federal que deu base para as investigações?
Quem mandou melar as operações Chacal e Satiagraha?
Quem mandou melar a investigação da Lista de Furnas?
Quem mandou escantear o delegado Castilho e mandou o perito da Federal que apurou as contas do Banco Araucáriaem NYC para a geladeira?
Quem mandou melar a Satiagraha e querer morder também no esquema de Dantas, o primeiro da lista do tucanato?!
Quem mandou manter o esquema de mídia dos governos anteriores, jorrando recursos para dentro do PIG 1?
Quem mandou fazer coro com a direita? Agora leva de novo. A condução coercitiva de hoje é por querer ser igualzinho aos antigos inimigos de classe.
Como vão criminalizar as doações eleitorais de 2014 se o cartel das empreiteiras doou para ambas as chapas? Lula se comporta igualzinho a FHC durante e após a saída do cargo. Mas, o príncipe da Sorbonne é mais malandro e escapa. A gente sabe, mas não se investiga. Dossier Cayman 2Fundo Opportunity Cayman, apto em Paris de 11 milhões de euros, Fazenda Nova e favores sem fim para Paulo Henrique Cardoso, seu filho. Agora estoura o que todos já sabíamos, com o pagamento de pensão para seu filho com Mírian Dutra, ex jornalista da Globo em Brasília e enviada pela emissora para Barcelona. E Lula apoiou FHC para o Senado, em 1979. Bem feito.
Subtítulo
A cova brasileira se dá por uma série de fatores, mas esta é muito mais rasa do que os coveiros midiáticos e "especialistas do mercado financeiro" gostariam que fosse. A eterna maldição da relação dívida-PIB aumenta na medida em que a taxa da Selic não baixa - ficou em 14,25% de novo, através do quase auto-governo do Copom. Enquanto isso, os coveiros exigem o aumento permanente da Selic e a liquidação de tudo. Tentam fazer recordar a recessão de 1990 e 1992, mas se equivocam, pois neste período havia hiperinflação, e em 2009, o Brasil foi defendido por medidas anticíclicas. O problema não é a recessão hiperinflacionária, que não vai voltar, mas a recessão com inflação com algum grau de controle, como foi o período FHC, em especial a partir da fraude da reeleição de 1998, com o estatuto da reeleição durante o mandato de Fernando Henrique, através de compra de voto no Congresso. Em 1999, quando chamaram a raposa para tomar conta do galinheiro, com Armínio Fraga à frente do Banco Central, o real (R$) foi desvalorizado em três pontos perante o dólar, e em 2002, atingiu a relação 4 por 1 - a mesma que temos agora.
A pregação do austericídio dentro e fora do segundo governo Dilma Rousseff, a fala permanente dos coveiros do caos e o ambiente político forçosamente complicado está levando ao governo atual a fazer as piores escolhas, todo o tempo. A inflação que tivemos em 2015 através de preços administrados é algo próximo da traição à confiança do povo, confiança esta cada vez menor e, seguidamente, anunciada como a última bandeira a ser atirada ao piso. O caminho da próxima trairagem está na "reforma" da Previdência, a mesma medida parcial que Lula tomou em agosto de 2003 e culmina com o racha da então esquerda de seu partido, dando a partida definitiva na criação do PSOL.
Os coveiros estão babando e vendo a possibilidade de atingirem seu alvo estratégico: as garantias e direitos coletivos existentes na Constituição de 1988 mas, que de fato, o Estado brasileiro não atende e, no que depender da direita política que não ganhou na urna, vai atender cada vez menos. No caso da direita que saiu vitoriosa, é possível que Dilmarasgue todo o seu programa e promessas de campanha, com o intuito de sobreviver politicamente e terminar o mandato. Quando se governa com a direita é a direita quem governa.
A elite vira-lata e seus seguidores massificados pela agenda midiática
O governismo catalisa a histeria anti-popular da nova direita. Coxinha não derruba governo, os oligarcas do PMDB talvez. O alvo da oposição é rasgar os direitos de 4ª geração e todas as garantias que são conquistas constitucionais. Para isso, o moralismo lacerdista opera muito bem. Porém, depois do último domingo, 13, o bloco neo-varguista está na rua, defendendo - e com alguma razão -, o mal menor diante da arriscada aventura dos udenistas pós modernos. Para garantir 2018, Dilma tem de sobreviver e até lá salve-se quem puder. Nesta negociação permanente, pode ir para o ralo uma parte considerável de nossos direitos. Este governo não é de esquerda e Lula tampouco. FHC é o espelho retorcido do ex sindicalista, mas é malandro e não deixou na reta.
Impeachment é manobra da direita que perdeu, mas não há como defender este governo e, menos ainda, o sindicalista que nunca foi de esquerda, segundo o próprio. Tem de ser dito, em alto e bom som: Lula, o PT e seus aliados são indefensáveis por um ponto de vista militante e por esquerda. O ex presidente é um líder político que faz acordo com o capital nacional e troca a luta do povo pelo pleno emprego. No caminho, ele e sua trupe mudam de forma de vida e terminam mimetizando o comportamento do inimigo de classe e do adversário político. Lula só pode ser reivindicado pelo que representou nas décadas de 80 e 70. Agora, Luiz Inácio da Silva é uma pilhéria de si mesmo. É preciso barrar o avanço da direita, mas esse ícone do novo peleguismo deve ficar bem longe da esquerda restante.
vira-latismo está passando dos limites da menor racionalidade. Já conheci histórias de fracasso, mas a elite brasileira não tem a menor vocação para projetar poder. Aqui, não dá nem para ser pelego e bem intencionado. A meta é liquidar direitos, abocanhar o Poder Executivo e cumprir a agenda da Embaixada dos EUA. Não dá para ficar no reboquismo do pacto de classes do lulismo. Menos ainda aderir à direita que perdeu na urna. Pela base e por esquerda, na América Latina e no Brasil, o povo e a classe são uma só força forjada em mais de 500 anos de resistência.
Manipulação midiática, autonomia e ambição de poder do MP. Esta ópera bufa do lulismo em decadência é também fruto da utopia pelego stalinista de buscar uma burguesia nacional a qual servir. Síndrome de Estocolmo e abandono da luta popular. Vargas ao menos se matou, Jango foi "responsável" e se mandou, tal qual o PCB que não tinha um dispositivo anti-golpe. Agora é tudo de novo, mas em 4ª geração. O populismo sempre rói a corda, tal qual os demais segmentos do pacto de classes. Agora é com a gente. Defender os direitos e frear a agenda da embaixada dos EUAimpulsionada pelos vira latas coxinhas.
A Globo, a conspiração e a solução do vampiro
Na rádio CBNMerval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg pregam abertamente o impeachment ao invés de um parlamentarismo capenga. Julgam ser melhor um governo Temer para depois se retirar da política. Comparam-no a Itamar e afirmam que o vice fará as "reformas " que o Brasil precisa. É o golpe branco sendo debatido em alto e bom tom, sem pudor. Querem vender tudo e rasgar os direitos constitucionais. A Globo não está brincando e não deixa de ser bem feito. Reboquismo e pacto de classes dá nisso. Não adianta sair com o vampiro e depois reclamar que ele quer o seu sangue.
A liderança da direita ideológica está mobilizando a sua base através de um happening midiático. É uma orgia de auto-elogio. A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) ganha nova roupagem na onda das "revoluções" laranjas; não dá para se assustar, e sim passar o recibo após mais de uma década de acordos espúrios e abandono de posições minimamente defensáveis pela ex-esquerda no poder. O agente econômico brasileiro não tem vocação de poder externo; é a crise do modelo de aliança capital-trabalho. Por esquerda ainda há um largo caminho a percorrer.
Não se trata de defender este governo composto por traidores de classe, mas sim - e primeiro - combater o avanço das teses neoliberais e a agenda do capital transnacional. Não há contradição entre combater a direita que perdeu na urna e jamais se aliar aos aliados dos genocidas e cartéis brasileiros. É necessário enfrentar o golpe da Globo e da Embaixada dos EUA; deslegitimar a intermediação dos governistas e pelegos que fizeram acordo com o andar de cima; construir uma política debaixo para cima, com o protagonismo de quem milita e não de quem usurpa o esforço coletivo da maioria; criar uma plataforma de reivindicações e construção permanente para garantir que nosso poder não seja moeda de troca em negociações impublicáveis. Só a luta popular faz valer e ampliar os direitos coletivos. O reboquismo é o caminho mais rápido para o abismo e a derrota ideológica. Em todos os sentidos: 54 e 64 nunca mais.

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